Q U I N Z E

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J U N G K O O K

   Já era fim de tarde quando acabamos de arrumar as poucas coisas de Jimin. Eu não queria que ele fosse, mas devo entender que ele tem uma casa e uma família que espera por ele. Ele tem uma vida, e ela não gira apenas em torno de mim.
 
  Ao acabar, fomos para a cozinha à procura de algo para comer. Não vou mentir, me sinto envergonhado em ter tão pouco na geladeira e nos armários. Apesar de sempre estar pouco me fodendo pra tudo e todos, com Jimin é diferente. Ele sempre teve o melhor, e com isso, o que tenho para oferecê-lo não é nada perto do que ele já tem. Mas ainda assim, Jimin insiste em ficar comigo...

- No que está pensando, Jungkookie? - rodeou seus braços em minha cintura.

- Apenas... não me sinto bem sabendo que você vai voltar pra casa. As pessoas não cuidam bem de você lá...

- Aish, não se preocupe, JK! Logo vou voltar para a faculdade, então vou passar menos tempo em casa!

- Jiminie... se tem tanto dinheiro, por que não compra um apartamento e vai morar sozinho? - me virei de frente para si, sentando na cadeira e puxando Jimin para o meu colo.

- Ah, Junggukie... não é tão fácil! - disse enquanto acariciava meus cabelos - Minha família precisa manter a imagem de modelo de família tradicional. Ter o filho morando sozinho antes dos 20 não é o tipo de coisa que fariam.

- Entendo... Bom, pelo menos nenhum dos seus pais está preso ou cometeu suicídio! - ri sem graça.

   Mudamos de assunto antes que eu começasse a ficar realmente mal.
   Algumas horas se passaram enquanto comíamos e conversávamos entre risos e brincadeiras. Jimin me contou histórias do seu passado, e mesmo com uma infância cercada por dinheiro e pressão da família e da mídia, Jimin apontava como qualquer outra criança. Foi divertido vê-lo rir enquanto me contava das vezes que se escondia pela casa apenas para ter a atenção e preocupação de seus pais. O garoto acabou confessando que preferiu ter sido educado por empregados, pois assim teve uma educação humilde e descente, coisa que ele acha que não teria se tivesse sido criado pelos próprios pais.

   Sobre minha infância, preferi não falar muito. A maioria das minhas lembranças de quando era criança envolvem minha mãe, e lembrar dela ainda me deixa meio desconfortável. E também deve ser desconfortavel para Jimin, já que pelo menos 40% do suicídio da minha mãe teve motivação vinda de seus pais. Não quero deixá-lo desconfortável ou fazê-lo sentir culpa. Nem Jimin nem eu merecemos isso.

   Nossos planos de passar o resto da noite transando foram interrompidos pelo cansaço. Jimin acabou comprando mais algumas roupas enquanto estava aqui, e com isso foram mais duas malas para arrumar.
   Tomamos um banho juntos, mas não demoramos muito, já que estávamos realmente cansados e esperando ansiosamente para dormir. Deitamos abraçados na minha cama, aproveitando do calor de ambos os corpos.

- Jungkookie... - sua vozinha rouca e baixinha me chamou quando eu estava quase pegando no sono.

- Uh?

- Você... foi a melhor coisa que já me aconteceu! - disse entre um bocejo.

   Me estiquei um pouco e vi que o garoto já dormia, então deixei um beijinho singelo em sua bochecha e na pontinha de seu nariz, voltando ao meu lugar e inalando o cheiro bom dos cabelos de Jimin para dormir mais rápido, como faço em todas as noites.

(...)

   Acordei sentindo o frio em minhas costas, vindo da janela que fica perto da minha cama. Percebi estar sozinho na cama, e então me sentei rapidamente. Respirei aliviado ao ver que as malas de Jimin ainda estão no canto do quarto. Não demorou muito e ele voltou do banheiro.

⊷ Estocolmo ⊷Where stories live. Discover now