Capítulo 17

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Eu espero que você alcance seus sonhos
Apenas vá em frente e relaxe
Você vai se encontrar em algum lugar
De alguma forma

Put your records on, Corinne Bailey Rae

Tinha voltado do trabalho e estava exausta. Marquei um 10 antes de começar a me arrumar para meu primeiro dia na faculdade. Depois que tomei banho, escolhi uma regata branca com alguns pingos de molho espalhados por ela. Apesar de realmente ter sido molho que derramei sem querer, aquilo dava um ar estético a blusa.

Complementei com uma calça jeans com bolsos grandes e um all star. 

Me olhei no espelho para analisar o que faria com o meu rosto. Minhas sardas floreavam todo o contorno de meus olhos e nariz. Aprendi a amá-las. Meus olhos castanhos faziam um belo contraste com minha boca rosada. E meus cílios pequenos tornavam minha aparência mais natural, assim como minhas sobrancelhas. O cabelo curto me deixava com um ar mais rebelde. Eu sorri na frente do espelho, todos os dias sentia orgulho de quem eu era. Dei de ombros e decidi ir sem maquiagem. 

Vi que meu celular tinha descarregado desde o dia anterior e resolvi deixá-lo em casa, sem abrir nada. Reuni as caixas de doação de roupas para a caridade perto da porta. Minha mãe estava de um lado para o outro enquanto eu calçava o tênis.

— Lottie, vai pondo as caixas no carro que estou procurando a chave de casa para fechar a porta!

— Tudo bem!

Me levantei e empilhei as caixas, de modo que eu conseguisse levar todas para não ter que voltar e pegar mais caixas. Era preguiçosa e queria logo sentar no carro. Com as caixas a minha frente em minhas mãos, estava difícil de ver o que estava ao meu redor. Não estava pesado porque era só tecido dentro, mas eram caixas grandes. 

Na hora senti um grande impacto e todas as caixas caíram no chão. Eu não entendi o que aconteceu e de repente senti braços magros me envolverem. Aquele perfume de sempre… Chris veio correndo em minha direção e ignorou todas as caixas que eu segurava, me abraçando. Eu não entendia o que estava acontecendo ali, muito menos porquê, mas sorri. Era bom tê-lo de volta. Por alguns segundos, achei que era uma miragem.

— Você… não pode ir. 

— Chris, o que…

Eu o olhei e ele chorava. Estava suado de tanto correr e me olhava assustado. Eu analisei todos os traços de seu rosto e ele era como uma obra prima. Enquanto eu terminava meu questionamento sobre o que estava acontecendo, ele me interrompeu.

— Charlotte. Você não pode ir embora. Eu… eu atravessei vários quarteirões e ruas, descobri seu endereço perguntando pra meia vizinhança só pra dizer que você não pode se mudar. Você não pode ficar longe de mim. Me desculpa por me afastar e por ser um nerd idiota que só quer saber de Lol. Me desculpa por não parecer interessado pelos seus sonhos. Me desculpa por ser um filho da puta. Você...você não pode fazer isso comigo e simplesmente ir. Todo esse tempo sem você foi estúpido e sem graça. Você não pode ir embora. Porque… porque eu te amo, Charlotte.

Chris disse tudo de uma vez e parecia esbaforido. Eu conseguia quase escutar as batidas descompassadas de seu pobre coração. O meu estava na mesma sincronia. Ao ouvir suas últimas palavras, meus olhos se atentaram e ele ao perceber o que tinha dito, abaixou sua cabeça. Em um impulso rápido, segurei seu rosto firmemente, fiquei na ponta dos pés e o beijei. Eu havia me esquecido da instituição, da faculdade e até das chaves da mamãe. Aquele era meu momento com Chris. O cara que eu gostava. O cara que me aceitou desde o começo. 

Chris sorriu de modo sutil enquanto eu soltava seu rosto devagar e deslizava meu polegar em suas bochechas com carinho. Nossas línguas dançavam em perfeita sintonia e eu desejei que o tempo parasse. Mas o tempo resolveu retribuir de outra forma: minha mãe estava na porta parada nos olhando e soltou um leve pigarro para nos alertar disso.

Ela assentiu com a cabeça pra mim indicando que nos daria um tempo e foi para dentro do carro. Ligou o som e se distraiu no celular com os flertes dela.

Depois de um beijo perfeito interrompido pela minha mãe, eu olhei Chris mais uma vez e ele não tinha uma expressão muito decifrável.

— Que história é essa de ir embora, Chris?

— Você não postou no status que estava se mudando? Eu fui te impedir. Ainda tinha esperanças de que voltassemos a nos ver. Nem que fosse pela última vez.

— Você tem merda na cabeça! Eu não vou me mudar.

— Então que caixas são essas?

— São minhas roupas antigas, vou doar para a caridade.

— Mas que porra! Então eu corri a toa? Quer dizer, pelo menos a gente se viu e conversou. E rolaram alguns beijinhos, até sua mãe aparecer. Parece até cena de livro! 

— E você disse que me ama também. Todo fofinho, nem pareceu esse ogro!

— Eu diria de novo, mas vou deixar pra a próxima vez, só pra você sentir vontade de me ver de novo.

— Droga, eu senti tanto a sua falta!

Eu o abracei, o mais forte que conseguia e senti o ar quase dar um tchau para meus pulmões. Quis chorar, mas tentei segurar a onda. Minha mãe buzinou indicando que já estava na hora de ir. 

— Eu te amo.

Sussurrei em seu ouvido e depositei um beijo em sua bochecha. Me abaixei para pegar as caixas de doação e as levei para o carro. Entrei e acenei para ele, indicando que logo mais estaria de volta. Chris continuou parado com as mãos no bolso. Dessa vez, foi ele quem observou minha silhueta ficar cada vez mais distante. Do carro, consegui o ver se virando para voltar a sua casa. Imaginei o quanto nossas vidas tinham mudado. 

Estávamos finalmente trilhando nosso caminho. 

N/A: Talvez possa rolar uma segunda temporada, mas só se tiver uma boa resposta de vocês, leitores ♥️
Espero que tenham gostado, mores. Até a próxima obra pra quem me acompanha.
E pra quem não me acompanha, que tal dar uma olhadinha nas minhas outras obras? Tenho Suspense, fanfic, Contos e muito mais ♥️
Obrigada por acompanharem essa obra.

O auge dos 20Место, где живут истории. Откройте их для себя