Caminhos Cruzados // harry styles

Capítulo Dois

- Harry. – cumprimentei, sorrindo-lhe suavemente.

Além da onda de embaraço que senti por ter sido apanhada a conviver com a irmã de um ex-colega meu, senti toda uma onda de reticência e de deslumbre ao estar de frente para um dos maiores artistas dos últimos anos. Sim, tínhamos sido colegas e já nos conhecíamos há dez anos, mas sete anos sem falar mudavam muito uma pessoa. Admirava-me ele ainda se lembrar do nome que toda a gente me chamava – Lizzie -, admirava-me ele saber o meu nome, de todo, depois de sete anos.

- Há quanto anos! Já terminámos a faculdade há quantos anos? Sete? – encolhi os ombros, assentindo, nunca deixando o meu sorriso quebrar.

Num instante, estava a ser abraçada pelos braços acolhedores de Harry Styles. Ao inspirar o aroma da sua colónia, o meu cérebro foi atacado por memórias antigas dos tempos em que éramos colegas. Apesar de ser incrivelmente famoso – para não dizer rico -, ele continuava a utilizar o mesmo perfume de sempre. Na minha cabeça, passaram automaticamente imagens de noites passadas na biblioteca da faculdade a estudar, em que ele se sentara ao meu lado ou à minha frente e eu conseguia sentir o mesmo perfume que estava a sentir naquele momento. O cérebro era, definitivamente, uma coisa estranha, pois nunca iria achar que me lembrava do perfume de um ex-colega meu.

- Vocês conhecem-se?

- Andámos juntos na faculdade, Mary. – Harry esclareceu, afastando-se de mim. – Lembras-te de eu te contar que uma colega minha tinha ficado famosa com os seus livros? É a Lizzie.

- Lizzie. – Mary ecoou a minha alcunha, sorrindo abertamente. – Pois bem, a Lizzie foi a minha companhia durante toda a noite, porque alguém decidiu deixar-me na mesa sozinha e ir para os bastidores.

Harry revirou os olhos, embora estivesse a sorrir. Eu também sorri para a típica interação entre irmãos, e o meu sorriso paralisou quando Harry voltou a olhar para mim. Comigo a usar saltos altos, conseguia olhar diretamente nos seus olhos sem ter que esticar o pescoço, algo que facilitou toda a minha tarefa de me mostrar calma. A verdade é que estar em frente alguém com uma aura tão forte como a de Harry Styles estava a dar cabo do meu controlo; sentia-me pequenina perto dele, apesar de estarmos ao mesmo nível. Eu própria era famosa no meu próprio ramo, tinha esgotado todos os meus livros – alguns já com várias edições lançadas – e o meu nome já tinha aparecido na lista de bestsellers de imensos jornais reputados. Mas, ainda assim, sentia-me inferior a ele.

- É tão bom ver uma cara conhecida, Lizzie. Perdi contacto com maior parte das pessoas da faculdade depois de ter saído do país. – enquanto falava, Harry envolvia os ombros da sua irmã com um dos seus braços, nunca deixando de me olhar nos olhos.

- Oh, eu lembro-me. Foste fazer o mestrado fora, não foi? – Harry assentiu, ainda com aquele sorriso carismático no rosto.

- E tu? Ficaste por cá, suponho? – assenti também, não me sentindo tão confortável a falar como ele. Harry, finalmente, olhou para a sua irmã. – A Lizzie foi a minha salvação em grande parte das disciplinas.

- Talvez porque eu prestava atenção. – a pequena brincadeira saiu dos meus lábios mais rápido do que eu esperava, fazendo Harry rir alto.

Estar perto dele e ver que ele continuava tão igual ao rapaz simpático e carismático que eu tinha conhecido fez, de uma maneira estranha, com que eu também voltasse à rapariga que tinha sido. A partir daí, do momento em que Harry pareceu decidir que eu continuava a ser a mesma Lizzie que ele tinha conhecido, começou a falar mais. Incluindo Mary na conversa, contando-lhe todas as histórias das quais ele se lembrava de repente e fazendo-a rir com a sua maneira nata de contar histórias e torná-las engraçadas, passámos assim a seguinte meia hora. Começámos inconscientemente a caminhar até à mesa onde eu tinha estado sentada com Mary e eu ri um pouco pelo facto de me ter escapado que, durante toda a noite, uma das cadeiras não tinha sido ocupada. No entanto, atribui essa distração ao facto de eu ter passado tanto tempo a observar o grande e imponente salão e a mandar mensagens aos meus amigos.