Quando volto ao apartamento, tudo que consigo fazer é rabiscar o rosto de Jimin, como pretendia fazer pela tarde inteira.
Estava ansioso, com as mãos frias e no entanto suadas, mordiscando a boca enquanto trabalhava em traçar seu rosto diversas vezes, passando a formar apenas os detalhes, a boca, os olhos com pálpebras inchadas, as pupilas castanhas dilatadas, o nariz delicados, as mãos de dedos cheios e delicados.
Não noto a ausência de Síria circulando, por ainda estar desligada. Mal olho para a janela quando aquela mensagem estúpida se faz ser ouvida no ambiente, por me sentir em completo desacordo com suas inverdades.
O amor... Ele não é capaz de causar guerra alguma, muito menos à extinção de toda uma espécie. Se ele existe, é algo grandioso e nobre demais para isso, talvez um dom que nenhum de nós seja capaz de reproduzir, e sentir em toda a sua amplitude. Mas podemos certamente, experimentar.
Dois toques suaves na porta são o suficiente para que eu me levante às pressas, sentindo o coração palpitar no peito, me fazendo engolir com dificuldade, enquanto meus lábios tentavam sorrir, tremendo demais para isso.
Abro a porta devagar, pressionando meus lábios um contra o outro enquanto ele entra, cauteloso, olhando para os lados e me observa fechar o espaço por onde veio, antes de abrir os braços vindo em minha direção, abraçando minha nuca, ao passo que circulo sua cintura, colocando o rosto em seu pescoço.
_Tudo bem? _questiona, mas não afrouxo o abraço entre nós. Meu corpo sentia sua falta.
Assinto, sem falar nada, enquanto meu coração queimava no peito. Não era agradável. Ele se afasta mesmo a meu contragosto, escorregando as mãos até segurar meu rosto. Eu não conseguia olhar em seus olhos, mas me sentia angustiado, buscando aplacar aquele nervosismo com qualquer coisa, qualquer toque.
_Jungkook... _chamou, com a voz macia que me fez arfar, o ar saindo trêmulo de mim. Eu me sentia tremendo também. _Jungkook... _segurou meu rosto tentando levantá-lo quando o abaixei, sentindo alívio pelo seu calor se fazer presente, mas não curado daquilo, como pensei que estaria.
Neguei com a cabeça, mordendo a parte interna de meus lábios. Jimin percebe, e com o polegar aparta ambos, me fazendo parar. _Meu bem, olhe pra mim. _pede, e eu sabia que seria incapaz de negar novamente, ao ouvir seu tom de voz, sentindo carícias em meus ombros.
Ergui o olhar, encontrando o seu, que me parecia preocupado.
Desviei, odiando aquela visão.
O que estava acontecendo comigo?
_O que foi, Jungkook? Conte pra mim o que aconteceu. _pediu, ajeitando uma mecha de meus cabelos, penteando-os com os dedos, fazendo com que eu fechasse os olhos, relaxando um pouco com a carícia.
Aperto os olhos fechados, engolindo a saliva e levando minha mão até o peito. _Eu me sinto... Sem descanso. _falo, no meio de um suspiro.
_Explique melhor. _pede, enquanto me mantenho de olhos fechados, para que conseguisse traduzir o que estava sentindo.
Respiro um pouco mais, antes de voltar a falar. _Meu peito dói, e arde. Eu fico assustado. Mas não é como quando acontece por sua causa... _conto, nervoso por sua reação, abrindo os olhos minimamente, apenas para vê-la.
Ele mantém a expressão neutra. _Por minha causa?
Assinto. _Quando eu te vejo... Eu sinto meu coração acelerar. E quando você me toca, eu também fico... _não consegui dizer mais nada, mas ele pareceu entender. _Mas é pior. Eu pensei que iria melhorar quando você chegasse, mas não melhorou, não parou, Jimin. _falo, com certo desespero na voz falha.
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NÓS | Jikook [CONCLUÍDA] (BETANDO)
Fanfiction[Concluida] No futuro os sentimentos foram exterminados após a extinção quase completa da humanidade. Sem Toques. Sem sensações. Sem cor. Mas por obra do acaso, Jungkook acaba por conhecer o que não deveria mais existir. [FINAL FELIZ, inspirada em:...