Flores de inverno

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Estavam saindo de mais uma sessão de hidroterapia e; por mais que Kihyun normalmente amasse a sensação de estar na água aquecida e de ter as mãos de Changkyun em sua cintura; ele não estava em seu melhor humor enquanto deixavam a clínica de fisioterapia. Silenciosamente acomodado no banco de carona, Kihyun apenas olhava para a estrada, os olhos perdidos no asfalto, o silêncio preenchendo aquele carro e tornando tudo tão frio.

Kihyun precisava admitir que, na realidade, as coisas entre e Changkyun estavam esfriando a cada dia. Desde o episódio no hospital, Im havia se afastado notoriamente de si, de Wonho e de qualquer outro ser humano que se aproximasse dele. Não era um afastamento abrupto, rude. Ele ainda sorria gentilmente para si toda a manhã, ainda o tratava com cuidado e com carinho nas horas da fisioterapia. Mas era apenas aquilo. Como se Yoo Kihyun repentinamente tivesse se tornado apenas mais um paciente. Além disso, além do seu afastamento emocional, Changkyun estava passando menos tempo ao seu lado. Ele havia conseguido mais dois pacientes particulares e Kihyun não precisava mais de tantas horas de fisioterapia. O mais velho sentiu-se absolutamente ridículo quando se pegou tendo ciúme dos dois velhinhos que Changkyun passou a atender depois de si.

Durante os primeiros dias daquele afastamento, Kihyun realmente tentou uma reaproximação. Por mais que seu orgulho o cutucasse e o mandasse parar de tentar, o homem o ignorou, preocupado demais com Changkyun para se importar com seus próprios sentimentos de vaidade. Ele o enviava mensagens – sendo respondido sempre horas depois, com mensagens curtas –, o esperava na porta todos os dias, tentava puxar assuntos que sabia que Changkyun gostava. Estava realmente tentando. Contudo, após uma semana sem que seus esforços tivessem resultados, Kihyun estava começando a sentir-se cansado, triste e abandonado.

Enquanto estavam naquela hidroterapia e Changkyun apenas comentou sobre os exercícios que iriam fazer; de maneira dolorosamente impessoal; Kihyun sentiu o auge daqueles sentimentos o atingirem. Durante aquela manhã soturna, Yoo Kihyun não estava mais disposto a tentar. Estava com frio; os fios molhados e relativamente longos caindo sobre suas bochechas, deixando-as úmidas e gélidas; os lábios trêmulos por causa do vento que batia contra seu rosto; o nariz vermelho e os olhos úmidos; Mais do que incomodado com seu frio físico, Kihyun estava incomodado com a sensação que preenchia seu peito. Pela primeira vez em muito tempo, ele queria estar novamente em casa, voltando a estar preso em seu castelo e longe do seu príncipe.

— Você está bem? Está tremendo. – A voz grave e rouca de Changkyun quebrou o silêncio, levando Kihyun a apenas assentir com a cabeça, distante, ainda encarando a janela e o asfalto sem graça. Em uma primeira aproximação física e carinhosa em dias, o fisioterapeuta pousou uma das mãos sobre a de Kihyun, sentindo seus dedos frios e acariciando-os cuidadosamente, aquecendo-os, enquanto estavam parados em um dos sinais. — Kihyun hyung...

— Sim? – Kihyun virou-se para Changkyun finalmente, encarando-o, mas seu rosto era completamente impassível, indecifrável. Naquele breve momento, Im viu um muro ao redor do mais velho, uma defesa que – mesmo ainda no começo da relação dos dois – Changkyun nunca havia se deparado.

— Vamos dar um passeio? Eu prometo que te levo para casa antes da meia noite. – Ele falou em tom de brincadeira, tentando arrancar nem que fosse um meio sorriso de Kihyun, mas apenas recebeu um confirmar suave com a cabeça e, em seguida, uma resposta tão fria quanto aquela manhã para sua piada:

— Ainda são dez da manhã. – O mais velho novamente desviou o olhar, dessa vez para suas mãos, passando a enviar mensagens como um louco durante todo o caminho, conversando com Wonho e avisando-o que chegaria mais tarde que o planejado.

O caminho era longo, uma hora e alguns longos minutos trafegando para fora da cidade e, então, para uma fazenda isolada e absolutamente esplendida, mesmo no inverno. Apesar da demora e da estranheza de estarem saindo da cidade, Kihyun não questionou Changkyun para onde estavam indo. Também não questionou o motivo do fisioterapeuta ter checado o espelho retrovisor a cada dois minutos, sempre observando atentamente a estrada completamente vazia durante aquele horário. Não o questionou, mas, definitivamente, montou muitas teorias a respeito daqueles comportamentos estranhos do mais novo.

Flores de Inverno ♡ changkiWhere stories live. Discover now