Capítulo 5 - Sr. e Sra. Amell

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MARCOS - Agora

Quando entro na rua da casa dele, vejo um rapaz saindo correndo de sua residência e entrando no carro, acelerando e passando por mim rapidamente. Mas sua face eu reconhecia.

Era Lucas Álamo.

Por alguma razão meu coração se acelerou ao ver a porta da casa dele escancarada, desci do carro feito um louco deixando as chaves dentro do carro sem me importar se ele seria roubado ou não.

- Alex! Alex!

Silencio.

Ao entrar na casa vi que ele estava caído no chão, toquei seu corpo gélido no chão, verifiquei seu pulso. Entrei em desespero.

- Acorda! Por favor, acorda! Não me deixa.

As lagrima corriam pelo meu rosto, segurei seu corpo nos meus braços e voltei para o carro, não sei como, mas entrei com ele em meus braços, sua cabeça estava no meu colo enquanto eu dirigia feito um louco. Ultrapassei sinais vermelhos e uma viatura policial me seguia. Eu não estava preocupado com nada alem dele.

Eu não o perderia.

Eu não permitiria.

Cheguei ao hospital, sai o mais rápido que pude com ele em meus braços.

- Alguém me ajude! – gritava freneticamente naquele maldito lugar.

E mais uma vez acordei assustado naquela noite. A janela do meu apartamento estava aberta, o vento adentrava e balançava as cortinas, olhei para o relógio digital no criado mudo que havia ao lado da cama. Eram três da manha. Levanto-me devagar e sigo para a cozinha, abro a porta da geladeira e pego uma garrafa de água e me sento no sofá da sala, massageio o meu semblante e me foco em um ponto vazio.

Suspiro.

Os últimos dias não foram fáceis para ninguém. A dor havia se instalado desde que Alex...

Bebo um gole de água.

Era como rebobinar uma fita de tudo o que havia acontecido há uma semana. E estava tudo tão claro, que era impossível não pensar em como chegamos a esse ponto.

Algumas enfermeiras vieram ate mim, logo em seguida um medico apareceu. O levaram para dentro e eu fiquei ali esperando. Torcendo. Para que não arrancassem ele de mim.

Desabei no chão, minas mãos estavam no meu rosto, as lagrimas escoriam freneticamente. Eu chorava como uma criança desesperada. Eu não ligava para nada. Eu só queria tê-lo de volta.

Sirenes.

Policiais.

Eu não ligava.

“Não me deixe meu amor...” – supliquei em minha mente.

Eu não consegui identificar o amontoado de pessoas ao meu redor naquele momento. Levantei-me devagar e abri caminho, meus pés me levavam a um único caminho e de repente eles começaram a correr. Eu estava atravessando um corredor longo e com cheiro de detergente. Enfermeiros entraram na minha frente e me seguraram. Impedindo-me de encontra-lo, de ficar com ele. Não havia outro pensamento em minha cabeça há não ser esse. Eu queria estar com ele. Então algo atravessou minha pele e deixaram meus olhos pesados, me soltei dos enfermeiros e voltei a correr, meus pés ficaram pesados e meus olhos não aguentaram.

Um baque.

Eu estava no chão, olhando para lâmpada branca enquanto os enfermeiros me levantavam e eu ia em direção à escuridão.

O teto branco não me era estranho. Eu já o havia visto antes. Meus olhos se abriram e mesmo machucando-se não fecharam em protesto. Levantei-me da cama e olhei em volta. Eu estava em um dos leitos do hospital. Juntei as forças que eu tinha e me levantei da cama e segui para a porta. Olhei para o corredor tranquilo e vazio e sai caminhando em busca dele.

Vaguei pelos corredores ate que entrei um quarto isolado em um corredor que dava para as janelas do hospital. Abri a porta devagar. E lá estava ele. Deitado. Com aparelhos o monitorando. Mascara de ar. Esbocei um leve sorriso por finalmente tê-lo achado, mas ao mesmo tempo a dor me consumia. Puxei uma poltrona e me sentei ao seu lado, segurei sua mão e desabei.

Alguém toca meu ombro.

Quando me viro, meus olhos encharcados olham para a mulher morena de cabelos longos que sorri levemente para mim, talvez tentando me confortar. Atrás dela há um homem, branco. Ele olha para Alex e seus olhos se enchem de lagrimas.

Talvez aquilo fosse um adeus a todas as esperanças que um dia eu tive, mas eu iria me agarrar a essa esperança ate o final de tudo. Voltei-me para Alex. Ele dormia tranquilamente, parecia que não havia nada de errado com ele e então...

Bips estrondosos.

Tudo aconteceu e um médio e cerca de quatro enfermeiras entraram no quarto. Eu não entendia o que eles falavam, mas fiquei estático mesmo quando me empurraram do meu lugar a força. Olhei para o Sr. e a Sra. Amell que estavam abraçados.

“- Não nos leve ele” – supliquei enquanto via o coração dele parar de bater aos poucos.

Olhei para o chão e para o meu velho diário que eu havia deixado na noite anterior ali, o peguei e o joguei no cesto de lixo, joguei álcool e acendi um fósforo. Lembrar o passado não fará que você siga em frente, voltar ao passado só fará com eu as feridas que haviam se fechado se abram novamente. E como se tudo que um dia te machucou volta-se e te derruba-se e fizesse você desistir de tudo e por um momento eu pensei realmente em fazer isso.

Mas ele não deixaria que eu fizesse isso.

Olhei para a foto de Alex na mesa e voltei para o meu quarto, deite-me e olhei pela janela e mais uma vez eu me agarraria a qualquer tipo de esperança, mesmo que ela fosse quase nula.

Querido Diário: O Poder - Livro II (Romance Gay)Where stories live. Discover now