29- Confiança🌹

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Thomas estava sentado em um banco nos jardins frontais do Castelo. Esperava por Rose, eles haviam combinado de se encontrar.

Ela estava bastante preocupada com Daehan, havia o mandado um bilhete explicando que não iria ao encontro dele. Porém, Daehan chegara em segurança e Rose estaria aliviada, talvez pudesse o encontrar essa noite.

Apesar do excelente momento em que eles estavam vivendo, Thomas ainda tinha algo o incomodando. Ele sentia que Rose escondia algumas coisas dele. Não que esperasse que ela lhe confidenciasse seus maiores segredos, mas esperava que fosse mais aberta em relação aos seus pensamentos e sentimentos.

Thomas já havia contado para Rose tudo sobre si. Todos os acontecimentos importantes e insignificantes, mas que queria que ela soubesse. Pensava, assim, que isso os tornaria mais próximos. Mesmo depois de tudo que aconteceu entre eles, Thomas não se sentia próximo o suficiente de Rose.

Não tanto quanto ele gostaria.

Não sabia se deveria contá-la seus sentimentos em relação a isso. Sabia perfeitamente como Rose era, desde sempre soube. Ela não era a mulher mais receptiva do mundo. Era muito reservada e bastante comedida, nunca fazia ou dizia algo por impulso.

Ela pensava e analisava todas as possibilidades, várias vezes, até por fim, tomar uma atitude. Era cautelosa.
O que é justificável, impulsividade não é a melhor característica para uma monarca ter.

Resolveu que falaria com Rose. Diria como estava se sentindo. Não estaria a pressionando, apenas a deixaria ciente de que ele gostaria de saber mais coisas sobre ela.

Thomas não sabia muito sobre Rose. As coisas que sabia eram as mesmas que todos sabiam. As coisas que são contadas de pessoa para pessoa, sem saber se é verdade ou mentira. Claro, havia algumas outras coisas que Thomas, por ser próximo à Rose, sabia. Contudo, não era mais que manias e costumes que Rose possuía. Como erguer uma sobrancelha; sair para caminhar na floresta todas as manhãs; o sorriso ladino sempre que acha algo divertido.

Ele se sentia feliz por saber dessas coisas, mas queria saber mais. Ele sentia que Rose possuía muitas histórias, e queria que ela compartilhasse algumas delas.
Os pensamentos de Thomas foram afastados quando ele ouviu passos de alguém que se aproximava. Virou-se rapidamente, mas seu sorriso desapareceu quando ele viu que a pessoa que se aproximava não era Rose e sim Daehan.

— Daehan? — chamou, mesmo sabendo que era o Príncipe. — O que faz aqui?

— Boa noite pra você também, Thomas — Daehan rebateu sarcástico. — Minha viagem correu tudo bem, obrigado por perguntar.

Daehan agora estava bem à frente de Thomas.

— Desculpa — falou Thomas sincero. — Eu estava esperando outra pessoa.

— Rose. — Daehan revirou os olhos. Thomas tentava fazer mistério de algo que todos já sabiam, especialmente ele que ajudou tudo acontecer. — Ela não vem. Não está se sentindo muito bem hoje.

O coração de Thomas acelerou em preocupação.

— O que houve? — perguntou espantado. — Ela está bem?

— Sim, não é nada para se preocupar. — Daehan sorriu, mas Thomas estava chateado. — Ah! Vamos. Minha irmã não está aqui, mas eu estou e eu trouxe isso — falou, tirando a mão direita que estava escondida atrás de si, e revelando uma garrafa de vinho.

Thomas sorriu.

— Você não cansa? — perguntou Thomas divertido.

— Eu me canso de cavalgar, lutar ou de tentar entrar em uma armadura que ultimamente está pequena demais para mim. — Daehan sentou-se ao lado de Thomas. — Mas nunca do vinho.

— E então? — Thomas questionou, tomando a garrafa das mãos de Daehan e dando um longo gole. — Como foi a viagem?

Conversaram por muito tempo sobre a viagem de Daehan e o que havia acontecido nos dias em que ele esteve fora. Ao terminarem a garrafa de vinho, Daehan buscou outras. No final, não faziam ideia de quantas garrafas haviam sido.

Thomas precisou carregar Daehan até os aposentos do Príncipe que, por sinal, se localizava do outro lado do Castelo. Daehan estava semiconsciente. Cambaleava, tropeçando em seus próprios pés, mas estava consciente o bastante para andar até seu quarto, mesmo tendo que se apoiar em Thomas.
Thomas, também bêbado, tentava ao máximo não cair junto ao Daehan. Amaldiçoou todo o trajeto o quanto Daehan era pesado, ele não aguentaria por muito tempo.

Não havia ninguém nos corredores além dos guardas que encaravam aquela cena com diversão. Eles até que se ofereceram para ajudar Thomas a carregar o Daehan, mas o Príncipe murmurou algo como “não”, “meu amigo Thomas consegue” e “Eu não preciso ser carregado por ninguém”.

Quando finalmente chegaram à porta dos aposentos de Daehan, Thomas suspirou aliviado, entrou e deitou o amigo em sua grande cama.

Saiu ouvindo murmúrios confusos e sem sentido de Daehan. Arrastou-se até seus próprios aposentos e dormiu feito uma pedra.


Acordou com a forte luz do sol entrando por sua janela. Janela essa que ele havia deixado aberta, pois estava bêbado demais para lembrar de fechá-la. Na verdade, a noite passada estava bêbado demais para fazer várias coisas, como tomar um banho ou ao menos trocar de roupas.

Ou tirar os sapatos.

O cheiro do álcool estava exalando das vestes de Thomas. Sua cabeça doía e eles estava com náuseas. Prometeu mentalmente que nunca mais beberia com Daehan, mesmo que ele implorasse.

Após um banho longo e demorado, Thomas lembrou-se que pela manhã haveria uma reunião do Conselho. Conselho esse, que fazia parte.
Seu coração disparou, dessa vez de desespero. Droga!

Vestiu as primeiras peças de roupa que encontrou pela frente. Saiu correndo de seus aposentos, não tendo nem penteado seus cabelos que assim todo desgrenhado, e com suas vestes amassadas, o faziam parecer um maluco.

Respirou fundo antes de bater na porta grande de madeira escura que dava acesso à sala do Conselho. Rose o repreenderia muito, ele sabia disso.
Esperou por alguns segundos, mas não obteve resposta. Bateu novamente. Nada.

Abriu lentamente a porta e encontrou a sala vazia. Ficou confuso, ele tinha certeza que a reunião era aquela manhã.

Talvez eu tenha perdido, ele pensou assustado. Maldita hora em que resolveu aceitar aquela bebida do Daehan.

Tentava a todo custo fazer as pessoas acreditarem que ele estava no Conselho por merecimento e não por estar envolvido com a Rainha, mas agindo assim, contribuiria para que mais pessoas acreditassem nisso.

E mais do que isso, ele estava apreensivo sobre o que Rose diria quando o encontrasse. Apesar de tudo, ele ainda era um membro do Conselho, possuía responsabilidades, não podia simplesmente faltar uma reunião.

Seguiu na direção dos aposentos da Rose. Um dos guardas, Hames, que ficava responsável pela segurança da Rainha, disse para Thomas esperar e se afastou.
Um momento depois retornou, informando a Thomas que ele poderia prosseguir.

A Rainha de Ennord Donde viven las historias. Descúbrelo ahora