Capítulo 30 Não faz isso, está todo mundo olhando...

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Naquela manhã, eu estava sentada em minha cama. Fui transferida da enfermaria para o quarto azul que a Ivy havia me mostrado quando cheguei ao palácio. Reli a carta de minha mãe uma sequência absurda de vezes.

A cada momento, lembrava-me dela e de meu pai e de Luke. Meu coração doía por pensar que nenhuma daquelas pessoas que cresceram comigo estariam na minha vida daquele momento em diante.

"Não mate inocentes."

Aquela frase martelava na minha cabeça que chegava a doer. Eu via até nos meus sonhos o rosto daquele menino na minha cozinha e, também, o soldado Nicolas se desfazendo em minhas mãos. Costumava acordar assustada e aos berros. A ferida instalada no meu ombro por cima da outra que já estava ali, quase não doía mais, mas podia sentir meu braço direito dormente algumas vezes.

Ivy e Megan entraram juntas no meu quarto. Megan havia sido readmitida no palácio e radiava alegria. Ambas traziam uma caixa enorme e a colocaram em cima da cama.

– Está maravilhosa, senhorita Laura. – disse Ivy.

Meu cabelo estava amarrado em um coque frouxo, as mechas soltas estavam com cachos, meus olhos verdes emoldurados em uma maquiagem nude e, nos lábios, um batom rubro, como o sangue. Megan e Ivy ajudaram para que eu me vestisse. Era um enorme vestido creme com detalhes dourados, longo, de saia rodada com uma pequena cauda.

– Laura? – chamou-me Edgard ao entrar no quarto. – Você está... Uau!

– Oi, Gard. – sorri com ternura a ele e o abracei. Havíamos ficado mais próximos depois do ocorrido. Edgard, como de direito, assumiu o trono da França depois do meu pronunciamento oficial como herdeira legítima, no qual eu esclareci que ele era meu irmão de sangue e, portanto, legítimo herdeiro.

Edgard havia assumido o trono ao lado de Madson Fox, o mais interessante é que Mad nunca ligou para essas bobagens de princesa, mas a coroa lhe caía muito bem.

– Está pronta, Lau? – perguntou Edgard. Assenti com a cabeça.

– Espera! – abri a gaveta da minha cômoda e guardei a carta de minha mãe ali, junto com a minha adaga, o livro da senhora Anastácia Blade e as anotações de meu pai. Passei os olhos rapidamente pelos bilhetes do Dilan, amarrados em uma fita de cetim e, ao lado, aquele potinho com pequenas estrelas que eu recolhera na minha casa.

Caminhei ao lado do então rei Edgard, de braços dados, em direção ao grande salão. O salão estava decorado em creme e dourado, com tecidos esvoaçantes e fores do tipo margaridas. Os soldados usavam suas roupas habituais, muito elegantes, e os convidados vestiam smokings e as convidadas, vestidos longos.

Ao entrarmos, milhares de pessoas olhavam para nós, radiantes. Dentre eles, minhas amigas Miranda, de braços dados com Antonie; Madson que, com a sua coroa francesa exuberante, estava em pé ao lado de Alice e Janelle. Sorri ao vê-las, desviando o olhar rapidamente para o outro lado do salão e lá estavam Dean, Anastácia e Daisy Blade e, também, Igor, o cachorro. Um pouco mais à direita, Sophie e Theodor me olhavam e sorriam de mãos dadas. Luane, amiga de Luke, estava acompanhada por Christopher, o piloto. Do outro lado, Sra. Mathilda, então chamada de Epitáfia, junto com Megan e Ivy.

Meus olhos mais do que depressa correram ao encontro de Dilan, que estava no centro, entre sua mãe, rainha Lisandra e o chefe da guarda, Elijah. Ele ficou imóvel quando me viu, meio boquiaberto. Achei graça de sua reação.

Edgard me acompanhou até o centro do salão, fiz uma longa reverência à família real. Dilan ergueu meu rosto.

– Hoje, a senhorita não deve reverenciar ninguém, Laura. – ele disse, calmo e pausadamente. Em seguida, Dilan me reverenciou, seguido de todos os presentes e segurou uma de minhas mãos.


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Laura Sophia Heyes (Degustação)Where stories live. Discover now