Guiada pelo som

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Ele se levanta após terminar sua refeição e passa seus olhos no restaurante até se encontrar com os meus. Volto a me concentrar na comida que acabou de chegar, ignorando o garoto que pesava aqueles azuis brilhantes sobre mim.

Dou um gole no champanhe e volto meus olhos pra mesa onde ele estava, mas ele ja tinha ido embora.

- Eai, se divertindo com minha desgraça?_ Ele se senta na mesa emburrado, segurando em uma de suas mãos um copo de cerveja.

- Tão gentil_ Ironizo.

- Meu sobrenome é gentileza_ Ele sorri, mantendo o silêncio entre nós.

- Qual é Stevie? Eu ia adivinhar que te encontraria aqui?

- De todos os restaurantes franceses, você escolheu justamente um longe do seu bairro e longe do seu prédio. Bem no momento que eu te disse que vinha pra um encontro.

- Tá dizendo que eu te segui?

- Entenda como quiser, não faz diferença você entender ou não.

- Você é maluco ou o que?

Me levanto da mesa, eu não entendo esse cara sinceramente. Uma hora ele tá um doce comigo e do nada se torna essa pessoa  amarga?. Acho que ele ainda não notou que eu tenho outros problemas que não envolvem Stevie Clerment.

- Onde você vai?

- Pagar minha conta._ Continuo andando até o caixa até que Stevie pede ao garçom as duas contas. Volto até ele pra pegar minha nova comanda mas quando menos espero já estava passando o telefone pro rapaz.

- Eu falei que ia pagar.

- Sou um cavalheiro querida._ Ele faz uma reverência idiota. Enquanto saia do restaurante, foi notável o desconforto no rosto de Stevie. Que era observado por cada pessoa que estava no restaurante.

Incrível como as pessoas preferem cuidar da vida dos outros do que a delas.

Saindo do restaurante, Stevie me oferece uma carona na qual eu aceito.

A viagem foi tranquila, apenas o vento do ar condicionado do carro e sem Stevie fazendo de tudo pra me irritar.

Ao chegar em casa, agradeço e o mesmo assente. Em seguida entro onde encontro meu apartamento impecável e com Charllote lendo um dos meus livros favoritos no sofá "O morro dos ventos uivantes".

- Vou te ser sincera, esse apartamento é maravilhoso.

- Eu tive boas indicações.

- Percebi._ Ela volta a se concentrar no livro enquanto vou a cozinha e me deparo com um banquete: arroz,purê e bife. Pelo menos não preciso cozinhar.

- Gostando do livro?_ Pergunto enquanto me jogo no sofá a procura de um canal interessante na TV.

- É errado eu gostar do Heathcliff por ele se vingar do Hindley? Por que se não fosse por ele. O Heathcliff tava com a Catherine feliz eu acho._ Ela faz uma expressão duvidosa me fazendo extremesser em risos.

- Não é errado, eu gosto dele só que suas táticas de vinganças que foram pesadas pra época.

- Não entendo Alexia, qual a graça do livro se o amor dele morre?

- Essa é a graça, o livro mostra o ódio e o amor. O que deixa ele sobre uma aura fria e escura.

- E você gosta de livros assim? Eu prefiro um clichê_ Ela agarra o livro como uma criança boba.

- Eu gosto de todos os estilos.

- Aff, Alexia você precisa de um clichê sério.

- Charllote,livros são como a vida. Somos pessoas guiadas pelas nossas emoções, uma hora pode ser a raiva, angústia, amor, medo, felicidade e muitas. E tudo isso a gente vive. Se resumir em apenas clichê não séria se resumir a experimentar só um prato da vida?