Nada é por acaso

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“Como todos os sonhos bons, temo que esse também não possa durar para sempre”.
— Fada Madrinha, em Cinderela.

Jay estava escondido nos arbustos que ladeava a estrada para o castelo da Rainha Má quando ouviu as vozes de “suas amigas” sussurrando - ou seria discutindo? - na escuridão. Mal e Evie frente a frente, a garota de cabelos púrpuros estava de braços cruzados enquanto ele tentava se explicar sobre uma possível carta de Auradon. Mas que merda está acontecendo? Sussurrou para si mesmo.

A discussão chegou ao fim, com Mal saindo na direção exata que a levaria para casa. Evie tinha o semblante de tristeza profunda. Se fosse um príncipe daquela terra encantada, com certeza teria sentido pena da garota de cabelo azul, mas como ele era o príncipe dos ladrões ou do sultão como ditava seu pai, ele apenas se aproximou, chegando por trás, já que quando se virou levou um susto. Os dois ficaram encarando os olhos um do outro, ele queria uma resposta concreta, mas ela se negava a dar ou apenas opinar sobre. Deu a volta em Jay e foi direto para casa, então o herdeiro de Jafar seguiu Mal pelas sombras, que murmurava inconscientemente como se só ela estivesse naquela rua.

— Dá para parar de me seguir – Falou sem parar de caminhar.
Jay fingiu não ouvir e recebeu um golpe de Mal, ágil, mas não surtiu muito efeito, apenas despertou.

— O que aconteceu com a princesa?

— Não quero falar – Mal falava séria.

— Você caiu? – a preocupação do garoto de cabelos compridos foi sincera para alguém que morava debaixo daquela barreira “protetora”.

— Não! – Ela respondeu como se ele tivesse realmente a ofendido — Nos vemos na escola amanhã, estepe – Disse, e sumiu nas sombras.

Jay arqueou a sobrancelha, se questionando sobre a fala de Mal. Estepe?

Naquela noite, mesmo após Mal ter se preparado para dormir, não conseguiu de imediato pegar no sono. Se revirou na cama mais do que estava acostumado, e quando estava quase desistindo de dormir naquela noite, ela apagou entrando em um sonho profundo.


Era uma vez a ira de sua mãe, que havia enfeitiçado uma doce princesinha.
Era uma vez a ira de sua mãe, que havia posto um jovem príncipe aos seus pés.
Era uma vez a ira de sua mãe, que havia colocado todo o reino para dormir.
Era uma vez sua mãe, que tinha todas as forças do inferno sob seu comando.

E não havia nada que Mal desejasse mais em seu coração do que crescer e ser exatamente como ela.


Mal estava andando em meio ao um bosque, seus pés nus tocavam a grama, era uma sensação estranha para ela. Ao fundo havia um som de águas caindo de forma mais bruta do que o normal. Mal seguiu o som, passou entre árvores frutíferas e acabou por estar em meio a um antigo templo como se antes aquele lugar tivesse pertencido a Hércules. Acharia estar no grande Olimpo se não fosse por uma toalha jogando ali com o brasão de Auradon. Seus olhos verdes buscavam alguém ali, estava tão preocupada de estar em Auradon que nem percebeu a veste que estava, um vestido branco tocando o seu joelho. Havia leveza ali, diferente do seu costume de estar com roupas de couros. Ignorou essa sensação, pois acreditava está em um sonho, mesmo duvidando.

Logo ali, próximo a cachoeira, havia um rapaz, loiro, olhos claros, corpo definido, alguém que Mal jamais tinha visto antes, mesmo tendo a sensação de conhecê-lo. Ele a viu e começou a nadar até ela, não houve desespero, apenas um aperto ali em seu coração.

— Onde estou? – ela perguntou, sem tirar o seu olhar do olhar dele.

A pele do rapaz parecia brilhar, como se o sol e as águas andassem junto a ele, e não ao contrário.

Ele deu um sorriso debochado, como se fosse tola a pergunta da garota.

— Você está em Auradon há dias, e este é o Lago Encantado – Respondeu o garoto, tomando impulso para se sentar no chão do templo.

O garoto tornava a pior parte daquele sonho – seja lá o que fosse. Em um sonho passado, distante desse, era um outro garoto. Era como se de alguma forma aquele fosse o destino predestinado a ela.

Mas esse garoto em especial aparentava ser mais ousado, mais tentador, como se sua atitude não fosse tão correta como o príncipe anterior. Ele se aproximou, insinuando beijá-la, e Mal começou a entrar em pânico. Ela estava justamente em Auradon, de todos os lugares possíveis. Aquilo talvez não fosse um sonho.

Ele a beijou, lhe tomou o ar, mas de seus próprios lábios um nome bem conhecido por ela saiu, o qual não agradou o rapaz.

Mal fechou os olhos assim que ele se afastou, sussurrou novamente o nome da filha da Rainha Má.
Maldita Evie!, Amaldiçoou por pensamentos.

Mas foi um forte estrondo que a fez abrir novamente os olhos.


A imagem do chão de seu quarto foi um grande alívio, seu coração batia forte, como se respirar tivesse se tornado praticamente impossível. Ela se sentou ainda encarando o chão, a porta foi aberta revelando a figura obscura.

— Oi – o olhar de Mal era vazio, o ar ainda falhava.

— Você tem visita, filha – O olhar de Malévola era sombrio, o sorriso em seu rosto indicava que alguma maldade havia sido planejada.

NOTAS FINAIS

Betagem feita por: JP_Felix

Barreira do destinoМесто, где живут истории. Откройте их для себя