Eu Preciso De Você

Capítulo 6

Minha mente estava paralisada, porém meu corpo se movia automaticamente com a investida dela, eu não conseguia acreditar que ela estava mesmo me beijando. Era mágica e ao mesmo tempo assustador, meu coração acelerado, minhas pernas meio bambas, meus braços tinham se posicionado ao redor de sua cintura em um movimento involuntário e espontâneo. Quando ela se afastou de mim de leve, eu ainda estava estático, sem saber o que fazer e como reagir.

- Me desculpe. - disse ela em um sussurro, deveria estar envergonhada.

Eu não conseguiria dizer nada mesmo, então me virei abri a porta e saí, segui pelo beco que tinha na lateral direita da cafeteria até a rua, meus passos estavam rápidos e um pouco descoordenados. Assim que cheguei no prédio onde morava, passei direto pelo elevado e entrei na porta que dava para a escada, parei por um momento e percebi minha respiração meio ofegante.

Era difícil até mesmo pensar, minha mente estava uma bagunça, meu coração ainda acelerado, minhas pernas tremendo e meus olhos cheios de lágrimas. Sentei em um degrau e respirei fundo, logo uma forte sensação de sentir seus lábios próximos aos meus tomou conta de mim.

Minha mente vazia começou a fantasiar imagens de nós dois juntos, o que me fez chorar por não saber como era sua face. Em todas as minhas tentativas de imaginar como ela era, me frustrava ainda mais, pois uma mancha de escuridão tomava sua face. Fiquei ali, sentado naquele degrau por muito tempo, tinha perdido até mesmo a noção do tempo, nem mesmo a fome apareceu para me despertar da meu amargo mergulho na solidão.

- Suga?! - disse uma voz feminina despertando minha atenção.
- Nalla?! O que faz aqui? - perguntei reconhecendo a voz.
- O elevador está em manutenção, então não temos outra opção a não ser a escada. - explicou ela - E você? O que faz aqui?
- Estava... Não sei. - me levantei ajeitando meu óculos e disfarçando minhas lágrimas - Vamos subir.
- Está tudo bem?! - insistiu ela.
- Sim. - direto e preciso.

Comecei a subir na sua frente e continuei sem dar espaço para mais perguntas, eu não queria que Nalla soubesse muito sobre Charlotte ou outro assunto da minha vida, ela não era muito confiável em guardar informações sobre a vida dos outros. Entrei no apartamento antes dela e fui direto para quarto, tomei uma ducha e coloquei o pijama, quando voltei para o quarto, senti que havia alguém.

- Deseja alguma coisa Jungkook? - perguntei sem rodeios, seu perfume estava rescindido no ar.
- Como sabia que era eu? - perguntou ele.
- Seu perfume. - respondi respirando fundo - O que deseja?
- Saber se está tudo bem?! - ele fechou a porta e deu dois passos em minha direção - Nalla me disse que você estava sentado na escada, e aparentemente chorando.
- E o que ela tem a ver com isso? - cruzei meus braços, me virando para a direção da voz dele.
- Ela nada, mas eu sou seu primo, estou preocupado. - ele suspirou - Pela manhã te deixei muito bem. O que houve?
- Ela me convidou para tomar café na casa dela. - respondi.
- Uah, jinja? Que legal, e o que rolou lá?
- Nada.
- Sua cara diz outra coisa.
- Jungkook. - olhei em sua direção - O que você quer que eu diga?
- Quero que me conte o que houve, você não ficaria com essa cara depressiva se não tivesse rolado nada. - concluiu ele - Diga Suga.
- Estávamos muito bem, até que tive uma crise de pessimismo e resolvi voltar, mas no meio da minha partida ela me beijou, e isso me fez ficar depressivo.
- O que? - seu tom era de indignação - Como assim? Uma garota te beija e você entra em depressão?
- Jungkook, você realmente não me conhece e nem entende. - eu bufei um pouco e dei alguns passos até a cadeira ao lado da janela e me sentei - Não é fácil para mim, sempre vou me sentir inseguro, olha o que aconteceu comigo, olha no que me transformei.
- Não é porque aconteceu uma vez que acontecerá novamente, as pessoas não são iguais, pare de tentar imaginar que a Charlotte é igual a Taylor. - Jungkook se movimentou e o barulho da porta se abrindo soou - Pare de tentar se decepcionar por antecipação.
- O que você quer que eu faça? - perguntei controlando meu tom amargurado.
- Não deixe essa oportunidade passar. - ele respirou fundo - Deixei uma bandeja de lanche na sua cama, boa noite.