Capítulo 22 Sequestro frustrado.

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Os dias que se seguiram foram estranhamente calmos. Adquiri uma rotina leve que consistia em analisar documentos de guerra do meu pai que eu achara escondidos em um tampo falso no teto do escritório e descobrir o que eu realmente poderia fazer com a mensagem da rebelião enviada pela dona Anastácia.

"Na guerra não existe príncipe."

Seria esta a melhor forma que ela encontrou de me dizer que a cabeça do filho real estaria a prêmio? Seria esta a mensagem a ser passada entre eles, sem príncipe, sem reinado e então bastaria apenas derrubar a coroa e instalar a democracia no país?

Estava eu, sentada no chão da sala, entornada com papéis velhos e embolorados, quando escutei um barulho vindo do andar superior. Mais que depressa, enfiei os documentos dentro do livro "O príncipe", que eu havia recebido, prendi-o no meu cinto, por dentro da calça, e o cobri com a camisa. Ao levantar, fui direto para a cozinha, encontrei uma faca de cortar carne e a segurei com força, quando um membro da rebelião derrubou a porta de entrada em uma solada forte e outro homem descia as escadas às pressas.

Escondi-me atrás da porta da cozinha, segurando a faca encostada no meu braço com a lâmina para fora seguindo a linha até meu cotovelo. O primeiro homem passou o limite entre a porta e a própria cozinha. Tinha, aproximadamente, 1,70 m de altura. Segurei seus cabelos negros entre meus dedos e, em um golpe rápido e preciso, deslizei a faca de uma extremidade a outra do seu pescoço.

No segundo que os joelhos dele tocaram o chão, eu o soltei e pude ver seu rosto. Era um garoto extremamente bonito, não devia ter mais do que 16 anos. Fiquei pasma por alguns segundos, imaginando que eu tirei a vida de uma criança que tinha exatamente tudo pela frente. Engoli o sentimento e me contive depressa. Ao me virar, deparei-me com o segundo homem, um pouco mais velho e bem maior. Era forte e robusto, seus músculos ultrapassavam o tecido da roupa que, para o tamanho dele, parecia justa. Mal tive tempo para refletir quando seu cotovelo atingiu em cheio meu nariz. Dei alguns passos para trás, cambaleando, até que consegui apoiar meus pés com firmeza e revidei. Medi uma distância adequada, tentando um soco do qual ele desviou e, em seguida, a cotovelada armada pela minha faca, que pegou no rosto dele de raspão.

O homem, enfurecido, desferiu um soco contra o meu estômago e me arremessou em cima da bancada, fazendo com que minha faca voasse longe. Deu-me uma sequência de socos. Alguns atingiram meu rosto e dorso, e outros, a própria bancada. Em uma das extremidades da bancada, ficava o fogão até onde ele me arrastara pelos cabelos e forçava uma de suas mãos no meu rosto contra a chama enquanto eu segurava sua outra mão.


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Laura Sophia Heyes (Degustação)Where stories live. Discover now