Aqui

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Retorno à sala em silêncio, dessa vez não olhando para ninguém.

Foi um exagero pensar em tudo aquilo, daquela forma. Não é nenhuma salvação que ele tenha me tocado, não é nada que eu não pudesse viver sem pelo resto de minha vida, nada que devesse fazer meu coração acelerar daquela forma. Ele é exatamente igual aos outros, sendo defeituoso ou não.

Porque ninguém se importa com ninguém.

Abro minha tela, dessa vez trabalhando, e sentindo meu peito queimar, mas não de uma maneira agradável ou positiva. Quero ficar longe dele, por que minha tela têm que ser tão perto? Não vou olhar, não preciso olhar em seus olhos para ser educado ou ter boa convivência, não preciso ser o primeiro a dar bom dia.

Não preciso de nada disso.

O dia passa, e esses pensamentos apenas se repetiam sem parar desde que saí daquele banheiro. E assim que chegasse ao apartamento, tomaria a superdose, e amanhã estaria no controle novamente. Eu não quero me sentir como aquele cão, nem experimentar nada disso. Me sinto exausto, muito mais que o corriqueiro, e só quero sair dessa sala. Todos começam a se mexer, desligando suas telas, que mostravam a imagem do Olho até apagar. Sinto a presença dele ao meu lado, se movendo finalizando suas atividades. Se ele iria diretamente aos apartamentos, não quero ter que segui-lo agora.

Continuo trabalhando, sem me mover, aproximando para detalhar algumas das primeiras estrelas que salpiquei naquele espaço vazio e escuro, ainda parado no lugar.

Ouço quando ele se afasta, e todos se afastam, me deixando sozinho.

Por que ele sorri sobre o que Taehyung fala com ele, mas me diz que sou um incômodo?

Comprimo os lábios, continuando meu trabalho. Observo minha mão, deslizando o cursor pela tela.

Minha pele arrepia, quando a memória instantaneamente vem a minha mente. Ele tocando meu rosto, depois de me proteger do tremor. Encaro a tela, já não enxergando-a de fato, pensando. Olhou para a palma de minha mão, largando o cursor de lado.

A minha outra mão, deixa a barra de ferro, se aproximando da esquerda. Toco meus dedos, não como fazia com meu corpo, quando me lavava ao tomar banho, porque é como se estivesse fazendo algo absolutamente novo.

O deslizar do meu indicador no dorso da mão, é suave, e é como se uma pequena carga elétrica acompanhasse meu próprio toque na pele. Quase imperceptível.

Olho ao redor, em alerta, como se alguém me vigiasse. Mas estou sozinho. E pela primeira vez em alguns dias... De alguma forma foi um alívio saber disso. Olho pela grande janela de vidro, assistindo o entardecer chegar, escurecendo tudo, enquanto o cinza ganhava força até chegar ao breu.

Isso me leva a lembrar da tela laranja, em que Jimin está trabalhando.

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Não me dei ao trabalho de ir à aula coletiva, porque me pareceu diferente ficar na sala onde trabalho até tarde. Tudo escurecia, e nenhuma luz acesa, enquanto estava sentado no chão. Foi simples, solitário, mas de alguma forma novo.

Volto ao apartamento, me troco para tomar banho.

_Volto logo, Síria. _comento com o Robô, fechando a porta.

Entro no banheiro devagar, verificando estar sozinho, e começo a me despir. Observo a água quente, antes de ficar debaixo, aproveitando a sensação. Se ia voltar a tomar os supressores, tudo aquilo ficaria simplório de novo.

Então devo aproveitar as últimas sensações agradáveis e bloquear as que envolvem Jimin. Encaro a parede, lembrando de seu rosto. Por mais que negasse, a memória dele ainda aquecia meu peito de uma forma agradável.

NÓS | Jikook [CONCLUÍDA] (BETANDO)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora