Capítulo 8

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Capítulo 8
Os dias foram passando, eu me encontrava com Charlotte todas as manhãs para o café da manhã, sempre na sua casa para ter mais privacidade, já que agora Nalla passava o dia trabalhando em casa. Eu não entendia mais os horários dela, mas não me importava, já que a noiva não era minha, e sim do Junkook.

Charlotte tinha me contato mais coisas sobre sua infância, um pouco sobre seus pais e sobre ter feito aulas de ballet quando criança, por influência de sua tia Charlie. Foi legal imaginar ela dançando ballet por alguns segundos, mas sabia que a paixão dela era pela gastronomia assim como sua mãe.

Eu contei a ela algumas coisas sobre minha infância, minha vida acadêmica, sobre estar cursando administração quando me tornei deficiente visual. De todas as pessoas que já ouviram minha história, ela foi a única que não se espantou ou me chamou de louco. Talvez por entender que quando se ama, fazemos loucuras para ver a outra pessoa feliz.

- Você não pensa em fazer mais nada? - perguntou ela.
- O que? Como assim? - me sentei ao seu lado no sofá.
- Hum, profissionalmente. - explicou ela - Você é tão inteligente, não pensou em fazer nada?
- Nunca consegui ter motivação para isso. - respondi, mantendo minha face voltada para frente - Acho que nunca tive motivação para pensar de fato no que fazer da vida.
- Não acha que sete anos é o bastante para deixar sua vida parada? - insistiu ela.
- Talvez, não sei.
- Eu acho que deveria pensar em ocupar seus dias. - disse ela.
- Já está se arrependendo de me convidar para café? - brinquei num tom sério.
- Jamais. - ela riu - Mas, eu sou somente uma parte do seu dia, uma parte da sua vida.
- Acredite, você é a melhor parte.
- Eu sei. - ela deitou sua cabeça no meu ombro - Mas gostaria de te ver sorrindo fazendo outras coisas também.
- Tenho que admitir que você é minha punica razão para sorrir?
- Não. - ela riu - Mas deve ter algo que você goste de fazer.
- Quando era mais novo, gostava de escrever, tinha um emprego de meio período no jornal do bairro onde morava. - suspirei um pouco - Mas tive que deixar para seguir o sonho dos meus pais, administração era a melhor opção segundo eles.
- Você pode retomar seu sonho de onde parou. - sugeriu ela - Já que era o que gostava.
- Não sei se conseguiria. - retruquei.
- Tentar não vai te matar. - ela tocou em minha mão e começou a brincar com meus dedos - E você pode se divertir fazendo isso.
- Prometo que vou pensar na sua sugestão. - virei minha face para ela - Tem certeza que não está tentando se livrar de mim?
- Se fosse para isso, você tem muito mais chances de se livrar de mim. - ela riu um pouco - E digamos que agora estou curioso para ser o que você andava escrevendo no passado.
- Hum, vou adorar te mostrar. - sorri para ela.

Era mesmo uma ideia interessante, e de fato só precisava de alguém além de Junkook para me motivar a fazer algo, além de passar horas dentro do quarto em estado melancólico. Ao final da tarde, voltei para o apartamento, para minha surpresa Junkook havia chegado cedo do seu trabalho, e estava vendo um jogo do Champions League, acho que era Bayern de Monique contra Chelsea.

- Junkook. - disse indo me sentar ao lado dele.
- Sim?! - respondeu ele.
- Aquele seu amigo da redação, você ainda tem contato com ele? - perguntei sem compromisso.
- Tenho. - sua voz estava um pouco estranha - Porque?
- Nada, só curiosidade.
- Joga sua curiosidade direito e vamos direto ao ponto.
- Eu aceito. - respondi.
- O que?
- A proposta, eu aceito trabalhar para ele.
- Sério? - mais surpresas vindo de sua voz.
- Sim, não me faça repetir novamente. - me levantei.
- Ok, a que se deve isso? - perguntou ele - Ela?
- Ela quem? - perguntou Nalla vindo do corredor.
- Não importa, só diga a ele que aceito. - respondi não dando atenção a Nalla.
- Aceita o que? - insistiu ela.
- Suga está aceitando a proposta de trabalhar na redação do meu amigo. - explicou Junkook.
- Nossa, que surpresa, e essa mudança toda tem alguma relação com sua amiga? - perguntou ela.
- Acho que isso não é da conta de você, já que agora poderei pagar por estar aqui. - segui em direção ao corredor.
- Que isso, Suga você sabe que nunca de cobramos nada. - senti Junkook vindo atrás de mim.
- Você não, mas... - abri a porta do meu quarto, tentei não ser sincero, porém tinha coisas que estava querendo despejar - Não quero mais ter que ficar dando explicações da minha vida, só porque não ajudo a pagar a conta de luz.
- Não diga isso, tão duramente. - disse Junkook.
- Tem certeza? - eu olhei em sua direção - Só estou sendo honesto, agradeço sua ajuda, mas este lugar não é somente seu, sabemos disso.
- Suga.
- Boa noite Junkook. - fechei a porta na cara dele.

Eu Preciso De VocêOù les histoires vivent. Découvrez maintenant