capítulo 3

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Caio

Acordei quando ouvi os avisos no avião, tínhamos acabado de pousar em Brad Ford, senti uma alegria gigante, iria visitar mamãe, mas também senti tristeza na mesma intensidade, amava visitar minha mãe, mas dessa vez estava aqui pelos motivos errados.

Não demorei tanto para sair do avião, até porque eu viajei sem qualquer bagagem que fosse, estava com a roupa do jantar ainda. Novamente peguei outro táxi e segui para o endereço de casa, a cidade continuava a mesma, calma e melancólica, apreciei cada coisinha que eu podia, até porque era muito difícil estar ali com frequência.

Quando o táxi parou em frente à minha casa, paguei a corrida e desci, minha casa tinha mudado bastante, mamãe havia dedicado o tempo livre pra montar um jardim na frente, e ele estava repleto de flores, caminhei pela trilha na grama verdinha e bati na porta algumas vezes.

Não demorou muito ela abriu a porta, mamãe sorriu grandemente que até formaram ruguinhas nos cantos dos olhos, abracei ela bem forte, senti sua mão afagar meu cabelo e fechei os olhos aproveitando a sensação de conforto.

Minha mãe havia mudado, diferente de algumas senhoras que preferem esconder os indícios de idade, ela estava ali, com o cabelo mesclado aos fios brancos, as ruguinhas em algumas partes do rosto, e o mesmo brilho de sempre no olhar.

— Filho, o que você tá fazendo aqui essa hora da manhã? E por que não está com os meninos? — ela diz enquanto vai me puxando para dentro de casa.

— Problemas mãe, problemas — ela olha de canto de olho para mim, pede para eu esperar e vai pra cozinha.

Sento no sofá e fico observando as coisas, mamãe tinha um porta retratos na mesinha ao lado da lareira, nele haviam duas fotos minhas e dos meninos. A primeira foi quando a gente se mudou pro apartamento, e a segunda era o Will e Lou me abraçando no meu primeiro desfile. Sorri triste, e desviei o olhar quando vi ela retornando com uma bandeja com cookies e provavelmente chá.

— Tá bom, pode falar tudo agora — mamãe diz me servindo.

— Adorei esses detalhes no seu vestido, muito bonito o dourado com o vermelho — ela arqueia a sobrancelha sobre eu estar falando do vestido que fiz, e desisto de querer mudar o foco.

— Os meninos mãe, eles não tem tempo para mim, eu sei que nós crescemos, que as rotinas mudaram, mas é tão injusto, eles passam o dia juntos, por mais que seja a trabalho, eles estão tendo contato, estão se vendo. E quando finalmente nós podemos estar os três, eles fazem tudo errado, eu fiquei que nem um otário ontem, fomos para um jantar, e eles simplesmente colaram no celular, eu sei que trabalho é trabalho, mas eu não me sinto mais tão valorizado nesse relacionamento, me sinto até excluído, vários jantares que eu estava só, várias coisas que eu acabei fazendo sozinho por causa da ausência — digo e limpo as lágrimas que já insistiam em cair.

— Filho, a vida não é fácil, ela é bem difícil,  ainda mais para um trisal como vocês, eu entendo sua mágoa, e admito que meus genros estão sendo bem escrotos, mas você já tentou conversar sobre isso? Se não, não adianta chorar, eles não tem bola de cristal, a gente nunca sabe onde está o erro até que alguém vá lá e mostre — assenti enquanto bebia mais chá.

— Pelo que conheço eles, devem estar desesperados atrás de você, ea qualquer momento o jatinho de vocês pousa aqui na cidade — mamãe sorriu e afagou minhas mãos.

— Caio, o amor é algo super complexo, vocês três passaram por tantas coisas, e vocês podem resolver tudo isso conversando, então sobe pro seu quarto, descansa, eu vou fazer um almoço, porque tenho certeza que o Will e o diabinho do louis vão aparecer aqui desesperados — acabo rindo e concordando.

Um Amor Proibido IIWo Geschichten leben. Entdecke jetzt