Conto 10: Confissões na Noite

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O convento se mantinha silencioso e escuro naquela noite, o hábito me incomodava, eu sentia calor, esse desconforto ja vinha a alguns dias e estava colocando meu noviçado em duvidas, eu andava questionando minhas próprias decisões sobre minha vida. Os caminhos que eu tinha traçado para o meu futuro estava se desestruturando desde a chegada daquele homem, suas tatuagens me chamavam a atenção e eu sentia coisas q não deveria sentir. A madre superiora só nos disse que era um homem condenado por deus, que fez coisas horríveis ao longo da sua vida, porém estava ali para regenerar-se de seus pecados. Eu só o vi de longe, pois as madres deixaram bem claro que nenhuma das noviças deveriam chegar perto do corredor do quarto do homem ou dele próprio. Ele tinha pele super bronzeada de um dourado cor de ébano que eu tive vontade de lamber, eu estava pecando e sabia que eu teria uma cadeira muito bem guardada no inferno.

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Meus dedos corriam leves pela tampa do lindo piano de calda do convento, me preparava para tocar no recital da igreja; minha voz nunca foi das melhores, a madre que orientava o coro infantil no convento ao qual fiz parte sempre me dizia que cantar não era pra mim, que eu deveria procurar outras vocações, que eu acharia meu lugar. Oras, eu sempre gostei de música, não tinha o porque eu sair do coro; e ali estava eu, prestes a acompanhar o coro ao piano, eu nunca cantei bem, mas tocar instrumentos clássicos era realmente minha praia. Que deus me perdoasse por usar gírias do mundo.

Eu sentei no banco me sentindo incomoda com o hábito, a saia comprida me atrapalhava e eu me sentia presa com minha cabeça coberta pelos tecidos pesados da vestimenta; nunca tinha acontecido antes, o hábito nunca me atrapalhava. Séria maravilhoso usar calças para tocar, me sentiria confortável. Empurrei esses pensamentos impuros de minha cabeça e comecei a dedilhar no piano com leveza, fechei meus olhos sentindo a música dedicada a deus com adoração. Me senti observada e minha pele se arrepiou, soltei minha respiração pelo nariz e entreabri minha boca, respirei ofegante e abri meus olhos que seguiram para onde não deviam. O homem que o convento abrigou estava sentado no banco da ultima fileira, eu estava longe, não conseguia distinguir a cor exata de seus olhos escuros, se estivesse mais perto eu conseguiria, não; eu não poderia cogitar estar perto daquele homem, era proibido.

Desviei meus olhos dos seus quando percebi que já nos encarávamos por muito tempo, eu tocava levemente mais rápido do que o coro para que alguém percebesse meu nervosismo. Eu tentava a todo custo bloquear os pensamentos obscenos criados pela minha imaginação. Eu dei um suspiro de alívio quando a primeira musica acabou, pedi para que outra freira tomasse meu lugar alegando que eu não estava me sentindo bem. A madre superiora veio até mim me perguntando oque eu sentia, só a respondi que estava indisposta e iria para meu quarto naquele inicio de noite quente, ela tinha lamentado minha saída do recital e eu segui para fora do salão de cabeça baixa para não encontrar o olhar do homem.

Quando eu parei no pátio do convento respirei fundo tentando me acalmar e conter as emoções do meu corpo, emoções que eu nem deveria saber que existiam. Eu caminhei em sentido oposto ao meu quarto e fui para a capela em um momento súbito de coragem, eu ia me confessar e pagaria a penitência necessária pelos meus pecados, eu só não sabia que estava prestes a arruinar meu noviçado.

Entrei na pequena igreja anexada ao convento e fui em direção a cabine do confessionário, me ajoelhei, fiz o sinal da cruz e logo escutei a voz potente do padre, era como se viesse direto do inferno para me julgar. Eu pouco tinha me confessado durante minha adolescência no convento, então não estava acostumada com as vozes dos padres, eu sempre imaginava que fosse calma e serena e não como essa.

Comecei calmamente a contar sobre minhas inquietações, deixei de fora a parte dos sonhos e pensamentos obscenos, com certeza eu seria expurgada do convento se contasse. Quando terminei respirei fundo aliviada. Sentia-me segura, como se um peso saísse de minhas costas, mas o silencio do padre me deixou inquieta, eu esperava por minhas punições com ansiedade para paga-las e livrar-me de meus pecados luxuriante. Escutei a voz estranhamente potente para um padre chamar minha atenção, pediu para que eu desse a volta e entrasse em sua sala onde a cabine do confessionário ficava acoplada. Me senti surpresa pelo pedido mas pensei que talvez ele quisesse que eu sentisse o peso do seu julgamento em seu olhar, talvez esse seja meu castigo. Dei a volta por trás da sacristia e entrei em sua sala, nunca estado por mim antes, a sala era escura e muito espaçosa. Eu não conseguia enxergar o padre então fui em direção ao compartimento de seu confessionário, não tinha ninguém ali.

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