Era uma vez...

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"Eu realmente fiquei irritada por não ter sido convidada".

-Malévola, em A Bela Adormecida.

Foi com grande empolgação e um estardalhaço nada sutil que a ilha se reuniu para um acontecimento único, uma festa de aniversário agitada e encantadora de uma princesa de 6 anos de idade. Sendo que encantadora é um termo bem relativo debaixo de uma barreira protetora que abriga um bocado de vilões aposentados sem poderes ou magia.

De todos os eventos, esse era, sim, uma festa.

Foi a mais magnífica celebração que a ilha isolada e seus cidadãos banidos já tinham visto, e relatos de sua grandiosidade gótica e opulência chocante seriam contados por anos e anos. Festa definitiva, essa ocasião esbanjadora transformou um mercado decrépito e sua fachada apodrecida no meio da ilha em um parque de diversões assustadoramente espetacular, cheio de lanternas fantasmagóricas e velas tremulantes.

Semanas antes, um bando de abutres sobrevoou a região, deixando convites nas portas velhas dos casebres, para que cada pequeno delinquente maltrapilho de todos os cantos da ilha pudesse fazer parte desse evento extraordinário.

Cada pequeno delinquente maltrapilho da ilha, isto é, exceto uma mini feiticeira malvada.

Se o convite dela foi levado pelos ventos e rasgado em pedacinhos, ou se acabou devorado pelos próprios abutres, ou - uau! - não chegou a ser devidamente enviado, como se suspeita, nunca saberemos.

- Mamãe, vamos convidar a Mal? - a pequena Evie correu até a sua mãe que estava organizando os convites de sua festa de aniversário de seis anos na mesa da cozinha.

- Evie... - a Rainha Má sentou-se na cadeira e colocou a pequena de cabelo azul em seu colo. - Quando vai entender que a filha da Malévola não é boa como você? - ela suspirou e acariciou os cabelos azulado da filha.

- Mas eu gosto dela - a criança fez bico e pegou um dos convites, mas a mãe o tomou de suas pequenas mãos. Evie levantou o olhar entristecida. Ela desceu do colo de sua mãe e caminhou até o seu quarto com um olhar furioso e um bico entre os lábios, a pequena de cabelo azul ficava ainda mais fofa quando estava nervosa.

- Isso é injusto! - ela reclamou batendo a porta de seu quarto. - E se eu pedisse Mal em namoro? Será que ela aceita? Mas mamãe sempre disse que uma princesa como eu... deveria ficar com um príncipe...

A garota sentou na beirada da cama e balançou suas perninhas, seus olhos refletiam tristeza, mas com um pingo de felicidade ao imaginar ela e Mal como namoradas.

- Mas a Mal é herdeira da Ilha, o que torna ela uma princesa, mesmo sendo uma princesa má. - ela pensou um pouco. - Bom, eu nunca vi nos contos duas princesas namorando... podemos ser as primeiras então! - a pequena sorriu. Um sorriso tão belo, os olhos refletiam uma inocência tão bonita, mesmo morando no caos, vulgo ilha dos perdidos, Evie era feliz.

Três batidas na porta foram ouvidas, Rainha Má entrou no quarto de sua filha.

- Evie, olha, acho que temos que conversar. - ela sentou ao lado da de cabelo azul. A pequena encostou a cabeça no braço de sua mãe, seus olhos brilhavam quando encarou os olhos da mãe.

- Há um motivo de eu não querer Mal com você. - tais palavras fizeram Evie revirar os olhos.

- Já sei sobre a sua rivalidade com a Malé... - antes dela completar o nome da Senhora das Trevas, sua mãe a interrompe.

- Jamais diga o nome dela! Entendeu? - Evie confirmou com a cabeça. Ela ainda não entendia o medo das pessoas ao dizer o nome da grande vilã.

- Mamãe, eu não quero um príncipe! - a pequena falou na pura inocência.

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