33. Verdades duras e cruas

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Voltei para a minha casa.

Eu estava tão perdida nestes assuntos todos. A Alisson que, afinal, escondia tudo de mim, a Kelly que morreu da maneira mais horrível possível, a Ally que andava por aí a preparar-se para nos matar a qualquer momento... eu estava muito confusa, e não sabia mais como voltar a estar certa das coisas, confiante das coisas.

Eram 22h da noite. Os meus pais tinham saído para ir jantar com um casal de amigos. A Mary tinha ido ao cinema com as suas amigas e a Logan estava com Luther. Ou seja, o horário habitual da família Potter.

Estava uma noite maravilhosa, para novembro quase dezembro. Corria uma brisa fresca tão boa que dava vontade de ir para a praia ver as estrelas, só faltava a companhia.

Eu estava perdida nos meus pensamentos quando cheguei à porta da minha casa e o Will estava sentado nas escadas.

Bia – O que é que fazes aqui?

Perguntei seca.

Will – Oi!

Bia – Oi! O que é que fazes aqui?

Perguntei mais uma vez.

Will – Nós estarmos chateados é estúpido.

Bia – Ainda bem que concordamos em algo.

Ele aproximou-se de mim.

Will – Eu devia de ter te contado o verdadeiro motivo de nos termos mudarmos para cá.

Bia – Ainda bem que reconheces isso.

Will – Mas nada disto tem haver com o facto de nós estarmos juntos.

Bia – Will! Eu disse isso da boca para fora. Obvio que o facto de estarmos juntos não tem nada haver com a tua vinda de Nova Iorque. Mas tu tens que entender que existem certas coisas que não podem ser escondidas assim de mim.

Will – Eu sei que errei!

Bia – Será que sabes? Primeiro foi a Verônica, agora o incendio. Diz-me! Existe mais alguma coisa que eu deva de saber?

Will – Existe muita coisa que tu tens que saber. Mas numa relação nós vamos aprendendo sobre o nosso parceiro ao longo do relacionamento. Tu não queres que eu te dê um livro com todas as merdas que eu já fiz.

Bia – Talvez seja melhor tu escreveres esse livro. Porque na comunicação, nós não estamos a ser os melhores.

Will – Sabes Beatrice, eu vim aqui, tentei-me desculpar, mas tu só me sabes rebaixar.

Bia – Eu estou-te a rebaixar?

Will – Sim! Estás!

Bia – Então agora a má da fita sou eu. Eu é que te rebaixo?!

Will – Não foi isso que eu quis dizer!

Nós estávamos os dois muito alterados, nenhum de nós era bom na comunicação. O que valia era que os vizinhos deste bairro se lembravam de sair quase todas as noites, caso contrário nós teríamos público para assistir.

Will – Obviamente ambos guardamos coisas um do outro. Mas não é justo que eu venha aqui e leve com tudo em cima. Tu também guardas cenas de mim. Onde raios passas quase todas as noites quando eu te chamo para sair e dizes "estar ocupada"? Porque é que sais com os teus "amigos" que até há 3 meses atrás nem se lembravam que tu existias? Que tantos planos e conversas vocês têm que eu tenho que ser excluído?

Mantive-me calada.

Will – Apenas queria que o que tu exiges de mim também me fosse dado por ti.

Manual de Sobrevivência à Adolescência - CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora