1 | O Blackmoon

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O Sol estava castigando Small City naquele dia. Lá tudo era bem simples, todo mundo era humilde e sem muito luxo. Era habitada por pessoas que queriam distância da vida urbana, pessoas que preferiam a vida com momentos tranquilos, e isso, Small City oferecia.

A maior parte dessa cidadezinha era constituída por grandes fazendas, campos, plantações, criações de animais, e etc. Tudo era calmo.

Numa das fazendas um aroma de comida fresquinha fugia pela janela e se espalhava lá fora. Já estava quase na hora do almoço.

A responsável por aquele cheiro gostoso era uma mulher baixa e um pouco gorda, que tinha cabelos ruivos e curtos. O nome dela era Rose.

Logo notava-se que a paixão dela pela cozinha era muito forte. E o seu zelo com as coisas era de se invejar. É certo dizer que Rose era uma ótima dona de casa.

O almoço feito com muito carinho era especialmente para o seu marido, Ben, uns cinco anos mais velha que ela. Alto, magro, cabelos grisalhos e tinha um bigode exagerado, mas bem feito. Seus bonitos olhos eram pratas, mas não tinham brilho, na verdade eram mais cinzentos. Ele trabalhava como operador de máquinas rurais, em outras fazendas maiores. Entendia muito de agricultura, pois sempre lidara com isso, desde sua adolescência.

O casal tinha dois filhos. Robert era o mais velho, tinha dezessete anos. Era um rapaz muito inteligente, que se interessava muito por todo o tipo de Arte. No momento ele estava no curso de Design Gráfico, que fazia na cidade ao lado, pois não havia um curso destes em Small City. O moderno Robert achava que não tinha nascido no lugar certo, pois era apaixonado por tecnologia.

O outro filho do casal ainda era muito pequeno, estava no terreiro brincando com o seu bichinho de estimação. Ele tinha sete anos, mas já era muito sapeca e malcriado. Seus pais sempre o educaram, mas não adiantava, parecia estar no seu sangue. O garotinho era cheio de energia.

A hora do almoço chegara. Só faltava organizar a mesa, pois estava lotada de legumes crus e fatiados. Tinha também muitos potes de temperos caseiros. O aroma era irresistível.

Rose pôs-se a olhar o seu filho mais novo pela janela. Ele estava de costas com o seu gatinho ainda nas mãos. Ela fez uma cara esquisita, pensara que tinha ouvido o gato miar, agonizado. Parou e voltou a pôr a mesa, cantarolando uma canção qualquer.

Depois de alguns minutos a imagem de uma cozinheira dedicada, transformou-se na de uma mulher um tanto assustada. Rose arregala os olhos e os direcionam para as mãos de seu filho.

– F-filho, o q-que você fez? – gaguejou ela.

As mãos do garotinho, que acabara de entrar em casa, estavam encharcadas de sangue. Rose ficou se perguntando o que havia acontecido. O que há de errado com o garoto?

Seu coração disparou e ao mesmo tempo sentiu como se uma garra metálica o apertasse. Ela não agüentou, seus olhos se encheram de lágrimas que puseram-se a cair pelo seu rosto. Ela recolheu algo das mãos do menino e levou-o ao banheiro.

Rose pegou uma toalha e enrolou o gatinho recém-nascido nela. O coitado tinha um corte muito profundo na barriga. Seu filho fizera isso. O máximo que o animal pôde fazer, foi deixar alguns arranhões no braço do moleque, antes de morrer. Lá fora estava uma faca, pequena e com a ponta torta.

O "bebê", assim chamado pelos pais, matou o pobre gato por um simples motivo: inveja. Ele fugia para a fazenda ao lado, para brincar com uma garotinha. O gato não gostava dele. O rejeitava.

Rose agora dava banho no seu filho, que não parava de sorrir. Ela imaginou que ele estava à espera de um elogio. Não sabia explicar o que ela sentia. Simplesmente ficava calada.

Uma noite em Dead Woods (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora