10ª Semana

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Quanto mais eu esperava um momento perfeito para contar a meus pais que eu estava gravida, mais esse momento parecia não existir. E como um sinal divino, no ultimo domingo durante a missa, o padre falou sobre honrar pai e mãe. Quanto mais ele falava, mais parecia que aquilo era para mim. Olho meus pais sentados ao meu lado, concentrados no sermão do padre e me pergunto como contaria a eles...

Cheguei em casa e fiquei com aquilo na cabeça, mas durante o jantar não consegui dar uma única palavra a respeito, apenas conversamos normalmente sobre termos gostado da missa, ajudei mamãe a lavar a louça e subi para meu quarto, ainda pensando numa forma de resolver isso e ainda tinha a escola para enfrentar no dia seguinte. Na verdade era difícil ver Lucas todos os dias.

Ver Lucas e não nos falarmos, nem ao menos trocarmos olhares, ainda mais lembrando de como foi nossa ultima conversa, isso me deixava com o coração apertado e a mente uma bagunça. Eu tentava ao máximo prestar atenção na aula, mas era tão difícil tento Lucas ali, na mesma sala que eu...

Quando o sinal tocou anunciando o fim das aulas, arrumei minhas coisas e levantei colocando a mochila no ombro e olhei para Sabrina.

- Vou contar agora, quando chegar em casa. – digo a ela.

Passei a aula atormentada por isso, eu não podia continuar escondendo, não importa a reação deles, eu tinha que contar tudo.

- Serio? – me olha suspeita.

- Quer que eu vá com você? – indaga Matheus parando ao meu lado.

Nego com a cabeça. Ele vinha me ajudando muito, sempre preocupado e curioso sobre cada passo que eu dava. Mas hoje meu pai não estaria em casa, e eu sabia que poderia ser mais fácil conversar com minha mãe e depois com meu pai.

- Ela precisa fazer isso sozinha. – diz Sabrina sorrindo e me dá um abraço – Vai dar tudo certo. Qualquer coisa pode me ligar.

- Eu sei. – a solto sorrindo, pois realmente sabia que era assim, só que isso não apagava o nervosismo que tinha dentro de mim.

Matheus afasta Sabrina e me abraça, beijando minha cabeça.

- Minha ideia ainda está de pé, sobre eu assumir seu filho. - murmura perto do meu ouvido.

- Não quero mentir assim pra eles e te colar preso a mim dessa forma. – repito o que disse alguns dias atrás quando ele deu a ideia novamente.

- Tudo bem. Só quero que saiba que tem essa opção ainda.

Assinto e beijo a bochecha dele.

- Obrigada.

Matheus me solta, meio sem graça, talvez pelo beijo, e é quando noto que jamais o beijei assim antes.

Me despeço deles e vou para casa, o nervosismo crescendo a cada quadra de rua que ficava mais perto da minha. Quando finalmente desci na minha parada, andei devagar, praticamente contado meus passos, mesmo que isso não fosse me impedir de fazer o que eu tinha que fazer. Paro na porta de casa e respiro fundo, controlando o tremor que começa a me dar por dentro. Conto até dez e entro em casa.

O cheiro do almoço que mamãe preparou estava exalando pela casa. Sorrio por ser carne assada de panela, que eu adorava, e podia apostar que tinha bastante batata cozida. Mordo o lábio sentindo a boca salivar e o estomago pedir pela refeição imediatamente. Sigo para a cozinha e paro na porta, assustada com meu pai sentado na mesa da cozinha, comendo.

- Oi, querida. – diz mamãe me notando – Vá lavar sua mão para comer.

- Oi... – digo um pouco baixo e coloco a mochila no chão, ainda em estado de choque – Pai, o que faz aqui?

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