9ª Semana

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Precisei de apenas alguns dias para encontrar uma clínica de aborto. Sabrina, que ainda não aceitava a ideia deu fazer isso, me ajudou a encontro um lugar que tinha as menores chances de dar algo errado. Matheus ainda era o mais contra e sempre que podia tentava me convencer do contrário, mas eu passei a ignora-lo. Mesmo com sua negação e insistência em eu não fazer, Matheus se juntou a Sah e me deram dinheiro para ajudar a pagar, já que só minhas economias não eram suficientes.

Eu pensava em tudo isso enquanto estava no ônibus seguindo para a clinica. As coisas na escola estavam... estranhas, para dizer o mínimo, entre Lucas e eu. Ele não me olhava como sempre fazia em momento que ninguém notava, e quando nos esbarramos no corredor ele desviou de mim como se eu fosse uma desconhecida. Aquilo tudo doía como um golpe mais profundo em meu coração. Eu sabia que era culpa minha estar dessa forma, pois não devia ter permitido deixar meus sentimentos se aprofundarem tanto por ele.

Olho para as duas cadeiras na frente, onde Matheus e Sabrina estavam sentados. Os dois não conversavam e eu via seus ombros tensos. Eu não estava tão diferente e entendia que ainda estavam chateados pela minha decisão, mas eu havia ido a igreja ontem e pedia a Deus na minha oração que me protegesse e deixasse que tudo ocorresse bem, e que se não fosse para ser aquilo que me enviasse um sinal, então ali estava eu, seguindo para o destino que Deus queria que eu tomasse.

Vejo que o ponto de referencia para descer estava chegando, então começo a sentir o nervosismo de verdade, pois até então era apenas um passeio de ônibus pela cidade para uma área que eu não conhecia. Levanto e Sabrina com Matheus se levantam vindo atrás de mim. O ônibus para e desço ignorando a sensação de nó que sinto se formar em meu estomago.

- Pra onde agora? – pergunta Matheus sem humor.

- Duas ruas depois. – digo olhando o google maps em meu celular.

Os dois andam lado a lado comigo, e quanto mais passos eu dava em direção a clinica, mais sentia o nervosismo me tomar. Comecei a pensar em outra coisa, como no fato daquele bairro ser classe média alta. As casas eram tão bonitas que era difícil acredita que uma clinica fazia aborto ilegalmente ali.

Duas ruas depois dobramos e seguimos mais um pouco até achar uma casa um pouco mais caprichada em sua arquitetura quanto as outras, havia um discreta placa com o nome da clinica. Troco um olhar com meus amigos e respiro fundo antes de entrar. Por dentro tinha mais cara de clinica que do lado de fora, mas dava para ver que era uma casa na sua essência. Havia duas mulheres ali, que olharam pra mim quando entrei, mas não prestei tanta atenção nelas, apenas segui até a moça atrás de uma mesa com computador.

- Oi. Boa tarde. – digo timidamente e ela olha pra mim – É, eu sou a Barbara, marquei uma hora por telefone.

Minhas palavras eram muito incertas e desajeitadas. Eu estava nervosa e não sabia nenhum pouco como se devia falar naquele lugar. A mulher me olha dos pés a cabeça e dá um sorriso curto.

- Boa tarde. Barbara de que? – seus dedos se preparam sobre o teclado do computador.

Lhe digo meu sobrenome e ela digita no teclado. Aguardo um instante até que ela parece achar.

- Barbara Ribeiro Machado, isso? – ela me olha brevemente e eu assinto com a cabeça – Preciso da sua identidade. – diz se virando e pegando uns papeis com uma prancheta e me entregando – e que assine esses papeis.

- São para o que? – olho os papeis os pegando.

- É um questionário e autorização para o procedimento.

Assinto já lendo as perguntas que faziam ali.

- Você pode sentar e me entregar tudo depois. – diz ela.

32 SemanasWhere stories live. Discover now