- CAPÍTULO UM - Gnomos e Corujas

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O relógio trouxa no quarto de Rony marca o horário de 03:00 horas. Harry Potter estava mais uma noite acordando no mesmo horário, no mesmo local, remoendo os mesmos sentimentos. Com o peito pesado, decide descer as escadas em busca do sono que perdeu. O garoto segue para o quintal e observa os gnomos do jardim dos Weasley's; era a conhecida temporada do amor naqueles arbustos. Em breve, seria necessária a desgnomização das pestinhas cabeçudas antes que o número deles ultrapassasse a generosidade permitida. Pensar em coisas triviais assim fazia Harry esquecer a atmosfera pesada que habitava a toca nos últimos meses. Tudo ali tinha gosto de cinzas, a tristeza era palpável. Desde que Fred se foi, os Weasley's não tinham muitos motivos para sorrir como antes.

Harry Potter ainda carrega consigo a culpa. Pensa que se tivesse sido mais rápido, mais inteligente, poderia ter evitado tantas mortes. Realizar tarefas e resolver enigmas nunca foi o forte do garoto. Dumbledore devia saber disso, mas para um homem tão inteligente, ele não deve ter contado com a variável da lentidão de Harry para resolver problemas. Outro nó na garganta do menino, outra morte que não pode ser evitada. Tantos nomes, tantas pessoas. Aquilo um dia iria melhorar? Ficaria mais fácil?

A guerra foi há três meses, mas ela não encontrou seu devido fim na cabeça dos que vivenciaram. A última guerra bruxa é algo muito vivo na cabeça de Harry Potter. Ele sente nos próprios ossos. Porém, mesmo com seus próprios fantasmas e feridas, o garoto deseja poder carregar o fardo dos outros e sentir aquilo tudo sozinho. Aceitaria seu fardo e dos outros de bom grado. A última coisa que queria era que houvessem tantos efeitos colaterais. A guerra estava estampada em toda "a família dele".

- Ai! – um maldito gnomo trouxe Harry de volta de seus devaneios e sofrimento particular para sua dura realidade. Com uma mordida em seu dedão, levou o dedo à boca, sugando o sangue que ali jorrava. A lua brilha no alto; Harry deveria estar dormindo. Porém, continua olhando para o alto e avista um ponto escuro se aproximando. Rapidamente, saca sua varinha e fica com os sentidos em alerta. O que seria agora?...

A coisa se aproxima e ele se permite relaxar

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A coisa se aproxima e ele se permite relaxar. É uma coruja de Hogwarts. Já sabe o conteúdo de suas cartas sem nem ao menos ler o que está escrito. Retira o envelope grande e o rasga; trata-se de cinco cartas, uma para ele, outra para Rony, uma para Hermione, uma para Gina e outra para Jorge? Ele estranha esta última. Decide voltar para o quarto e aguardar os outros para discutirem sobre o conteúdo que agora carrega em suas mãos.

Ao amanhecer, os Weasleys estão discutindo o assunto das cartas. Foram convidados a retornar para a escola para realizar o sétimo e último ano, até mesmo Jorge, que havia desistido em um episódio de rebeldia jamais esquecido em seu quinto ano, e mesmo Gina também recebeu o convite.

- Ronald, Harry, sei que já discutimos isso antes – começa Hermione. – Acho que seria realmente uma coisa boa retornarmos juntos. Eu iria de qualquer forma, mas não seria a mesma coisa sem vocês.

Harry já ouvira essa discussão trezentas vezes antes e não estava disposto a entrar na discussão com a amiga.

- Hermione, já conversamos sobre isso. Agora, não, por favor! - diz o garoto irritado.

- Harry, agora sim! Você tem que ser razoável. Entendo que as lembranças são dolorosas demais, mas não é só você que tem que lidar com isso. Todos nós estamos psicologicamente abalados com tudo. Pensa que não percebi que nunca mais você dormiu uma noite inteira sequer? Ir para Hogwarts nesse momento, NÓS CINCO – diz ela olhando expressivamente para todos à mesa – seria algo que poderia ajudar a todos a seguirmos em frente.

- Acho que concordo com ela – murmura Jorge do outro lado. – Não sei se estou preparado para ficar sem vocês e sozinho nesse momento. Voltar para Hogwarts, me cercar de amigos e rostos conhecidos certamente não seria uma má ideia.

Ronald permanecia calado. A julgar pelo seu olhar culpado, Harry tem quase certeza de que ele estava considerando tudo. Podia imaginar a si e seus amigos nos corredores do castelo novamente, por mais doloroso que tal pensamento lhe fosse.

- Querido, seria realmente ruim retornar? – pergunta a Sra. Weasley. – Você é mais do que bem-vindo aqui. Já se passaram três meses, e nenhum de vocês está buscando uma forma de lidar com suas vidas aqui fora. Enfrentar Hogwarts nesse momento poderia ajudar a todos melhorarem, um primeiro passo para todos vocês. Sinto inveja de vocês por terem essa opção, até mesmo Gina, que fez o sétimo ano, foi convidada. Não que o último ano dela tenha sido exemplar, com todos aqueles comensais na escola, e vários remendos nas disciplinas. - A Sra. Weasley para uns instantes e parece refletir sobre algo. - Creio que essa conversa é inútil. Vou usar minha carta de mãe e dona desta casa, e agora não estou pedindo, mas ordenando a todos que voltem. E não quero ouvir reclamações. Se até o Natal perceberem que não está ajudando, então pensaremos em outra coisa, certo?

Hermione sorria triunfantemente; ela sabia que depois da intervenção de Molly Weasley, a conversa estava encerrada

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Hermione sorria triunfantemente; ela sabia que depois da intervenção de Molly Weasley, a conversa estava encerrada.

- Bom, já que obviamente voltamos a ter todos dezesseis anos e perdemos nosso poder de escolha, não resta muito a se discutir – diz o garoto com uma irritação fingida.

- Então, sejamos práticos. Acho que temos uma visita ao Beco Diagonal para fazer – acrescenta o Sr. Weasley com uma piscadela – e quanto antes, melhor! Só Merlin sabe o quanto necessito de bruxos adolescentes felizes novamente nessa casa, e principalmente FORA DELA!!!

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A Redenção da SerpenteOnde histórias criam vida. Descubra agora