- CAPÍTULO DOIS - Um avistamento inesperadamente inesperado

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Harry Potter sabia que era um bruxo, um bruxo de dezoito anos que, em toda a sua vida, teve algo pelo qual lutar. Era estranho pensar assim, pois durante todos os anos em que se conhecia por gente, sempre ouvira a pergunta: quando seria a próxima batalha? O próximo desafio? A próxima criatura a ser derrotada? O próximo feitiço a ser aprendido? O próximo segredo sobre si a ser revelado? E agora, nada, absolutamente nada. Pela primeira vez, o futuro era uma incógnita. De certa forma, quando foi atingido pela maldição de Voldemort na Floresta Proibida, uma parte de si mesmo se foi junto com a última horcrux. Aquela pessoa estava para sempre morta naquela floresta, e o indivíduo que o encarava através do espelho era uma pessoa magricela totalmente desconhecida. Por mais que a cicatriz fosse a mesma e os cabelos rebeldes ainda permanecessem assim, sabia em seu interior que já não sabia quem era Harry Potter. Essa percepção sobre si mesmo, por mais estranha que fosse, o deixou com uma expectativa que não sentia há tempos.

Sentia muita falta de Hogwarts, mas da Hogwarts de antes, que o acolhia como sua casa. Aquela que sempre esteve ali o esperando durante as intermináveis férias de verão na casa dos Dursleys. Sentia falta dos professores, das aulas, dos banquetes no Salão Principal do castelo, dos fantasmas e até mesmo da rivalidade entre as casas. Isso o levou ao seguinte pensamento: como os sonserinos estavam após os eventos da guerra? Na verdade, como estaria um certo rapaz de cabelos loiros e olhos cinzentos que o atormentou desde o primeiro momento que o viu? Harry ainda guardava a varinha de Malfoy. Estranhamente, sentia-se grato à família do garoto, que, mesmo com todas as decisões erradas que tomaram, foram cruciais para sua vitória. Os Malfoys, no último momento, se redimiram para com ele. Pelo menos Narcisa, que, por mais que o tenha ajudado visando benefícios próprios, para proteger sua família e seu filho, ainda assim o ajudou. O coração de Harry estava em dívida com os Malfoy's.

Nada seria como antes, e Harry já tinha feito as pazes com isso. Sabia que um novo capítulo de sua vida estava prestes a começar. Por mais que não houvesse uma profecia indicando o caminho, enfrentaria o que viesse como sempre fez, com um pouco de sorte (ou muita) e a ajuda dos amigos (HERMIONE).

Naquele momento, Harry estava se preparando para ir ao Beco Diagonal com os Weasley's. Por algum motivo que não soube naquele momento, apanhou de sua gaveta duas varinhas avulsas que seguiam sem utilidade. Fazia um bom tempo que não pensava nos donos dessas varinhas, mas decidiu levá-las consigo mesmo assim...

Seria bom sair da toca e dar uma volta, sentir-se um pouco normal para variar. Harry não conseguiu se animar muito com a ideia de retornar ao castelo antes, mas agora a expectativa tomava conta não só dele, mas dos amigos também.

O Sr. Weasley os acordou bem cedo na quarta-feira seguinte. Depois de comerem rapidamente uns trocentos sanduíches de bacon cada um, eles vestiram os casacos, e a Sra. Weasley apanhou o já conhecido vaso de flor no console da cozinha e espiou dentro dele.

- Estamos com o estoque baixo do pó de flu, para variar, Arthur – suspirou – Teremos que comprar mais hoje... mas agora vamos, vamos! Poderíamos ir aparatando, claro, mas levamos as tradições muito a sério nesta casa. Harry, vá primeiro, fale alto e claramente. Não queremos você perdido na Travessa do Tranco novamente, não é mesmo? Olhos fechados e cotovelos colados ao corpo, querido. Ande, vamos.

Harry apanhou uma pitada de Pó de flu e avançou até a beira do fogo, inspirou profundamente, lançou o pó nas chamas e entrou.

- Beco Diagonal – gritou.

Os sanduíches de bacon certamente estavam querendo voltar por outro buraco que não o certo. Caiu de cara no chão, em cima de uma pedra fria, com vários livros ao redor, e sentiu os óculos quebrarem.

Como um lufano desajeitado, levantou-se do chão, lançou um "oculus reparo" e seguiu em frente na Floreios e Borrões, esperando os demais Weasley's e Hermione.

As cartas que receberam especificavam os seguintes livros:

As cartas que receberam especificavam os seguintes livros:

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- Harry! – gritou Hermione atrás do garoto. - Estou tão entusiasmada em voltar à rotina. Estou com tantas saudades e não vejo a hora de passar horas e horas na biblioteca. Finalmente, teremos acesso livre à seção reservada. Você pode imaginar? A seção reservada? Todinha para mim? E o melhor, não precisaremos nos esgueirar pela madrugada com a capa da invisibilidade, haha.

- Oh, Mione, aposto que você está empolgada com tudo isso, mas te garanto que disso não sinto falta – disse Harry sarcástico.

- Harry, Mione só está sendo a maníaca, nerd e irritante de sempre, ou seja, apenas está sendo ela mesma, não é amor? – comentou um Rony apaixonado.

- Ronald! Não me chame assim. Sabe que fico envergonhada. E além do mais, não pense você que seu "romantismo" e apelidos "carinhosos" vão me encantar para fazer seus trabalhos!

- Pelo menos ele demonstra algo – alfinetou Gina - ao contrário de outros, não é mesmo, Harry?

- Xiii, problemas no paraíso, Harry? – sussurrou Jorge para Harry.

- Cala a boca, Jorge. Harry só tem um jeito diferente de demonstrar seu afeto – disse Hermione depressa, tentando evitar uma possível discussão.

- Sei – respondeu uma Gina triste com um sorriso que não chegava aos olhos.

Harry não sabia como se livrar daquela conversa. Outra coisa que ele percebia ter mudado foi sua dinâmica de relacionamento com Gina. Cada vez mais, ele a enxergava apenas como irmã. Não sabia como aconteceu. Olhava para os lábios da garota e não sentia a vontade de se perder neles ou escutar o que eles tivessem para dizer. Sentia-se culpado ao pensar nessas coisas, mas era simplesmente inevitável concluir. 

Após realizadas as compras na Floreios e Borrões, o grupo separou-se para as demais tarefas do dia. Harry decidiu seguir sozinho. Não que não quisesse a companhia de Rony e Hermione, mas ultimamente, percebia que estava sempre sobrando. Estava feliz por eles, mas segurar vela estava fora de questão hoje. Queria um tempo para ficar só, portanto, decidiu caminhar sozinho e realizar o restante das compras sozinho. Em meio à sua jornada consumista e perdido em pensamentos, percebeu um par de cabeças loiras seguindo para o Sr. Olivaras. Seus pés tomaram as rédeas e decidiram seguir em frente antes de sua cabeça processar a informação e concordar com eles. Como queria se esconder debaixo da capa de invisibilidade, pensou Harry aflito, porém os dois à frente já haviam avistado o garoto. Agora não adiantava voltar.

 Agora não adiantava voltar

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A Redenção da SerpenteWhere stories live. Discover now