Capítulo XXII - Querido Graham,

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  — Oh, Hunt! Graham é uma criança tão quieta! E está ficando cada vez com os melhores modos, jamais irei me arrepender de ter investido no senhor e neste menino há um tempo atrás, sabia que não iria me decepcionar. — Mr. Hope encarava com um sorriso o rosto de Hunt Pigeon que tinha os joelhos inquietos na espera da resposta que foi lhe dada. Seus olhos analisavam cada detalhe do escritório do homem. Tinha livros espalhados por todo canto, e não podia acreditar que teria lido ao menos metade deles no período de um ano. Neste mesmo período iniciara uma faculdade, e nunca imaginou que um dia teria esta oportunidade, se não fosse pelos Hope  que viram em sua personalidade um potencial, e tinha consciência que não estava alí por mérito próprio. Não era mais um operário, ou um jardineiro, era um homem de financias, e só aceitou as cortesias de seu patrão com o fim de dar uma vida digna para Graham, desde o dia que decidiu registra-lo como um Pigeon. Era um homem pobre, mas que fazia de tudo para ter ao menos um legado a deixar para aquela pobre criança, a criança que um dia teve o destino de trabalhar em fábricas quando tivesse seus 4 anos e só parar aos 30 quando viesse a falecer por conta da fuligem, agora seu pai planejava que em torno de quatro anos ele ainda estivesse vivendo uma infância propriamente dita, e lhe dar tudo que nunca teve, para um dia ser soprado para longe, mas valia a pena cada gota de suor, todo o conhecimento que obteve em tão pouco tempo, o sorriso de Graham o cortava em mil pedaços, mesmo que tivesse de dividir o filho com Jenny,  estava satisfeito em estar alí, presente, como seu pai nunca esteve.

  Saiu daquele escritório com um sorriso de satisfação. Ele conseguiu, só precisava daquela aprovação de Mr. Hope para que finalmente tivesse a confirmação que jamais voltaria a morar naquele velho bairro, que jamais estaria situado em um ambiente hostil, desde os primeiros passos de Graham prometeu para si mesmo que nunca deixaria seu filho pisar naquele ambiente hostil. Estudava direito em sua casa, Mr. Hope planejava fazê-lo seu futuro advogado, sabia que estava indo bem com as leis, sabia que saberia lidar com tudo aquilo, mesmo que paresse demais de vez em quando, ele estava feliz em poder colocar em sua casa todas as coisas que um dia produziu e pensou que nunca teria dinheiro o suficiente para comprar.

— Onde está Graham Ms. Sophie Hope? — Perguntou assim que desceu as escadarias em direção a sala de estar.

— Ah, está com Mindy e mamãe na sala de música, estão fascinadas com o modo que anda desajeitado! Ele é adorável, Mr. Pigeon, o senhor está fazendo um papel incrível como pai, sei que anda preocupado ultimamente pois tem tido brigas constantes com Jenny. — Confortou o homem com seus olhos brilhantes que fariam qualquer um ter as forças renovadas, e fez o sorriso em seu rosto se tornar mais largo.

— Nunca duvidei de Ms. Abbot quando dizia que a senhorita tem uma das almas mais puras que já conhecera! — Caminhou com ligeireza até a sala de música onde deveria estar seu filho e foi recebido com alegria pelas mulheres que o cercavam como se fosse o mineral mais precioso, quando estava apenas balbuciando as poucas palavras que sabia falar.

— É uma pena que o senhor chegou! Não me leve a mal, Mr. Pigeon, mas eu estava me divertindo muito com Graham! — Mrs. Hope carregava o mesmo brilho no olhar de sua filha, e era contagiante a felicidade que emanava em cada palavra dita. Hunt pegou a criança que a mulher trazia em seus braços. Ouviu ele falar algo como "Papa-" e as mulheres soltaram um "Awn!" em resposta a cada ação vinda daquela pequena criatura. Sua doce criatura. Orgulho não era a palavra que procurava em seu vocabulário quando via um sorriso surgir naquela boca desdentada; Havia muito mais dentro de seu coração naquele momento, estava dedicando todos os dias de sua vida para Graham, olhe; Seu filho! Não acreditava que um dia pensou em negar ser seu pai, não acreditava que um dia a paternidade não fora o que sempre quisera; Ele havia nascido para aquilo!

— Certo dia vi Hannah entretida com ele, seria uma ótima madrasta, tenho certeza, Hunt, não entendo porque nunca deu a ela a devida atenção, sabe que sempre estará caindo em paixões pelo senhor. — Mindy exclamou enquanto organizava alguns brinquedos que haviam sido trazidos pela criança.

Victoria | Completo Donde viven las historias. Descúbrelo ahora