12ª Semana

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Dias depois de ter contado para meus pais, sentamos com os pais de Matheus e contamos. Eles ficaram chocados, mas foram mais receptivos a ideia que meus pais. Os pais deles me adoravam, acho que também pensavam que ele e eu casaríamos um dia, e acredito que Matheus ter falado sobre meu pai ter dito que iriamos casar tenha deixado eles mais aliviados a respeito disso tudo.

Após isso as coisas pareceram caóticas. Tive que marcar meu primeiro pré-natal e data do meu casamento com Matheus, coisa que me senti tão mau por fazer, mas que por sorte só tinha vaga para dali alguns meses. Segundo meus pais seria uma vergonha eu entrar na igreja com a barriga já aparecendo, mas era melhor do que a criança nascer em um lar com pais não casados perante Deus. Na verdade, além disso, meus pais pareciam estar ignorando a situação, e acredito que até me desprezando. Sentar na mesa do café e do jantar era o pior momento em casa, pois eles não falavam comigo e sempre na oração pediam a Deus perdão pelo meu erro.

Na igreja ninguém sabia ainda então eu podia agir normalmente por um tempo, mas minha mãe já havia avisado que eu precisava falar com o padre, e eu sabia que no momento que fizesse isso seria tirada dos coroinhas e de ser professora da catequese, e isso era algo pelo qual eu ainda não estava preparada para abrir mão, então levaria aquele segredo até onde pudesse.

O pior era Lucas.

Durante as aulas eu já estava conseguindo me concentrar mais e deixar meus problemas de lado, já que teria que ter as melhores notas se quisesse passar do ensino médio ainda esse ano. Mas durante o intervalo era difícil ver Lucas com outras garotas. Na verdade era difícil ver ele com Patrícia. Os dois viviam juntos o tempo todo praticamente. Eu sabia que era ela quem estava sempre nos mesmos lugares que ele, porém Lucas dava trela, sorrindo, brincando e piscando pra ela, fora que ele me ignorava completamente, era como se eu não existisse.

Em uma tarde de sexta saio da educação física e sigo para o vestiário um pouco antes, não me sentindo tão bem. Estava de cabeça baixa, distraída, e acabo não vendo Lucas vindo na minha direção. Ele para e me segura pelos ombros para não esbarramos, mas rapidamente me solta, como se eu tivesse alguma doença.

- Desculpa. – digo baixo

Ele nem responde, apenas segue pelo corredor desviando de mim como se eu fosse uma alunar qualquer. Mordo o lábio sentindo vontade de chorar e viro seguindo meu caminho. Queria tanto ele ao meu lado, mas foi um sonho ilusório que ele poderia assumir a criança.

Minha única alegria foi a consulta médica. Meus pais não foram comigo, apenas Matheus, mas nem importava pude ouvir o coração do meu bebê e ter certeza que a melhor coisa que fiz foi desistir do aborto. Fui uma estupida por pensar que aquilo era a melhor opção para mim. Naquele momento, ouvindo o coração do meu filho, eu sabia que não importava tudo pelo que estava passando, meu filho era a melhor coisa que a vida podia me proporcionar, e que Deus não havia feito isso comigo em vão.

Após a consulta, Matheus me leva para o shopping, porque tive uma enorme vontade de comer pizza na praça de alimentação. Sabrina disse que era meu primeiro desejo de gravida e queria estar presente naquele momento, então combinamos de nos encontrar lá. Sigo conversando com Matheus pelo shopping enquanto esperávamos Sabrina. Ele estava tão empolgado com a consulta, que era quase possível esquecer que tudo aquilo era uma farsa e o filho era dele mesmo.

- Ei, olha só. – ele para em frente a uma joalheria, com um sorriso animado.

- É uma joalheria, o que tem? – indago confusa.

- Ué, vamos casar, certo? Então acho que um anel de noivado é preciso pra isso. – olha perdendo um pouco do sorriso.

- Você sabe que não. – digo tensa – Que tudo... é apenas fachada. Não vamos gastar dinheiro com isso, tá bom?

32 SemanasWhere stories live. Discover now