31ª Semana

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As coisas ficaram ruim.

Matheus foi legal quando contei que havia acabado com o casamento, mas seus pais ficaram chateados e deram um enorme sermão na gente sobre as mentiras e como deixamos as coisas irem longe demais, mas garanti que pagaria tudo a eles. A unica sorte nisso era que o apartamento era algo que eles queriam dar a Matheus quando fizesse dezoito anos, e ganhei todo o enxoval e moveis do quarto que eu poderia pegar quando quisesse, como presente para o bebê que não tinha culpa de nada.

Meus pais se mantiveram indiferentes, mas comentavam sobre os gastas que tinham tido com os preparativos do casamento. Minhas economias, que eu eu pretendia usar para me manter com o bebê depois que ele nascesse, dei toda para meus pais, afim de ajudar a pagar as despesas, mas ainda precisava de mais dinheiro, então eu precisava arrumar um jeito de fazer dinheiro urgente.

Falei com o padre, me confessando novamente e ele foi um pouco mais duro comigo, mas me aconselhou e no dia seguinte uma das coordenadoras da igreja me ligou dizendo que havia algo para mim. Eu daria aulas de reforço para crianças em uma escolinha perto da igreja, não ganharia muita coisas, mas já era algo que me ajudaria a pagar aos poucos os gastos que dei.

Alguns dias depois fui com Sabrina ao obstetra. Com a proximidade do meu parto, eu precisava começar os exames e fazer ultrassom final. As coisas com o bebê estavam bem, ele estava formado direitinho, mas ainda precisava de mais peso. Provavelmente eu teria que ter uma cesariana, mas tentaríamos parto normal mesmo, e era o que eu preferia.

A médica perguntou como estavam as coisas na minha pessoal e eu apenas disse "complicadas", então ela pediu para eu manter a calma e não me estressar, porque apesar dos bons resultados que eu mostrava, quando escorreguei e cai, isso afeitou um pouco minha placenta e a gestação, então era bom evitar riscos para não ocorrer um parto prematuro, que poderia ser prejudicial ao bebê.

Assenti, pois apesar do clima em casa, as coisas estavam tranquilas para mim.

Saímos de lá e fomos tomar um sorvete e jogar conversa fora. Contei a ela sobre a situação em casa, em como estava ruim as coisas e como eu me sentia mal em casa, e ela pediu para eu morar com ela, mas recusei. Seu pai e ela tinham uma vida um pouco corrida, terem um adolescente e em breve um bebê não faria da vida deles um mar de rosas.

- Tem certeza? - insiste ela.

- Tenho, vou me manter lá, por enquanto eles não falaram sobre eu sair de casa, então acho que posso continuar enquanto pago o que devo e depois procuro um lugar para morar com o Daniel.

Ela suspira com os olhos marejados.

- Ai, Bah, isso é horrível, devia ter mantido a mentira.

Algumas lágrimas que tanto custei para segurar, escorrem e as limpo rápido.

- Não. As coisas estavam perfeitas, mas em meu coração eu sentia culpa e isso não estava me fazendo bem. - limpo mais algumas lágrimas - Tem que ser assim, é o castigo por tudo que fiz. Deus não me daria tanta provação se eu não pudesse aguentar.

Ela suspira.

- Se esse Deus fosse bom mesmo, ele não deixaria você dessa forma.

- Ele tem um plano pra mim, Sah, eu sei disso. Confio completamente minha a ele. - olho pra baixo e toco na minha barriga - E também eu tenho Daniel comigo, e sei que quando ele nascer nada vai importar.

Sabrina não diz nada, apenas como mais um pouco do seu sorvete.

- E Matheus, ele já deu sinal?

Nego com a cabeça.

Depois de contar tudo aos pais dele e o sermão, Matheus foi se distanciando. Fazia quatro dias que não nos falávamos. Ele até tinha passado a sentar em outro lugar da sala, longe de Sabrina e eu.

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