[2] Nothing Like Us

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O carro para no estacionamento da BigHit e eu me apresso em descer e ir direto para a sala de prática.

Chegando lá, ligo as luzes e vou até a caixa de som para plugar meu celular a ela. Coloco Nightmares para tocar e começo a dançar, no improviso mesmo, me envolvo com a música e no meio da dança minhas lágrimas escorrem, mas continuo a dançar porque eu sei que isso vai ajudar.

Mas não ajuda. Meu peito ainda dói, o tipo de dor que a gente não pode curar, só podemos nos conformar com ela e senti-la.

Depois de alguns minutos começo a me lembrar da vez em que eu e Jimin ficamos até tarde preparando um dueto de Own It, aquele foi um dos melhores momentos que passamos juntos. Só nós dois e as batidas irregulares do meu coração.

Naquele dia Jimin me olhava diferente, olhava para mim da forma que eu sempre olho para ele. Por alguns momentos eu pude me iludir com o fato de que ele poderia estar sentindo o mesmo que eu, mas logo eu percebi que era só uma ilusão que eu estava criando para mim. As vezes eu penso que eu devo ser muito masoquista para estar sempre me machucando tanto com as coisas que eu sinto e ainda assim senti-las.

Já faz quase uma hora que eu estou aqui e eu ainda não parei de dançar. Meu celular está tocando músicas de uma playlist em modo aleatório e quase todas são meio tristes, mas com batidas incríveis e perfeitas para mim dançar enquanto choro. No momento eu estou dançando ao som de Prey e minhas lágrimas não rolam mais pelo rosto.

Miro meu reflexo no espelho enquanto danço e percebo que meu solo no modo aleatório e improvisado está relativamente bom.

Fecho meus olhos e continuo a dançar. Quando percebo que já deve ser muito tarde, vou até meu celular para ver as horas e já são quase quatro e meia da manhã. Resolvo ir embora para casa.

Desligo tudo e, como não quero chamar o motorista a essa hora, até porque o moço tem família, eu pego um táxi mesmo e vou para casa.

Quando ele estaciona em frente ao prédio eu pago a corrida e saio do carro. No saguão comprimento o porteiro e vou até o elevador, quase caindo pra trás de susto quando as portas abrem e dou de cara com um Jimin parecendo muito preocupado.

Ele me olha e eu o olho de volta, então ele me puxa para dentro do elevador e espera até que as portas da caixa metálica se fechem para então explodir:

ㅡ ONDE VOCÊ TAVA CARALHO? ㅡ Pergunta gritando.

ㅡ Eu tava na empresa, praticando.

ㅡ ATÉ AGORA JUNGKOOK? ㅡ Ele fala e lágrimas escorrem de seus olhos ㅡ Eu fiquei preocupado com você.

ㅡ Desculpa ㅡ Falo, com a voz embargada por ele estar chorando ㅡ Eu não percebi que estava lá por tanto tempo até olhar no celular e ver que horas eram. Eu não quis te preocupar Chim.

ㅡ Eu sei que você não quis, mas eu fiquei muito preocupado ㅡ Ele diz ㅡ Pensei que alguma coisa tivesse acontecido com você.

O elevador para e abre as portas no andar do nosso apartamento.

ㅡ Eu só precisava me distrair ㅡ Falo, saindo do elevador.

ㅡ Você praticamente fugiu daqui Jungkook ㅡ Ele fala, saindo do elevador e indo até a porta do apartamento para destrancá-la ㅡ E você estava chorando, estava chorando quando saiu e chorou depois, suponho que estivesse chorando até agora. Eu sei que tem algo errado Kookie e sei que não vai me contar o que é, mas eu estou aqui e quando você chorar no seu travesseiro a noite, saiba que eu vou estar lá para você, mesmo que você não queira, mesmo que você não fale nada, eu vou estar lá para você ㅡ Ele entra no apartamento e suspira antes de dizer ㅡ E quando eu te perguntar se você está bem, não faça como faz com os outros, não minta para mim, você tem o direito de não estar bem.

Jimin vai em direção ao quarto que divide com Hobi hyung e eu vou em direção a cozinha, pegar um copo de água, mas não consigo beber nem um gole, porque me obrigo a correr até o banheiro quando o vomito me sobe a garganta.

Eu estou vomitando pela terceira vez nessa semana, por causa do stress.

Quando vomito o suco gástrico e sei que mais nada vai pedir passagem por minha garganta, me recosto ao box do chuveiro enquanto escorrego até estar sentado no piso frio.

Jimin entra no banheiro com a expressão novamente preocupada e eu só levanto meus olhos até os seus para então deixar uma lágrima rolar por minha bochecha, mas nenhuma outra veio depois, ela deixou seu rastro solitário por minha pele. Solitária, assim como eu tenho me sentido.

Jimin, sem se importar com o fato de eu ter acabado de vomitar, vem até mim e se agacha para me abraçar.

ㅡ O que houve com você Kookie? ㅡ Ele pergunta ㅡ O que está acontecendo?

ㅡ O problema é não estar acontecendo Jimin, esse é o problema.

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Acordei no chão do banheiro abraçado a Jimin e me perguntando o porquê, até lembrar de como peguei no sono em seus braços enquanto ele fazia carinho em meus cabelos.

Jimin não sabia o que eu estava sentindo naquele momento, não sabia qual era o problema e mesmo assim ficou comigo ali, no chão do banheiro até adormecermos.

Eu não sei como me sinto em relação a tudo isso. Eu nunca soube como agir em relação aos meus sentimentos sobre Jimin e ultimamente as coisas tem piorado por causa do acúmulo de stress do trabalho e tudo que vem junto da carreira de idol.

Pego meu celular que está no bolso do moletom e vejo que são cinco e meia, ou seja, hora de acordar pra sair daqui as seis e ir para a empresa.

ㅡ Chim ㅡ Cutuco Jimin dentro de seu abraço ㅡ Ei, nós temos que acordar.

ㅡ A gente só dormiu meia hora ㅡ Ele diz, sonolento.

ㅡ Eu sei, mas está na hora de acordar ㅡ Falo e ele abre os olhos ㅡ A gente escolheu ser idol, a gente arca com as consequências de ter uma carreira ㅡ Meu sorriso é triste ao dizer isso.

ㅡ Pense pelo lado bom ㅡ Ele diz ㅡ Nós sete não teríamos nos conhecido se não fosse por isso, nós não seríamos uma família se não fosse a loucura de todos nós compartilharmos do mesmo sonho, juntos.

ㅡ Eu agradeço todos os dias por ser louco o suficiente para ter sonhado ser um artista e ter conseguido realizar esse sonho, por que graças a minha loucura eu tenho vocês.

Jimin sorri e nós nos levantamos. Ele vai para o quarto que divide com Hoseok e eu fico no banheiro para tomar um banho.

Deixo a água escorrer pelo meu corpo, limpando todo o stress das últimas horas.

Saio do banheiro somente com a toalha enrolada na cintura e quando Jimin está saindo de seu quarto, esbarra em mim sem querer, espalmando as mãos em meu peitoral.

Uma corrente elétrica pareceu percorrer meu corpo e eu fiquei sem graça, Jimin também pareceu meio atrapalhado e foi em direção ao banheiro sem falar nada.

As coisas estão mais difíceis a cada dia. Esconder o que eu sinto está mais difícil a cada dia.

Vou até meu quarto e me arrumo, me preparando para encarar mais um dia dentro da minha gaiola particular.

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