6 | Ninguém é perfeito

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 – Mamãe, nossa formatura vai ser no domingo.

– Ah, que bom Kaze, e você já tem o seu vestido? Como é que você vai ir?

– Você verá, vou estar mais bonita do que nunca!

– Você hein filha, tão preocupada com sua aparência. Até para ir à escola vai bem arrumada.

– Ai mamãe, não implica, eu gosto de ser bonita.

– Tem razão Kaze, mas não exagere, você já tem sua beleza natural.

– Eu sei... mamãe, me passa o telefone aí, preciso ligar para a minha amiga. Quero ver como é que ela vai, ou se tem alguma idéia de como ir.

Kaze pega o telefone, senta-se no sofá aveludado e rosa, e começa a discar um número.

Ela ouve chamar três vezes, e na quarta alguém atende.

– Casa dos Watsher.

– Oi Sra. Watsher, é a Kaze, a Lindy está?

– Kaze? Ah, não, ela não está, saiu e não disse para onde ia. Hum, você tem algum recado para ela? – perguntou a mãe de Lindy.

– Não... que pena, depois eu falo com ela então, está bem Sra. Watsher? Desculpe-me. Tchau!

– Tchau! – respondeu a Sra. Watsher.

Ambas desligaram o telefone.

– Por que mandou eu mentir que você não estava aqui em casa, Lindy? Era a Kaze, sua amiga – disse a Sra. Watsher, quase que dando bronca em sua filha.

– Amiga não mamãe, Kaze é só uma colega do curso. E é ela que se diz minha amiga.

– Mas eu já vi vocês duas aqui em casa, conversando, numa boa.

– É, mas é que ela insistiu em vir aqui. Eu tive que agüentá-la – disse Lindy com desprezo.

– Isso é muito feio Lindy Zian!

– Não importa, não gosto dela!

– Então você está sendo falsa, sabia?

– E daí? – retrucou Lindy.

– E você ainda nem se preocupa?

– Não! Ninguém sabe que eu não gosto dela mãe, dá licença vai! Ela é muito metida! E fica toda se achando quando aquele imbecil do Derik vai falar com ela. Grande coisa, só porque ele é o mais popular da sala? Os dois se merecem, pois o Derik também é convencido, e muito! Ai mamãe! Eu vou dar é uma volta, não tô bem hoje. Tchau!

Lindy odiava pessoas convencidas. E estava certa de que todos haviam percebido isso na Kaze e no Derik. Lindy tentava esconder sua falsidade, mas tinha gente que sabia que ela era assim, até lá no curso, o que era pior...

Estavam Higor, Sawyer e Josias assistindo um seriado muito conhecido. E que na opinião deles era fantástico! Começaram a assistir sem o Bob, que havia se atrasado, e nem ao menos ligou para falar o motivo. Eles também não ligaram e disseram que Bob assistia sozinho depois, pois não poderiam mais esperar.

– Eu já sei o final, está tudo muito óbvio – Josias quebrou o silêncio.

– Eu também sei – falou Sawyer, apesar de não estar entendendo nada.

O Josias era um cara inteligente. Pegava as coisas no ar e tirava suas próprias conclusões. Esse era o seu jeito. Confiava em si mesmo e tinha uma mente fenomenal.

Sawyer era uma pessoa sem muita personalidade. Vestia-se parecendo um pouco com Higor, parecia o imitar, e quando queria ganhar atenção inventava algumas mentiras.

Higor ia dizer algo naquele momento, mas uma cena da TV fez com que se calasse. Ele era muito intrometido, se metia em todos os assuntos, e dava suas opiniões mesmo a quem não queria ouvi-las. Chegava ao ponto de ser insuportável com suas irritações, querendo sempre estar certo.

Todos esses colegas eram observados por eles próprios, não tinham como fugir de diversos olhares. Pensavam que seus defeitos não eram visíveis. Muitos nem ao menos os escondiam, como por exemplo: Gary e Deegle. Esses dois vivam bisbilhotando tudo. Eram muito curiosos. Às vezes, a curiosidade deles levava à intimidade das pessoas. Como da vez em que descobriram que Sawyer estava irado porque não deram ouvidos a ele na sala de aula. Esse fato em si não tinha importância, o problema é que leram isso na agenda dele.

Sawyer vivia escrevendo. Era quase uma mania, embora não maior que a do Bob. Ele falava demais. E era fofoqueiro. Não era fiel de segredos, e todos sabiam disso. Um dia, falou para todo mundo da classe que Yvee ainda era virgem. As pessoas a zombaram, pois ela era ingênua, medrosa, e um tanto frágil. O que tinha de bela tinha de delicada.

O Gary era simplesmente quieto. Não falava muito, mas sempre estava entre o grupinho.

Em meio de defeitos, todos ainda estavam sempre juntos. Pois como diziam, ninguém é perfeito.

A maioria dos que trabalhavam, estavam de férias, e totalmente preparados para a tal excursão que iam fazer.

Estavam todos livres para a viagem tão merecida, pois depois de seis meses de aulas de inglês, nada melhor que se divertir. Com ou sem defeitos, iriam continuar juntos, em mais uma nova aventura em grupo.

Uma noite em Dead Woods (COMPLETO)Where stories live. Discover now