Capítulo 25 - Tiros e Flores

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  - A vítima tinha inimigos? - perguntou um dos oficiais  enquanto palitava os dentes

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  - A vítima tinha inimigos? - perguntou um dos oficiais  enquanto palitava os dentes.

- Você não leu o aviso? Porra, que merda de policial é você?

- Quer ser preso por desacato rapaz? Ou você me respeita como autoridade ou eu enfio uma bala na sua testa. - proferiu o homem de meia idade mostrando o revólver que carregava na cintura.

- Você é só mais um inútil no meio desse monte de lixo que é o departamento de polícia desse lugar. Autoridade? Uma arma e um uniforme não te tranformam em porra nenhuma. - com o dedo apontado em sua direção,  encarei seus olhos sem nenhum receio da arma que agora mirava em minha cabeça.

Ao vê-lo fazendo pouco caso da morte de Tedy perdi o controle.

Como se não bastasse ver o  corpo sem vida do garoto que eu enxergava como um filho, ouvir as palavras do policial me fizeram sentir vontade de socar seu rosto.

- É... Você não me dá es... - uma bala atravessou um dos vidros da floricultura e sua cabeça antes mesmo que ele pudesse terminar a frase.

Abracei minha esposa na intenção de protegê-la,pude  sentir o sangue penetrar em minha pele...
O maldito Grey estava ali.

- Precisamos sair agora. - sussurrei permanecendo abraçado ao corpo de Julya.

- Tedy não pode ficar aqui, temos que levá-lo conosco. Ele precisa de um enterro decente! - lamuriou a mesma, segurei seu braço a impedindo de sair do meu lado.

- Você quer acabar como ele? Quer que Rick acabe como ele? Nós vamos sair agora você querendo ou não! - a puxei de maneira um pouco brusca em direção a porta dos fundos.

- Pega a chave e entra no carro, eu vou trancar a porta.

- John não, eu não vou sem você!

- Rick precisa de você, e eu preciso que você vá buscá-lo na escola antes que seja tarde. Por favor, faça o que estou pedindo. - fiz um gesto com as mãos tentando convencê-la a me deixar ali. - Vá!

O chão de madeira rangia, uma respiração ofegante se apossou da floricultura.
Seus passos eram lentos.
Meio ao sangue aos estilhaços do vidro, eu vi um corpo esguio com o rosto pintado vir em minha direção.

- Vá Julya!

- Mas John... - as lágrimas que escorriam por sua face entregavam o medo e o desespero que havia tomado conta de todo o seu ser.

- Agora!

Ouvi a porta do carro bater, e quando me dei conta ela e o carro já haviam atravessado a rua.

- Eu te amo Julya.
Por favor,salve nosso filho. - murmurei pra mim mesmo quando a vi se afastar, no fundo eu sentia que aquela seria a última vez que eu veria seu rosto.

- Onde está você detetive? Não está muito velho pra brincar de esconde-esconde? - o tom irônico em sua voz me trouxeram a lembrança do assassinato das três amigas.
Eu precisava enfrentá-lo, mas ainda não era o momento.

- Estou vendo você... Sua esposa está aí também? Ah Julya, seu corpo ficará perfeito na minha sala.
Um lustre divino, seria uma imagem tão bela quanto os quadros de Van Gogh.

Ele estava a alguns passos de mim, sua sombra rastejava pelos cantos.

- Vocês pegaram a minha criança, vocês levaram ela. Isso não é um coisa legal de se fazer... - pela fresta da porta, enxerguei um sorriso esboçado em seu rosto.

- Eu vim buscá-los,vamos ser uma família feliz. - com três batidas na porta, ele anunciou o que queria. - Eu vivo e vocês três mortos.

Me afastei dali ao ver sua proximação, tentaria surpreendê-lo.

- Eu vou contar até 3.
Se você não abrir essa merda eu arrombo. - suas palavras foram seguidas de mais três batidas contínuas e pesadas.

-1...

-2...

-3...

Um estrondo aguçou meus sentidos me fazendo fechar os punhos.
Era a hora.

- Onde você... - o ataquei com tudo o que tinha.
A surpresa ao ser pego desprevenido fez Phill cambalear e ir em direção ao chão.

Me coloquei em cima de seu corpo e coloquei as mãos sobre em seu pescoço, o imobilizando.

- Você acha que vai matar minha família seu desgraçado? - coloquei toda a força existente em meu corpo em minhas mãos, eu o queria morto.

Seu rosto foi tomado por um tom intenso de vermelho, seus olhos arregalados me fitavam com ódio.

- Eu vou por um fim nisso.
A sua vida de merda acaba hoje! - vi seus olhos se fechando lentamente, suas mãos soltas tentavam de uma maneira falha e inútil me acertar.

- Vá pro inferno porra. - me levantei, acertando um último golpe em seu rosto.

Ao vê-lo paralizado e aparentemente sem vida, senti algo diferente tomar conta de mim.
Eu me senti aliviado.

Caminhei novamente até a floricultura, eu precisava de um celular e de uma arma.
Phill não estaria morto até que eu explodisse seus miolos.

"Não acabou ainda"

Uma folha de papel caiu suavemente sobre meu pé, olhei para o teto e não acreditei no que vi.

- Não, não é possível...

Peguei a arma e tentei recarregá-la.

- Julya, isso não pode ser real.

Mirei o vazio, eu não conseguia enxergar nada.

- O Rick precisa de nós.

Eu conseguia sentir que algo ali estava a se mexer, sentia uma presença estranha, mas era como se fosse invísivel aos meus olhos.

- Por que está fazendo isso?

Um arrepio percorreu minha espinha, Phill continuava no chão.

- Não... Eu estou ficando louco.

Um farol se aproximava, a luz era tão forte que chegava a me cegar.

- Papai, eu estou aqui! - o pequeno garoto se parecia com Rick.
Correu até mim, eu neguei seu abraço.

- Você não é o Rick. - suas mãos estavam mais frias que gelo.

- Acredite em mim papai. - seu corpo frágil e pequeno havia se transformado em algo  e macabro em questão de segundos.

- O que você é? - balbuciei com a arma apontada para seu rosto inteiramente deformado.

Uma risada diabólica ecoou pelo local.

- Eu vim te buscar John
Você virá comigo,
Papai.

- Eu vim te buscar JohnVocê virá comigo,Papai

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