다섯 [ 5 ]

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Eu acho estranho como uma pessoa pode mudar com alguém, seja pela sua presença ou ausência.

Eu não tenho muitos amigos, entretanto os poucos que tenho preenchem todo o espaço. Meu pai dizia que eu era uma criança estranha, eu sempre preferia ficar sozinho, e embora algumas crianças tentassem fazer amizade comigo, eu dava as costas e ia saia de perto.

Eu nem sequer lembro quando deixei Hyunjin entrar em minha vida, talvez ele sempre fosse a pessoa certa a ser meu melhor amigo, crescemos juntos, passamos pelo ensino fundamental e ensino médio ao lado um do outro. Ele sempre está em qualquer memória que possa me lembrar.

Hyunjin foi o que deu brecha para nossos outros amigos, fazendo assim nosso grupo. E foi com ele também que dei meu primeiro beijo e me descobri gay. Eu nunca pensava de um outro lado quando via as garotas da minha escola e isso sempre me atormentou. Jinnie foi quem se confessou pela primeira vez na nossa amizade, então dei espaço para me assumir também e na sétima série decidimos nos beijar para apenas confirmar, mas com ele foi extremamente estranho.

Nunca houve algo a mais, e seria até estranho imaginar o loiro de uma forma amorosa.

Eu conheci Cristopher no último ano do ensino médio, ele era o típico novato perdido pela escola, e estranhamente eu fui o primeiro a me aproximar dele. Além de tudo ele foi meu primeiro namorado, o primeiro que eu realmente senti algo, - claro que antes eu tive alguns crush's em alguns garotos da escola, mas não passava de uma admiração ou atração - o primeiro com quem eu tive a experiência de pura luxúria e excitação, foi com ele que eu tinha uma rotina. E ver que isso despencou de uma forma repentina ainda me assusta.

Eu não consigo de jeito nenhum tirá-lo da minha cabeça rapidamente.

Apenas não consigo.

Segundo algumas pesquisas que fiz durante um momento de solidão, o período para "esquecer" alguém que ama é de três meses. Mas sinceramente eu acho que isso varia de cada um.

Eu não sei porque comecei a beber, eu não era assim, então por que bebidas alcoólicas me parecem tão atrativas ultimamente?

Eu nem consigo mais contar quantas garrafas eu ingeri das misturas malucas que consegui fazer. Mas quando dei por mim eu já não estava mais na minha própria casa e sim vagando pelas ruas da cidade. Meu celular estava em minha mão, eu não sei porque essa chance me pareceu tão favorável, mas logo percebi que eu já estava discando aqueles malditos números que eu ainda tinha gravado na cabeça um por um.

E foi quando eu ouvi aquela doce voz do outro lado da linha.

Alô? Felix...? — eu não conseguia dizer nada, ouvir sua voz já me confortava o bastante — Aconteceu alguma coisa? — eu queria poder respondê-lo, mas nenhuma fala saia, era como se estivesse entalado em minha garganta, mas eu sabia que ele podia ouvir minha respiração.

Ouvi um suspiro na linha, subitamente sentindo as lágrimas silenciosas descendo por minhas bochechas.

Vá dormir, uh? Está tarde. — percebendo que eu não iria dizer nada ele apenas murmurou um "boa noite" e desligou.

Eu sabia que não iria mais te-lo para mim, a verdade era sempre a mais dolorosa notadamente. Aproveitando o meio mais fácil e cabível a mim, disquei o número de Hyunjin.

O que foi, Loirinho? — o mais alto atendeu.

— Jinnie...? D-Desculpa... — eu estava tonto, minha voz estava embargada pelo choro que finalmente se iniciou.

Você ta' bêbado? Onde você está?

Olhei em volta e a rua estava vazia, eu não sei onde estou. Me encostei no muro e voltei a falar:

Por que tudo é tão difícil? Eu não aguento mais essa droga! — praguejei me enojando cada vez mais.

Aish... O que eu faço com você?

