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Após cavalgarem juntos pelas vastas e verdejantes paisagens da toscana durante um certo tempo, Fabrizio e Brigitte chegaram ao topo de uma colina onde a visão era de tirar o fôlego.

Não haviam muitas casas naquela região. Do alto, era possível enxergar as colinas que cercavam o local, as plantações de uva que se espalhavam pelos campos verdes e algumas estradas de terra. Era como estar em um lugar quase que intocado pelo homem, completamente diferente da capital inglesa, com seus prédios altos e carros ilimitados, disputando espaço em uma via barulhenta.

Os dois finalmente pararam em baixo de uma árvore frondosa, ali haviam alguns banquinhos rústicos, talhados em madeira, perfeitos para sentar e desfrutar da bela vista que tinham da imensa natureza ao redor.

Fabrizio parou o cavalo e a ajudou a descer, segurando em sua cintura. O corpo de Brigitte tremeu quando ficaram frente a frente, tão próximos. Então ele tomou a sua mão entre as dele e ela pôde sentir a pele masculina e calejada do trabalho árduo da fazenda sobre a sua pele macia e nesse momento esse gesto lhe pareceu algo quente e sensual. Ela não queria, mas, não conseguia deixar de imaginar aquelas mãos pelo seu corpo.

Ainda segurando a sua mão, o fazendeiro a guiou até mais próximo da árvore e ao se aproximarem, Brie notou que também havia uma casa da árvore no local.

- que lugar lindo! É sua casa da árvore?– perguntou, olhando para cima e avaliando o local.

A casa não parecia grande vista dali, mas era de uma madeira muito resistente, assim como os banquinhos rústicos, na parte de baixo. Tudo estava cuidadosamente envernizado, como se alguém realmente mantivesse aquele local isolado do mundo, para si.

- é sim. Meu lugar favorito quando era criança, e pra falar a verdade, continua sendo até hoje. Antes eu vinha aqui pra brincar e hoje eu venho pra conversar com Deus.

- o quê?– ela não sabia exatamente o que pensar sobre essa informação, nunca antes tinham abordado esse tipo de assunto e suas experiências anteriores não foram das melhores.

- sei que você tem um irmão religioso que te magoou e a acusou de não ter Deus dentro de você Brie.– disse ele, como se estivesse lendo os seus pensamentos.– Mas eu sei que isso é impossível. Eu olho pra você e vejo uma mulher tão frágil e tão boa. Eu sei que existe muita luz guardada dentro de você. Vamos subir?

Brigitte olhou para escada que levava até o interior da casa e subiu devagar com medo de quebrar alguma coisa, no entanto, ao olhar pra trás e ver que Fabrizio fazia o mesmo, tendo mais que o dobro de seu tamanho ela se sentiu um pouco mais segura.

Lá em cima, a casa era maior do que aparentava olhando de fora, ela até conseguia ficar em pé, mas Fabrizio teve que se abaixar. Ela tinha uma pequena varanda com uma vista de tirar o fôlego, que prendia os olhos de quem se atrevia a olhar.

- eu não sabia que você era religioso.–ela disse, enquanto sentava no chão de madeira, sem parar de admirar a paisagem.

- quando você mencionou o seu irmão eu fiquei com receio de contar e você me interpretar mal. Eu não penso como ele, eu sei que você está doente Brie, e que não é sua culpa, do mesmo modo que quando meu pai teve um ataque cardíaco não foi por ele não ter Deus dentro de si. Mas, assim como a fé do meu pai o ajudou a superar, eu espero que a minha, de alguma forma, também te ajude.

A convicção com que ele falava, tornava mais fácil de acreditar que dessa vez ela iria realmente superar aquilo. Seria possível?

- então... como você encontra Deus aqui?

- você não consegue ver ele? Olha essa natureza imensa, tudo o que há de mais belo ao redor de nós dois, as árvores ganhando vida a partir de uma única semente, até a forma inexplicável que nos conhecemos e nos aproximamos...  eu vejo ele em tudo isso. E quando venho aqui, eu olho pra tudo isso e converso com ele.

