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Marco Martinelli

— Não gostei daquela cumprida, ela foi muito mal educada quando cheguei, não queria que eu ficasse de jeito nenhum.

— Ela é desse jeito mesmo. Onde ela está? — pergunto tirando meu sapato.

— Ela acabou de subir, disse que ia ver como está a Duda.

— Tudo bem, vou lá encima.

Enquanto subo as escadas tiro meu palito e desfaço o nó da gravata.

Quando vou abrir a porta do quarto, ela é aberta por Marisa.

— Você chegou! Olha Duda, seu pai chegou! — ela me dá um beijo e desce as escadas.

— Papai? — ouço a voz sonolenta da minha bebê.

— Oi meu amor, como foi à noite?

— Bem, mas estava te esperando.

— Estava esperando o papai? Mas por quê? Para isso? — começo a fazer cocegas nela e ela começa a rir desesperadamente e dá vários gritinhos.

— Para papai, para! — ela começa a chorar de rir.

— Você vai dormir agora? — pergunto arrumando a sua coberta.

— Vou, "tô" com sono! — ela coça os olhos.

— Dormi com os anjinhos, papai te ama!

— Também amo você papai.

Dou-lhe um beijo e saio do quarto.

Volto para a sala. Jogo-me no sofá ao lado da Marisa.

— Foi tudo bem na delegacia? — Marisa pergunta enquanto passa a mão no meu cabelo.

— Sim, foi uma briga na boate do meu irmão, tudo já está resolvido, mas como foi ficar aqui com a Maria Eduarda?

— Foi tudo bem, eu contei uma história pra ela, ai a campainha tocou e essa babá chegou. Porque você a mandou vir?

— Dulce é a babá da Duda desde que ela tinha um ano, e como eu sei que você não tem experiência com crianças, não quis arriscar de deixar minha filha sozinha com você.

— Esperai ai, está me dizendo que não confia em mim? — Marisa se levanta e aponta o dedo na minha cara. — Que eu iria fazer algum mal a ela?

— A minha filha é a coisa mais importante da minha vida, quando deixo minha filha com alguém é a minha vida que está na mão dessa pessoa.

— Eu nunca faria mal a uma criança.

— Não estou dizendo que faria.

— Mas é o que parece! — ela vai em direção à porta. — Estou indo embora.

— Marisa...

— Boa noite Marco!

Então ela se vai.

Minha filha vem sempre em primeiro lugar.

***

— Então filha, o que você achou da Marisa? — dependendo da sua resposta, eu vou ou não atrás da Marisa.

— Ela é legal, me contou uma história antes de dormir.

— Então você gostou dela? — ela dá de ombros.

Entendi isso como um sim.

— Você não ficaria chateada com o papai se eu namorasse com ela?

— Não! — É tudo que ela diz.

— Você quer ir para casa da vovó depois do café da manhã? — seus olhos brilham.

— Eu quero! Vou tomar banho.

Ela sobe correndo para o banheiro. Minha menina está crescendo, como vai ser quando ela tiver quinze anos?

Eu terei muitos cabelos brancos, foi assim com a Giulia, quando percebi ela estava com quinze anos e cheia de moleques correndo atrás dela, nós os colocávamos para correr.

De todos os irmãos eu sou o mais protetor e possessivo, mas não de uma forma psicótica, eu só gosto de proteger aqueles que eu amo, sempre fui assim, meus pais, irmãos, minha filha, mas não com a Marisa, não sinto essa ânsia de protegê-la, nem de estar por perto, não sou insensível, mas não me importo de não ter ela ao meu lado, não estou apaixonado por ela, nem de longe.

Nunca fui um celibatário, entretanto, depois que a minha filha nasceu e a sua mãe foi embora, eu não tinha tempo e nem vontade de me relacionar com ninguém, mas tenho minhas necessidades, então ocasionalmente tinha algumas mulheres que eu dormia, mas nenhuma conheceu a minha filha, a Marisa só a conheceu por que ficou me pressionando muito e porque eu quero que a minha filha tenha uma presença feminina em casa, não sou machista, pelo contrário, que as mulheres dominem o mundo, mas não quero que a minha filha seja parecida com a Marisa, ela é linda, mas não se valoriza muito, como a minha mãe diz, ela é muito vulgar. Não concordo cem por cento, mulheres podem usar as roupas quer quiserem, curta, decotada, colada, não me importa, mas me importo muito com a postura, não gosto de mulheres oferecidas, nunca gostei, Marisa não é completamente oferecida, mas ela foi muito insistente. Muito mesmo.

O que me fez me apaixonar pela mãe da Maria Eduarda foi exatamente isso, ela era tão simples, tão meiga, mas parece que a minha mãe tem um GPS para mulheres mau caráter. Depois que Sophia conseguiu o que queria, mostrou realmente quem é uma pessoa má e sem um pingo de amor ao próximo, a única coisa que importa para ela é dinheiro.

Marisa é bem ambiciosa, mas ela não esconde isso, nunca fingiu ser o que não é, mas ela tem o seu dinheiro, ela trabalha para isso, mas adora ganhar presentes caros. É contraditório eu sei, a minha ex ser parecida com a minha "atual", mas é justamente isso, melhor já saber como é realmente a mulher que estou me envolvendo do que ser enganado depois, eu sei que nem todas as mulheres são iguais a Sophia, mas prefiro não arriscar. Na verdade tenho certeza que não quero nada sério com a Marisa, mas vou dar mais um tempo, depois vejo o que acontece.

DEGUSTAÇÃO - Marco - Irmãos Martinelli #2Where stories live. Discover now