Competição

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O carro de Wonho cheirava a perfume masculino e a cupcakes recém comprados de uma padaria. Era uma combinação peculiar, mas agradável – como a personalidade daqueles três homens no carro. O próprio Hoseok dirigia calmamente pelo caminho que Changkyun havia o explicado minutos atrás, enquanto eles ainda estavam na padaria, esperando Kihyun escolher o que levaria para Jooheon, em uma oferta de paz. No trajeto até a casa de Jooheon, Changkyun estava sentado no banco de trás, ao lado de Kihyun, narrando como que o Sr. Bigodinho havia parado em suas mãos.

Em uma versão resumida dos fatos, Changkyun explicou que os pais de Kihyun haviam recebido o gatinho de algum comerciante da rua em que ocorreu o acidente, que havia visto tudo e suposto que o animalzinho era do próprio Kihyun. Como o senhor e senhora Yoo não estavam em condição de cuidar de um filhote, eles o entregaram para Jooheon. Entretanto, como Kihyun bem sabia, Jooheon tinha um pastor-alemã em casa, que era muito simpático com as pessoas e muito pouco com os outros animais de estimação. Dessa forma, Changkyun acabou ganhando o Sr. Bigodinho de presente de Jooheon.

De certa forma, Changkyun conseguia se ver um pouco no Sr. Bigodinho. Sendo abandonado pelo seu primeiro dono na rua, em seguida, passando de uma casa para a outra, sem um verdadeiro lar. Agora Sr. Bigodinho tinha alguém – o próprio Changkyun –, enquanto Im sentia que ainda não tinha tido aquela sorte.

— Você está quieto. – A voz de Kihyun chamou sua atenção. Ele piscou os olhos uma, duas vezes e, então, finalmente, Changkyun percebeu que havia ficado quieto demais pensado em analogias bobas com seu gato.

— Pensei que estivesse cansado de ouvir minha voz, hyung. – Retrucou, brincando, tentando disfarçar o quão distraído estava anteriormente. Apesar disso, Kihyun continuava o encarando seriamente, como se o analisasse. O mais velho havia percebido que algo estava acontecendo. E aquilo, definitivamente, não era da vontade de Changkyun. Ninguém precisava saber sobre seu lado triste, cinza.

Todavia, ele não se deixou abater. Mudou de posição no banco do carro, colocando-se de modo que seu semblante e de Kihyun agora estavam próximos, um encarando o outro nos olhos. A proximidade era tamanha que Changkyun e Kihyun quase roçavam o nariz um no outro e suas respirações misturavam-se, de forma a provocar uma agradável sensação de quentura em ambos os rostos.

Apesar de estar surpreso com o ato de Changkyun, o mais velho conteve-se para não parecer surpreso ou desconcertado. Ou, pior ainda, tímido e perdido. Kihyun apenas continuou sério, atento. O fato do pomo de adão de Changkyun mover-se de maneira lenta quando o mais novo engolia em seco ou ainda seus lábios parecerem perto – perto demais – dos lábios do fisioterapeuta tornaram aquela missão quase impossível.

— O que é isso? – Questionou Kihyun, ainda sem se afastar ou desviar o olhar de Changkyun. Quase nem mesmo piscava e o fisioterapeuta fazia o mesmo. Era como um jogo. Um desafio na qual Kihyun não queria perder.

— Você estava me encarando. Eu decidi que seria legal te encarar de volta. – Changkyun respondeu com simplicidade e Kihyun não protestou. Talvez ele finalmente estivesse se acostumando com as esquisitices do mais novo. — E eu queria checar se você é real mesmo ou só uma alucinação projetada pela minha mente criativa. Eu definitivamente acho que você é real. Eu não conseguiria pensar em algo tão bonito assim.

Definitivamente não, ele não estava se acostumando com as esquisitices de Changkyun.

Depois daquelas palavras, Kihyun afastou-se, o rosto vermelho e os nervos à flor da pele. Estranhamente sentia-se agitado, aquecido, mas não de um jeito ruim. No final das contas, Changkyun havia vencido o pequeno joguinho entre eles, mas Kihyun não conseguia sentir-se um perdedor, principalmente quando percebeu que, estranhamente, Changkyun também estava vermelho ao seu lado.

Flores de Inverno ♡ changkiWhere stories live. Discover now