Alive

Capítulo 1 - Surpresas

Eu não podia acreditar estava eu aqui um ano depois que meu amor morreu. Um acidente, trágico em todos os sentidos, nem se quer houve um velório. Caixão lacrado. Disseram que o rosto até que estava intacto, mas Deus! O corpo, o resto do corpo não podia nem se identificar o que era o que. Eu não pude acreditar aquele corpo incrível, alguns até podiam discordar, mas para mim era o paraíso. Ele não existe mais, assim como a pessoa maravilhosa que o tinha. Nós íamos casar em algum momento. Nós tínhamos todo o tempo do mundo, não achávamos isso uma necessidade urgente, só... Estar um com o outro. Mas aqui estou eu agora, vindo buscar os últimos exames, feitos há muito tempo. A família se mudou, eu não os culpo. Passar na mesma rua do ocorrido é demais, isso porque eles não viram a explosão como eu. Cheguei logo após os socorristas e eu os vi trabalhando para tirar... Bem, o corpo. Naquela altura eles me informaram que não havia chance de sobreviver. O carro estava em frangalhos. Batida contra um caminhão, isso já diz tudo. Mas eu vi. Vi quando o carro começou a pegar fogo e vi quando os socorristas correram da explosão iminente. A chuva ajudou os bombeiros a apagar o fogo, mas o dano já tinha sido feito. Se antes era difícil agora seria um milagre.

-Senhor Shepard! Por favor, entre. -chama a secretaria educadamente dando permissão de entrar numa sala do hospital.

Há um ano meu amor vinha sofrendo de dores de cabeça, achei que era estresse ou coisas pequenas ah! Podia ser a rinite também. Mas as dores ficaram constantes e era melhor dar uma olhada. Eram exames de rotina tomografia, exame de sangue etc. Até que propuseram um exame experimental. Implantar um micro chip no cérebro, ele mediria as ondas cerebrais e daria com mais precisão o que era a causa das dores sem ter que ficar indo a hospitais e médicos. O procedimento foi feito e descobriu se que não era nada de grave só uma sensibilidade a ruídos altos, nos mudamos, pois a casa ao lado estava em construção e furadeira dentre outros barulhos iam ficar por muito tempo.

-Senhor Shepard. É bom vê-lo, mesmo que nessas circunstancias.

-Só vim pegar essas coisas, eu nem faço tanta questão é que...

-Nós precisávamos conversar -o médico, o Dr. Herbert Marshall, um homem de jaleco branco de seus 40 e tantos anos, baixo, de óculos de grau bem forte, com o cabelo grisalho, me interrompe- Como você pôde acompanhar, nós realizamos alguns exames em Joshua, mas muito mais que isso também estávamos realizando uma pesquisa. – ele diz me olhando como se esperasse uma revolta, mas nada me vinha à mente, só os momentos que passei com Joshua aqui- Esse implante... Não só detectava disfunções, mas mapeava as sinapses e enviava a um servidor.

- Vocês estavam nos espionando!?- finalmente reagi.

Com um suspiro culpado o médico retoma- Sim e não. O propósito inicial era detectar problemas de saúde, começando com patologias no cérebro e depois estendendo para o resto do organismo, assim ganharíamos tempo e teríamos diagnósticos mais precisos. -eu acenei com a cabeça para que ele continuasse- Mas, conforme nossos testes foram avançando conseguimos não só esses scans como também...- ele faz uma pausa como se fosse para amenizar a informação que seria dada ou pelo menos pensar no que iria dizer sem todo o jargão "médico- científico" ou sem eu lhe dar uma surra- Nós conseguimos armazenar memórias. Não só memórias, linhas de raciocínio, comportamentos e ouso dizer que até a sua personalidade.

Naquela hora instalou se um silêncio mórbido no consultório, minhas reações eram confusas, por um lado eu estava furioso, como eles podiam invadir nossa privacidade assim? Por outro lado era um teste experimental e nós sabíamos do compartilhamento de informações, além do que isso possibilitou que meu amor ficasse bem, mesmo que por pouco tempo.

-O que você quer dizer com isso? – indaguei

-Venha comigo. - o médico se levanta e eu sigo por um corredor- Nós também temos outros projetos com a organização de próteses- ele continua me explicando e seguindo adentrando no prédio, quanto a mim, me perdia no número de salas, algumas entreabertas onde se pode ver pessoas com membros artificiais, braços e pernas todos com movimentos muito humanos-Chegamos! Antes de você entrar quero que saiba de algumas coisas. É realmente Josh, suas memórias e sua essência estão intactas inclusive... Ele se lembra do incêndio e... - nessa nota o Dr. Marshall para com um suspiro pesado- Ele se lembra de morrer. Nós dissemos que ele apagou e que não era nada disso, ele não sabe sobre o procedimento e acho que por um tempo isso deve permanecer assim, até vocês se acostumarem, haverá algumas diferenças, mas nada muito importante e...