- pessoas como o meu irmão, não entendem que suas atitudes julgadoras afastam ainda mais alguém que está ferido.– disse desviando os olhos da paisagem pela primeira vez e focando nos olhos do homem incrível ao seu lado –Não imaginam como eu me sentia culpada e incapaz, todas as vezes em que tinha que ouvir que todo o meu sofrimento era porque eu não tinha uma fé verdadeira. Por mais que eu tentasse e me esforçasse, a escuridão me consumia, até chegar ao ponto de eu pensar que Deus não me queria mais. Que eu era um ser sem alma, ou algo assim.

Fabrizio notou todo o ressentimento em seu olhar e desejou ser capaz de apagar todos aqueles sentimentos ruins que a consumiam e que eram expostos ali, em seus olhos cor de mel. Ele a abraçou com força, tentando transmitir todo carinho que sentia e afagou os seus cabelos com os dedos. Eles eram tão macios quanto imaginou quando estavam cavalgando, e o seu cheiro era único e lhe prendia os sentidos.

- não é sua culpa Brie, é uma doença, e Deus vai te ajudar a superar, mas isso não quer dizer que não precise de um bom médico ou de remédios. É como qualquer outra doença. Você vai melhorar em breve. Eu vou estar ao seu lado quando acontecer, você vai ver.

Se afastando um pouco mais, Fabrizio segurou as mãos de Brie e fechou os olhos a instruindo a fazer o mesmo. Em seguida começou uma oração a Deus, apresentando a vida de dela, agradecendo por tê-la encontrado daquela forma tão incomum e pediu a sua ajuda para atravessarem o longo caminho que teriam que enfrentar dali em diante.

Não foi uma oração longa, ele não precisou gritar para que Deus o ouvisse do céu, era como se ele realmente estivesse ali, entre os dois, ouvindo cada palavra. Era como se ele fosse o vento que batia forte contra a pele dos dois, quase que os Abraçando.

Quando terminou de orar, ele abriu os olhos e viu que Brigitte estava chorando, porém, dessa vez seus olhos estavam vivos, não era o mesmo choro de quando sentia angústia e sofrimento e ele via uma nuvem se formar em seu olhar e deixa-lo vazio.

Ela chorava de emoção.
Para Brie, experimentar aquele momento, ao lado daquele homem que estava conseguindo transformar alguma coisa dentro dela, fez com ela enxergasse que se Deus não existisse, ela jamais estaria alí.

Somente um Deus vivo, teria poder pra mudar o rumo da sua vida da forma como tinha acontecido. A alguns dias atrás, ela estava no topo de um abismo, pretendia acabar com a própria vida e agora estava ela, em um monte ainda mais alto, de mãos dadas com o anjo que lhe salvou, ouvindo o seu agradecimento a Deus por ela estar ali com ele.

Foi nesse exato momento que Brie teve a plena certeza de que o seu coração já não lhe pertencia mais.

Ela não se importou em enxugar suas lágrimas, Quebrando a pouca distância que os separava agora, ela o abraçou emocionada. Se sentia tão segura em seu abraço. O cheiro que ele exalava fazia com que ela quisesse ficar ali pra sempre, tocar seus cabelos como ele fazia com os seus. E foi exatamente isso o que fez. Aspirou seu perfume e deslisou os seus dedos pelos fios sedosos. Seu coração estava acelerado em seu peito quando olhou em seus olhos novamente. Aqueles olhos eram a sua janela pra luz.
 
Quando pensou que o auge da sua alegria tinha acontecido naquele momento, então Fabrizio a abraçou mais forte ainda, colando completamente o seu corpo no dele e a beijou intensamente, tomando a sua boca como algo que lhe pertencia. provando que com ele tudo poderia ser ainda melhor.

Salva Pelo AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora