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Passou por alguns empregados, que a cumprimentaram, e seguiu seu caminho, passando pela biblioteca, quando ouviu alguém a chamando.

— Vossa Majestade.

Virou-se e viu um jovem rapaz, com roupas de tecido nobres em cores escuras. Usava alguns acessórios de prata e seu cabelo estava cuidadosamente penteado para trás, deixando seu belo rosto mais aparente.
Em sua mão havia um embrulho.

— Sim? — Rose falou.

— Sei que Vossa Majestade estava indo descansar, mas tem algo que eu preciso muito perguntar — falou ele, parecendo nervoso enquanto mexia o embrulho em suas mãos.

Rose ergueu uma sobrancelha em curiosidade. Não falou nada, estava esperando a pergunta de Thomas.

Ele, percebendo que Rose o havia permitido fazer a pergunta, pigarreou e aproximou-se alguns passos. Desfez lentamente o embrulho, que revelou uma flecha.

— Essa é uma flecha feita especialmente para Vossa Majestade, certo? — ele começou. Rose o encarava inexpressiva. — Essa flecha foi retirada do corpo de um dos saqueadores.

— Sim, é minha — falou simples. — Eu o matei.

Thomas sentiu um arrepio frio ao ouvir aquelas palavras. A forma tranquila como Rose havia dito que matara alguém deixava Thomas espantado.

Mas ele tinha que saber. Além de falar muito quando nervoso, Thomas sempre foi um jovem muito curioso.

— Mas como que Vossa Majestade poderia tê-lo matado? Naquela estrada estávamos apenas eu e meus guardas. Não me lembro de vê-la por...

— Pergunte-me, Thomas — Rose o interrompeu. — Nós sabemos que não é essa a real pergunta que você quer fazer. Não vou responder até que me pergunte.

Ela o encarava, agora com um olhar desafiador, o instigando, querendo saber se ele teria coragem de fazer a pergunta. O coração de Thomas batia tão forte que ele julgou ser possível ouvir seus batimentos a metros de distância.
Respirou fundo.

— Você... Você é o Cavaleiro? — Foi preciso toda a coragem que havia em Thomas para fazer aquela pergunta.
Rose ainda o encarava sem expressão. Thomas não sabia o que se passava na mente da Rainha. Ela deveria achar que ele era maluco, e talvez ele realmente estivesse.

A Rainha de Ennord era o Cavaleiro mascarado? Aquilo parecia impossível.
Se ela era realmente o Cavaleiro, como era possível que ninguém já não houvesse descoberto? O Cavaleiro é um personagem de Ennord tão famoso quanto a Rainha.

Alguém com certeza já deveria saber.

Rose o respondeu, depois de um breve momento em silêncio:

— Sim. Eu sou. — Deu um leve sorriso e continuou seu caminho pelos corredores.

Thomas estava sem reação.
Era verdade. A Rainha era o Cavaleiro.
Mas, por que ela não negou? Ele ainda tinha dúvidas. Precisava de mais respostas, então correu para acompanhar Rose.

— Você não se importa com o fato de eu ter descoberto seu segredo? — perguntou, enquanto seguia caminhando ao lado dela.

— Eu deveria? Você vai contar a alguém?

— Não — disse rapidamente.

— Bom — Rose falou e andou mais rápido.

Thomas apressou o passo para acompanhá-la.

— Vossa Majestade me disse que reis e rainhas não se importam com a vida de pessoas como eu — Thomas disse e sorriu. — Mas você me salvou naquela floresta.

Rose não respondeu. Continuou ignorando Thomas que, frustrado ao ver a Rainha se afastar, correu até ela e, num instinto de pará-la, segurou seu braço.

— Por favor, espere.

Thomas percebeu o erro que havia cometido ao ver a Rainha se desvencilhar rapidamente de sua mão e apontar um pequeno punhal dourado em sua direção.

Ele a olhava assustado.

De onde havia saído aquele punhal?

— O que você pensa que está fazendo? — Rose perguntou séria.

— Perdoe-me, Majestade — Thomas falou rapidamente. — Não tive a intenção de assustá-la. Não sei por que fiz isso. Eu só queria agradecê-la por ter salvo a minha vida. Se Vossa Majestade não estivesse lá por mim, eu não estaria aqui agora.

— Estar lá por você? — Rose repetiu as palavras ditas por Thomas com um sorriso ladino. — Não, eu não estava lá por você. Como eu já lhe disse, Thomas, eu realmente não me importo com pessoas como você. Eu estava lá apenas para capturar o grupo que estava atacando nas minhas terras. O exército de Ennord é o mais respeitado de todos, eu não poderia deixar essa fama ser destruída por uma simples dúzia de ladrões que estavam aterrorizando a população.

Thomas não falava nada, sentia como se sua voz tivesse desaparecido.

— Você ter sido salvo foi apenas uma coincidência. Agradeça ao destino, ou a seja lá qual deus você seguir.

Abaixando o punhal, Rose aproximou-se de Thomas. Seus rostos estavam apenas alguns centímetros de distância um do outro. Tão perto que Thomas conseguia sentir a respiração de Rose contra seu rosto.

Ela agora o olhava de uma forma tão ameaçadora que fez Thomas estremecer.

— Faça um favor a si mesmo e saía do meu caminho. Você está abusando de minha boa vontade. Tente isso novamente e eu cortarei suas mãos. — A voz de Rose saía baixa, quase um sussurro. — Sim, Thomas, eu salvei sua vida. Mas isso não significa que eu não possa matar você.

Seguiu seu caminho, deixando um Thomas estupefato para trás. Ele pousou uma de suas mãos sobre o peito, em uma tentativa de acalmar os batimentos frenéticos. Sentia suas bochechas queimarem em vergonha e em algum outro sentimento que ele não conseguiu distinguir a princípio.

A Rainha de Ennord Where stories live. Discover now