Capítulo Dezoito

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O sítio escolhido para a nossa espécie de reunião de universidade foi, como seria de esperar, a minha casa. O apartamento onde os meus amigos viviam, apesar de ser na zona da cidade mais discreta, era demasiado pequeno para receber um grupo tão grande de pessoas e há muito que tinha passado o tempo em que não nos importávamos de estar numa sala de estar pequenina com um grupo de mais de dez pessoas. Naquela noite, em que Mitch e Sam se juntaram aos jantares na parte de trás da minha casa, estava o perfeito ambiente para estarmos todos na rua. Uns sentados no chão, outros nas cadeiras que eu tinha disponibilizado, e outros nas camas de redes – simplesmente estar com aquele grupo de pessoas me deixava nostálgica.

Nas últimas vezes que fora até minha casa, Harry escolhera sempre apanhar um táxi ou algo do género, para evitar que paparazzi seguissem os seus carros. Naquele dia, ele apanhara boleia de Sam que, apesar de ser conhecido como um dos grandes amigos do cantor, não recebia definitivamente tanta atenção. Portanto, todos os constrangimentos evitados, as pessoas tinham começado a chegar aos poucos. Jill e Anna estavam em minha casa desde as quatro da tarde, tendo ajudado nas limpezas e na organização das coisas. Tínhamos decidido fazer hambúrgueres – normais e vegetarianos – e elas tinham sido uma grande ajuda na aventura para encontrar os ingredientes certos para toda a gente.

Era definitivamente diferente alimentar estudantes universitários e pessoas com quase trinta anos. Como seria de esperar, os hábitos alimentares mudaram e, além disso, todos no grupo já tinham empregos e vidas estáveis o suficiente para não terem que economizar até na comida. Harry tinha-nos informado das preferências e gostos dos seus amigos e os hambúrgueres tinham sido o meio termo mais fácil, mas sentia dentro de mim um nervosismo que não era normal. Depois de pensar um pouco, tinha percebido que os nervos não se deviam, como eu calculara, à presença de pessoas que não via há quase uma década, mas sim ao facto de essas pessoas serem grandes amigos de Harry. Eu tinha medo que eles não aprovassem a nossa relação.

No entanto, os meus medos provaram-se completamente desnecessários. Quando Harry dera a volta a casa e aparecera mesmo em frente às janelas da minha sala de jantar, tanto Mitch e Sam mostraram-se tão entusiasmados por verem pessoas que já não viam há tanto tempo que praticamente correram para nos cumprimentar. Mitch ainda tinha o seu cabelo loiro comprido apanhado e olhos castanhos brilhantes, assim como o sorriso convidativo e carismático de sempre. Sam, com os seus olhos azuis e cabelos pretos sempre despenteados, contrastava imenso com a camisa justa e calças profissionais que tinha vestidas. Vê-los, junto a Harry, à nossa frente, fora quase uma experiência extraterrestre. Era como ver fantasmas do futuro, como se tivéssemos voltado aos anos universitários.

- Preciso de perguntar! – Noah gritou, pousando o hambúrguer que ainda comia num guardanapo de pano à sua frente. – Mitch, tu odeias cortar o cabelo?

O rapaz loiro riu alto, explicando que, quando procurou entrar no mercado de trabalho, o cortara porque sabia dos preconceitos que existiam. No entanto, assim que conseguira progredir dentro da empresa em que trabalhava, sentira-se seguro o suficiente para voltar a deixar crescer o cabelo e nunca mais o voltara a cortar. Jason pediu-lhe conselhos de produtos capilares, alegando que era novo demais para perder tantos cabelos como já perdia, e rapidamente a conversa mudou para coisas daquele género. Com o meu copo de vinho na mão, eu ria mas fiquei sobretudo calada, observando toda a dinâmica à minha volta. Olhei especificamente para Jill, apreciando o facto de ela se integrar sempre tão bem com novas pessoas, assim como o facto de ela e Anna estarem sentadas numa cadeira, juntas.

Sorri para a visão de duas das minhas maiores amigas finalmente numa relação em que ambas estavam felizes. E, ao contrário do que Jill me confiara recear, Sam tinha-se apresentado com todo o entusiasmo de sempre, ficando feliz por ambas. Confessara namorar há quatro anos, significando que tinha iniciado a relação um ano apenas depois de ele e Anna terem terminado o seu namoro. Quando ele nos informara disso, eu olhara para a minha amiga com um olhar reprovador, como se lhe tivesse dito "só tu é que ficaste com problemas, idiota", para o qual eu recebera o seu dedo do meio.

Caminhos Cruzados // harry stylesOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz