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Mariana Lima

Mari! Acorda amiga. — Gabi me sacode. — Vamos bela adormecida, precisa acordar para ir trabalhar.

— Obrigada! — passo as mãos no rosto.

— Você parece uma galinha. Odeio acordar cedo.

Ela ri.

— Eu sei que odeia, mas somos meras trabalhadoras que precisam trabalhar para não morrer de fome.

— Pois é. Nós precisamos de um velho rico para nos bancar. — comento.

— Muito obrigada, mas dispenso. — ela faz cara de nojo.

— Estou atrasada? — pergunto.

— Não, acordei mais cedo hoje, mas se não levantar e começar a se arrumar você vai se atrasar.

Passo por ela e lhe dou um tapa na bunda e corro para o banheiro.

Gabi e eu nos conhecemos no nosso primeiro dia da faculdade e desde então não nos separamos mais, depois que terminamos o nosso curso de Pedagogia decidimos morar juntas, ela já havia conseguido seu primeiro emprego na área logo que saiu da faculdade, e eu continuei como babá, mas há algumas semanas apareceu uma vaga na escola em que ela trabalha infelizmente uma professora teve um ataque cardíaco e faleceu e felizmente eu consegui a vaga.

Eu sempre gostei de crianças, nunca pensei em fazer outra coisa que não fosse trabalhar com elas, mas meu foco mesmo é a psicologia infantil, por isso faço curso de Psicologia a distancia, é mais barato e entra no meu orçamento sem me deixar totalmente lisa de grana, e assim poderei ajudar muito mais crianças do que somente dando aulas. E por incrível que pareça, Gabi também faz, então novamente nós fazemos faculdade juntas.

— Está pronta? — Gabi me grita da sala do nosso pequeno apartamento.

Saio rapidamente do meu quarto.

— Pronto, vamos! — trancamos o apartamento e vamos a mais um dia de trabalho.

***

As crianças estão em seu horário de recreio, todas estão brincando e correndo do lado de fora da sala, menos uma, Maria Eduarda Martinelli, ela está sentadinha no seu lugar, concentrada no seu lanche. Já faz um tempo que estou percebendo esse comportamento dela, Duda era super animada e brincava com todos, mas há umas duas semanas ela vem ficando cada dia mais reclusa, eu não estou gostando nada disso, preciso saber se está acontecendo alguma coisa com ela em casa.

Ligo o gravador do meu celular.

— Oi Duda! Por que não está lá fora brincando com seus amiguinhos? — sento-me na cadeira ao seu lado.

— Eu não quero!

— Quando eu era pequena assim igual você, se houvesse algum problema, eu contava para alguém e as coisas sempre se resolviam. — passo a mão no seu cabelo. — Você não quer me contar nada?

Ela fica calada por alguns segundos e logo me olha com seus grandes e lindos olhos verdes.

— Meu papai tem uma namorada, e sempre que não tem ninguém por perto ela fala que meu papai não vai mais gostar de mim quando eles tiverem mais bebês e vão me deixar igual a minha mamãe fez, por ninguém gosta de criança chata. — ela começa a chorar e eu a pego no colo.

— Xi! Isso não vai acontecer. Você é a criança mais legal que eu conheço e seu pai nunca irá te abandonar. — meus olhos já estão cheios de lágrimas. — Por que não contou isso para o seu pai?

— Ela disse que se eu contasse meu papai ia ficar muito triste e eu não quero que meu papai fique triste.

Ai meu Deus! Quanta inocência.

— Pode ficar tranquila, meu amor! A Mari vai resolver isso! — beijo seu cabelo e a coloco no seu lugar.

O horário de recreio acaba e todas as crianças voltam aos seus lugares, sigo normalmente com a minha aula, mas não consigo tirar meus olhos da pequena Maria Eduarda. Eu irei ter uma conversa bem séria com o seu pai, essa situação não pode continuar, e essa conversar vai ser hoje.

Marco Martinelli

Nós estávamos caminhando no shopping, quando Marisa me puxou para dentro de uma loja de suplementos, parecia que esta tendo alguma coletiva, comemoração, sei lá. Do nada uma aglomeração nos cercou e começaram a tirar fotos e perguntar um monte de coisas para Marisa, fiquei tão puto que a deixei lá e fui tomar um Milk shake.

Estou no escritório do Enrico juntamente com Lorenzo também chamado de carrapato ou GPS, pois ele sempre sabe onde estamos e vem ao nosso encontro.

— Cara, eu tenho certeza que ela sabia dessa algazarra toda nessa loja e te arrastou para lá de proposito, aquela mulher é louca. — Lorenzo comenta deitado no sofá como se estivesse na sua casa.

— E você acha que eu não sei disso? Não é a primeira vez que isso acontece. — respondo.

— Então por que diabo não termina com ela? — Enrico pergunta.

— Eu vou terminar, mas na próxima segunda!

— Essa é nova, marca dia e horário para dar um chute na bunda de alguém. — Lorenzo comenta e ri juntamente com Enrico.

— Não é isso idiota, é que temos um compromisso no domingo e não estou com um pingo de vontade de ir com um clima de termino no ar.

— Entendi!

Meu celular toca.

— Alô!

— Marco Martinelli falando? — é uma voz feminina.

— Sim, quem está falando?

— Mariana, a professora da Maria Eduarda. — logo entro em alerta.

— Aconteceu alguma coisa com a minha filha? — pergunto aflito e me levanto da cadeira, meus irmãos logo entram no mesmo clima que eu.

— Não! Mas eu gostaria de conversar com o senhor ainda hoje, se possível quando vier busca-la.

— Claro, eu estarei ai!

— Obrigada e até logo! — ela desliga.

— O que aconteceu com a minha sobrinha? — Enrico pergunta.

— Aparentemente nada, mas era sua professora, ela pediu para conversar comigo hoje, daqui a pouco na verdade. Então já estou indo.

— O escambau que vai, eu vou junto! — Enrico pega suas coisas em cima da mesa.

— Eu também vou! — vamos os três para a reunião com a professora da minha filha.

***

Estamos os três sentados na sala de aula da minha filha, enquanto olhamos para a pequena ruiva com cara poucos amigos a nossa frente.

— Por que estou me sentindo como se tivesse aprontado alguma coisa? — Lorenzo cochicha não tão baixo.

— Cala a boca! — Enrico e eu respondemos.

— Então, o que queria conversar comigo? — vou logo ao ponto.

Ela coloca a mão na cintura e me encara. Como ela é linda.

— Você deveria saber escolher melhor a sua namorada!

Como é que é? 

DEGUSTAÇÃO - Marco - Irmãos Martinelli #2Donde viven las historias. Descúbrelo ahora