35. Máscaras - Parte 2

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No dia seguinte levantei-me cedo e arranjei-me. Era feriado, não me perguntem do quê, apenas sei que não ia ter aulas. Desci e tentei fazer o maior silêncio para sair de casa. Peguei nas chaves do meu carro e liguei-o.

Eu tinha um carro, mas tinha preguiça de o usar, mas hoje ele até ia dar jeito. Liguei-o e fui diretamente para casa da Benedita. Sai e bati à porta, a mãe dela recebeu-me com um enorme sorriso.

Susana (Mra. Sousa) – Beatrice! Olá minha querida! Há tanto tempo que já não te via.

Abracei-a.

Bia – É verdade! Como tem estado? Em relação a tudo?

Susana (Mra. Sousa) – Tento me aguentar, por ela.

Sorri, e ela sorriu de volta, um sorriso de compreensão.

Susana (Mra. Sousa) – Mas entra! Anda comer o pequeno almoço connosco.

Segui-a até à cozinha, e parecia que iam comer 10 pessoas o pequeno-almoço com a quantidade de comida que estava colocada em cima da mesa.

A Benedita já estava sentada a comer.

Bia – Bom dia!

Ela estava tão concentrada que nem deu por mim a entrar.

Beni – Oi! Bom dia! O que fazes aqui?

Ela falou com a boca cheia.

Susana (Mra. Sousa) – Eu hoje não te posso acompanhar à quimioterapia, então a Beatrice irá contigo.

Beni – Contrariada?

Susana (Mra. Sousa) – Benedita!

Repreendeu-a.

Bia – Sempre!

Falei enquanto me sentada ao seu lado. A mãe dela rapidamente percebeu que aquilo era habitual entre nós as duas.

Parecia a primeira vez que eu conheci a Benedita, eu estava contrariada e ela também de certa forma. Agora eu agradeço por ter sido eu a escolhida para lhe mostrar a escola.

Susana (Mra. Sousa) – Depois da quimioterapia, vens para casa e descansas, não te quero a fazer esforços.

Beni – Descansar?! Eu vou ter muito tempo para descansar quando morrer.

Bia / Susana (Mra. Sousa) – Benedita!

Repreendemo-la ao mesmo tempo.

Ela limitou-se a sorrir enquanto comida, ela adorava vernos a repreende-la.

Acabamos de comer e ajudamos a mãe da Benedita a lavar a loiça e a arrumar a cozinha. Depois pegamos nas nossas coisas e saímos diretas ao Hospital.

A viagem foi feita toda em silêncio, acho que não havia realmente algo para conversar. Nós estávamos a ir para a quimioterapia da Benedita, que agora pertencia à pior parte da vida dela, não havia nada que eu dissesse que a fosse fazer se sentir melhor.

Chegamos e entramos no Hospital e fomos rapidamente direcionadas para uma sala onde haviam mais pessoas a fazer quimioterapia, algumas com lenços a tapar a cabeça agora nua, outras a tentarem esconder os pedaços de cabelo que começavam a faltar.

A Benedita sentou-se numa cadeira que dava para inclinar para trás e um enfermeiro veio inserir a agulha e o liquido transparente que entrava pelas veias dela.

Bia – Dói?

Beni – Não! Ainda não deu tempo para doer. Talvez queiras ir lá para fora esperar por mim, isto agora começa a ficar critico.

Manual de Sobrevivência à Adolescência - CompletoWhere stories live. Discover now