Desabafo Amigável

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Alguns dias tinham se passado desde que eu tinha começado a me dar bem com todos os amigos de Christopher. Cada um tinha seu jeito diferente e especial, e eu sinceramente estava gostando de conhecer todos eles, de passar algum tempo com eles. O que mais tinha me aproximado até agora era Zabdiel, ele sabia escutar as pessoas incrivelmente como ninguém, e com meu estresse diário com a faculdade ele sempre me mandava uma mensagem positiva sabendo exatamente o que dizer. Erick sempre estava rindo e me fazendo rir também, infelizmente eu não resistia as piadas ridículas dele e ao seu ótimo senso de humor. Richard tinha uns conselhos meio doidos e duvidosos, mas transmitia uma energia incrível, era sempre bom estar no mesmo ambiente que ele. Joel não falava muito, era mais na dele, e eu respeitava isso, não vou forçar ninguém a falar, mas, no fundo, ele é uma pessoa boa também, acho que não se solta muito por não sermos tão íntimos. Já eu e Christopher estávamos nos dando cada vez melhor, conforme íamos nos conhecendo eu me encantava ainda mais por ele. Não sei descrever, era leve e único estar com ele. Me fazia bem, e isso bastava.

Apesar da minha falta de tempo nessa semana pra vê-lo, ele felizmente tinha compreendido e sempre arrumava um tempo pra me visitar de surpresa. As coisas na minha faculdade estavam a toda, e entrando a semana de provas eu não tinha tempo para absolutamente nada, mal conseguia ver a Lexie. Meus encontros eram com os livros, todos os dias, durante várias e várias horas.

Mas, como hoje eu sairia mais cedo da faculdade, resolvi passar na casa do meu pai. Ele havia me ligado hoje de manhã e parecia preocupado, não pediu que eu fosse vê-lo, mas fiz questão de ir até lá, não queria que ele falasse comigo por telefone, ainda mais se fosse algo tão importante assim. Era raro meu pai me ligar do nada, normalmente ele só mandava uma mensagem, então esse era um motivo a mais para ir até lá.

Assim que saí do meu inferno diário, fui direto para sua casa, que graças a Deus ficava a algumas ruas da minha. Como eu ainda não tinha a chave da casa nova dele, toquei a campainha e ele demorou um tempo pra atender. Mas quando se aproximou da porta, pude escutar que estava falando com alguém no telefone. Assim que abriu, ele desligou e me encarou com uma expressão nada boa no rosto. Eu não disse nada naquele momento, apenas o abracei e entramos.

— Oi, pai. — digo dando um beijo rápido em seu rosto assim que ele fechou a porta atrás de si. Logo me direcionei ao sofá, colocando uma almofada em meu colo.

Ele me segue e para de frente pra mim, em pé, com a mesma expressão que estava há alguns segundos. Reparei que ele estava um pouco nervoso, mexia em suas mãos sem parar e balançava as pernas como se estivesse incomodado com algo. Sentia que alguma notícia ruim vinha por aí, então me preparei para o pior.

— Sei que disse que não precisava vir até aqui, mas que bom que está aqui... — ele suspira, colocando as mãos no bolso — E que está sentada.

— Por favor pai, vai logo ao ponto porque o senhor está me deixando nervosa. — quase imploro. Era nítido o desespero tomando conta de mim. Meu pai raramente carregava consigo essa expressão e esse humor, e quando acontecia, acreditem, nunca era algo bom.

Ele encara a parede a nossa frente por um tempo, alternando entre olhar para ela e olhar para mim, até resolver falar o que realmente estava acontecendo, e era exatamente algo ruim como eu havia deduzido.

— Sua mãe.

Minha mãe. Bom, depois de uma certa parte da minha vida, falar da minha mãe era algo extremamente desconfortável, tanto pra mim, como pro meu pai. Ela nunca foi totalmente presente na minha vida e eu não tinha criado um vínculo forte com ela, mas, ainda sim me importava um pouco, até porque ela era minha mãe. Já meu pai, se pudesse citar uma pessoa que ele mais detestava na face da Terra, seria ela. Ele nunca me contou bem os motivos para tamanha repulsa, mas pelo jeito que ele ficava só de ouvir seu nome, com certeza não era nada muito agradável.

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