Apenas amigos

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JOEL

Essa semana estava sendo bem difícil para mim, tenho que confessar. Eu não conseguia ter cabeça pra ficar muito tempo no estúdio e o que tempo que ficava não conseguia extrair nada de criativo e muito menos alguma melodia. Os meninos perguntavam se eu estava bem e a resposta era sempre que estava. Até porque nem eu mesmo sabia o que eu tinha, não teria como explicar pra ninguém também.

Eu tentei fingir que estava tudo bem, estava conseguindo, de verdade. Até ouvir sem querer a conversa de Melanie e Zabdiel no provador. Eu mesmo já estava cansado de todo o drama diante da minha situação com ela. Queria evitar ficar mal e até chorar pelos cantos, mas certas coisas atingem mais forte que outras. No momento em que ela despejou tudo o que sentia e achava sobre mim, eu não sabia o que era pior: a definição dela sobre mim, ou o que eu representava na possibilidade de um relacionamento, o que nessa altura, eu já havia descartado a possibilidade faz tempo.

Demos certo uma vez e pronto, tivemos a nossa chance e nem foi um relacionamento oficializado. Não teve um pedido. Mas não que eu não quisesse namorar com ela naquela época, eu queria... e muito. Mas certas circunstâncias me faziam ter dúvidas, como por exemplo a chance de estragar a nossa amizade. Coisas que hoje em dia são completamente estúpidas para mim, visto como a situação da minha "relação" com ela se encontra no atual momento.

Há poucos minutos ela tinha me dado um remédio e me mostrado seu teto lindo, estávamos deitados lado a lado e eu não podia estar mais confuso ainda com ela. Uma hora ela falava mal de mim, na outra agia normalmente e me mostrava o teto, sendo totalmente descontraída comigo. As vezes acho que prefiro o desprezo dela do que algum fio de afeto por mim. Na teoria era mais fácil se fosse assim, já na prática tudo muda.

Literalmente não estava sendo fácil.

— Rolou alguma coisa? Vocês conversaram? Contou a ela que você a conhece há anos, só que ela não se lembra? — Erick me bombardeia com várias perguntas enquanto saíamos do quarto de Melanie. Ela tinha se apressado pra fazer a comida, então estávamos sozinhos.

Voltamos pra sala e os outros estavam sentados na bancada conversando entre si e provavelmente espionando o que Melanie estava cozinhando. O que me chocava era Erick estar comigo e não lá.

— Não para suas três perguntas. Sabe que eu não vou atrapalhar a felicidade dela com Christopher e ser totalmente egoísta revelando tudo. — respondo, observando Melanie cozinhar. Ela estava com os fones de ouvido, dispersa de qualquer coisa alheia e as vezes fazia uma dancinha com as panelas. Era divertido de ver.

— Tem razão, você prefere ser um mentiroso. — ele dá tapinhas em meu ombro. Estávamos no sofá, longe de todos, só assim Erick conseguia me perturbar em paz.

— Estou só ocultando a verdade pelo próprio bem dela.

— Claro. — ele diz, com um tom irônico.

— Ela está feliz, Erick. Isso que importa. — torno a olhá-la.

— É óbvio que ela está feliz, eu estou na vida dela.

— Claro. — é minha vez de ser irônico.

Depois de quase uma hora e meia, eu e os outros estávamos vendo um filme qualquer e confesso, o cheiro da comida estava ótimo. Christopher mal podia se concentrar no filme porque queria mais que tudo comer logo. Podia passar anos, ele não mudava.

— Sei que estão todos com fome, principalmente o Christopher, então podem vir comer. — Melanie nos chama, e eu sinceramente fico bem surpreso quando chego até a mesa.

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