— Felix? — olhei para frente e logo vi Changbin saindo de seu carro, vindo em minha direção. — O que está fazendo aqui? Céus, que cheiro horrível. Você andou bebendo?

Visto que eu não iria responder, ele rodeou minha cintura larga com seus braços e me puxou para um abraço. Ele descansou a cabeça sobre a minha, e me senti confortável o bastante para deixar meu rosto sobre seu ombro, encharcando sua camiseta.

Hyunjin talvez tenha desligado a chamada após ouvir a voz do Seo, ou simplesmente ainda esteja ali. Mas quer saber? Eu não quero me importar.

Agarrei a camisa do Seo retribuindo o abraço que por esse tempo esteve tão bom. Changbin não me fez perguntas, compreendeu que eu precisa do silêncio.

[...]

— Vá tomar um banho — iniciou — eu vou fazer um chá para você.

— Eu não... Preciso. — iria subir a escada, mas acabei tropeçando no primeiro degrau, minha cara quase foi ao chão, mas consegui me sustentar pelos braços e então acabei me sentando ali.

Changbin veio até mim e levantou meu tronco, passou um dos meus braços por seu ombro e me segurou pela cintura, me ajudando a andar até a parte de cima da sua casa, abriu a porta de seu quarto usando o pé, e me deixou sentado na tampa da privada do banheiro que ficava em seu quarto.

— Uh... Consegue tomar banho sozinho? — neguei com a cabeça baixa e ouvi ele murmurar algo desconexo. — Certo.

O acastanhado levou ambas mãos até a barra da minha camiseta, levantei os braços e então o tecido foi tirado de meu corpo. Seo se agachou diante de mim e começou a abrir os botões do meu jeans escuro, em seguida abaixando o zíper.

Todos seus movimentos eram calmos e precisos, eu olhava atentamente para onde suas mãos iam.

Apoiei minhas mãos em seus ombros para facilitar quando o mesmo abaixou minhas calças, me deixando apenas com a roupa íntima. Changbin se levantou e me fez apoiar em si novamente, nos levando até dentro do box. Ligou o chuveiro e deixou que a água quente caísse no meu corpo.

O mais velho pegou o sabonete e começou a passar por minhas costas, e então meus ombros, braços, pernas.

Céus, eu estou tão nervoso, droga de álcool no sangue.

O silêncio ainda reinava no quarto mesmo depois de eu me vestir com uma das camisetas e uma calça de pijama do mesmo. Descemos para a parte de baixo da casa e ele começou a então fazer o chá do início.

— Eu espero que goste de chá de hortelã, pois é isso que irá tomar. — comentou o acastanhado de costas para mim enquanto passava a água fervente para a xícara.

— Minha avó fazia todos os dias, então eu aprendi a gostar. — consegui dizer já melhor e pude ver crescer um sorriso mínimo em seus lábios.

Changbin deixou a xícara em minhas mãos quando o chá ficou pronto, e eu fui bebericando aos poucos. O mesmo saiu da cozinha e ouvi o som dos seus passos se distanciando aos poucos, mas logo sem perceber ele estava de volta, mas dessa vez indo em direção a sala com um cobertor e um travesseiro nas mãos.

Deixei a xícara já vazia na pia e fui em direção do moreno que arrumava as coisas no sofá.

— O que está fazendo? — perguntei o óbvio.

— Você pode dormir na minha cama, eu durmo aqui. — ele passa por trás de mim apenas para apagar a luz, e volta então deitando no sofá.

— Certo... Boa noite, Binnie.

— Boa noite, Felix. — se virou talvez para se aconchegar melhor.

Subi lentamente as escadas para não fazer barulho e entrei no quarto de Changbin, essa é primeira vez que eu paro realmente para analisar todo seu quarto, o que de fato é o cômodo onde mais está impregnado o seu cheiro.

Me arrumo nos lençóis da cama e cubro meu corpo para finalmente descansar. Mas não sai da minha cabeça a situação que eu me envolvi ao aceitar me deitar nessa cama.

Just A Month | Changlix (REESCREVENDO)Where stories live. Discover now