[7] Prey

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Acordei me sentido estranho pois não sinto mais Jimin em meus braços.

Me sento na cama procurando-o pelo quarto e me assusto ao ouvir sons estranhos vindo do banheiro. Me levanto rápido e quase corro até lá, parando na porta quando vejo Jimin agachado ao lado do vaso depois de vomitar.

Quase como a duas semanas atrás, mas agora os papéis estão invertidos.

ㅡ Ressaca é uma merda ㅡ ele fala então.

ㅡ Você está bem? ㅡ pergunto preocupado.

ㅡ Se você se refere a questão de vomitar e sentir minha cabeça rachando, eu vou ficar bem depois de comer alguma coisa ㅡ suspira se levantando e passando direto por mim para ir até sua mala ㅡ quanto a todo o resto, sua rejeição é algo com o qual eu já aprendi a lidar.

ㅡ Eu não estou te rejeitando ㅡ declaro, porque ele precisa saber disso ㅡ eu não seria capaz de te rejeitar, mas você sabe o que aconteceria.

ㅡ Não use desculpas ㅡ Jimin me olha sério ao dizer ㅡ se você não gosta de mim como eu gosto de você, está tudo bem. Você não tem a obrigação de ser recíproco.

ㅡ NÃO É ISSO! ㅡ eu grito, porque eu estou muito puto pela forma como ele está agindo ㅡ VOCÊ NÃO PODE CHEGAR AQUI BÊBADO DIZENDO QUE GOSTA DE MIM E ESPERAR QUE EU CONSIGA ACREDITAR NISSO ENQUANTO EU NÃO SEI LIDAR COM AS COISAS QUE EU SINTO! ㅡ passo as mãos pelos meus cabelos e suspiro antes de completar: ㅡ Eu não sei falar sobre sentimentos, eu não sei expressar o que eu sinto com palavras e eu não sei lidar com... Aish! Eu só não sei lidar, ok?

Não espero que Jimin responda, simplesmente dou as costas a ele e saio do quarto, mesmo que eu ainda esteja com a mesma calça e o moletom com os quais dormi.

Eu só preciso sair daqui, preciso pensar, preciso espairecer e, no momento, preciso ficar longe de Jimin, porque não consigo pensar em tudo que aconteceu desde a nossa discussão ontem quando meu coração insiste em bater como se fosse saltar para fora do peito por tudo que eu quero dizer a Jimin.

Mas eu não posso dizer. Porque me declarar só pode trazer duas coisas: problemas e decepções.

Não só para mim e para Jimin, mas para o nosso grupo. Afinal, nós temos um compromisso como artistas.

Com compromisso eu quero dizer aquela merda de contrato.

Suspiro tentando me controlar, porque minha mente vai e vem em várias coisas diferentes. Em um minuto eu estou pensando em tudo que eu gostaria de viver com Jimin e no outro eu estou querendo matar a mim mesmo por pensar nesse tipo de coisa sabendo que nenhuma delas pode acontecer.

Eu devo ser muito masoquista para gostar tanto assim de me torturar.

Parado em frente ao elevador esperando que ele chegue ao meu andar a primeira lágrima escorre. Quando as portas do elevador vazio abrem a primeira coisa que eu faço é entrar com rapidez para logo apertar o botão do andar do saguão. Puxo o capuz do moletom para cobrir meu rosto, afinal, eu não quero ser reconhecido e acabar virando matéria de alguma revista qualquer sobre as fofocas do "mundo dos idols".

Imagina que tabloide seria: "Um dos membros do BTS, Jeon Jungkook, foi visto em Tokyo chorando igual a um condenado".

Palmas, vivas e eba!

Ser um artista sempre foi meu sonho e eu não me arrependo de ter seguido nesse caminho, porque eu realmente amo o que eu faço, amo estar junto dos meus hyungs para fazer o que nós amamos e alcançar nossos sonhos juntos, mas algumas coisas me deixam tão cansado as vezes.

Lembro das primeiras entrevistas que nós demos, lembro de suar frio pelo nervosismo de falar em público e parecer perfeito. Eu nunca me senti confortável com isso, a única forma em que me sentia confortável na frente de um público era cantando.

Hoje em dia eu já me acostumei com isso, não me importo mais com as câmeras e tudo mais, já consigo ser natural em frente a elas e em frente a grandes públicos.

A única coisa que não mudou foi a forma retraída com que lido com meus sentimentos e isso acaba magoando as pessoas ao redor, eu sei que magoa meus hyungs porque eles acham que não quero falar com eles sobre as coisas, mas não é questão de não querer é questão de não conseguir.

E eu sei que magoei Jimin por não ter conseguido falar o que sinto, mas eu simplesmente não consigo e isso está me corroendo por dentro.

Chego ao saguão de entrada do hotel e como não quero ser reconhecido, pego uma das máscaras que oferecem em cima da mesinha ao lado da porta (é comum que eles as oferecem, considerando que estamos no meio do inverno e o índice de poluição do ar em Tokyo esteja alto), mas quando me preparo para sair percebo que está chovendo lá fora.

O céu cinzento de Tokyo chora, parecendo partilhar dos mesmos sentimentos de desespero que eu.

Como não posso sair na chuva e simplesmente não quero voltar ao nosso quarto, eu vou até a área de recreação do hotel e me sento em um sofá que fica em um canto meio escondido, de forma que ninguém que passe por ali possa me ver, pois eu estou chorando e não é pouco.

Essa viajem era pra ser alegre e feliz e tudo que eu mais quero agora é voltar ao momento em que nós desembarcamos em Tokyo e tudo que eu sentia era euforia.

Quando a palavra me vem a mente as ideias que faltavam para eu terminar o meu solo do novo álbum me vem a mente com a velocidade de um jato propulsor, então me apresso em arranjar um papel e uma caneta com um senhor que trabalha no hotel e passou por ali e começo a escrever os versos, me perdendo e ao mesmo tempo me encontrando em cada palavra ali.

Exatamente como costumo me perder e encontrar em Park Jimin.

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