VI - Qual o meu problema?

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De Jennie Kim:

"Uma parte de si achava que devia aquilo a ele, devia seu corpo a ele porque sua cabeça vivia em guerra."


Jennie bufou, irritada, prendendo as madeixas castanhas em um rabo de cavalo rápido. Suava incontrolavelmente ao ponto de precisar trocar de uniforme. Poderia explodir de tanta raiva, era só isso que se passava pela sua cabeça. Depois de Lisa deixá-la no banheiro, sozinha e molhada, ainda procurou mais uma humilhação ao pedir desculpas à Jisoo. O que esperava, afinal? Que a tailandesa desse a ela mais um mínimo de atenção com esse pequeno ato benevolente?

Fechou os olhos, a imagem da loira passando por suas pupilas fechadas. Não podia deixá-la bagunçar sua vida dessa forma, fazê-la agir impulsivamente e acabar com a sua imagem pelo colégio. Queria ter coragem para gritar todos os xingamentos que viesse em sua mente, mas ao mesmo tempo essa ideia ia embora ao lembrar-se da voz rouca e baixa dela, sussurrando em seu ouvido, ameaçando-a com sorriso debochado e a maneira que-

- Maldita Manoban!

Chutou um dos bancos do vestiário. Não tinha razão lógica para pensar isso, como também não deveria ter voltado para lá depois da conversa fracassada com Jisoo, mas continuar na sala de aula ouvindo a voz chata da sua professora de geografia, irritante e monótona, entrando em sua mente e fazendo sua cabeça doer não estava em seus planos. Seus pés batucavam na mesa enquanto fitava o quadro negro, segurando um bocejo, encarou o relógio de ponteiro que ainda marcava meia hora para o fim da aula, então juntou todas as suas coisas e saiu da sala, batendo a porta forte, ouvindo a explicação da professora parar por um momento.

Sorriu ao ver que tinha feito alguém passar raiva, se aliviava um pouco com isso.

Era mais forte que Jennie ser daquela maneira, só sabia ser notada assim.

Mas não era um pessoa má, às vezes, durante a noite, não conseguia dormir direito. Tinha pesadelos com ela no lugar de Jisoo, tinha pesadelos que mais pareciam lembranças, das vezes em que seu namorado a forçava a fazer algo que ela não queria.

A porta do vestiário foi aberta e, por um segundo, pensou ser Lisa, logo se auto xingando por querer ficar sozinha com a loira de novo. Mas seus pensamentos foram interrompidos por um garoto alto que apareceu por entre os armários.

Observou Chinhwa por longos minutos, ele desconfiava da estranheza dela ultimamente, era seu namorado há dois anos. E mesmo que no começo achasse que realmente gostava dele, agora vivia naquele relacionamento por comodismo. Seu pai prezava pelo garoto e sua mãe sempre a parabenizava pelo bom partido que arrumou, então até relevava o ciúmes nada normal e suas tentativas falhas de tirar a sua virgindade.

- O que houve? - perguntou Chinhwa, sério.

Já tinha chegado nos ouvidos do capitão que Jennie fez mais um xilique em sala de aula. Riu em escárnio, se ajeitando no banco de metal. Nada de novo sob o sol.

- Por que teria havido alguma coisa? - Voltou a encará-lo, vendo-o fitá-la dos pés a cabeça. Conhecia aquela cara: era Chinhwa pensando se valia a pena levar em consideração mais um surto da namorada.

E ali, vendo seus músculos fortes e bem definidos, o rosto delicado que fazia as meninas suspirarem, se perguntou de novo porque nunca teve nenhum interesse sexual pelo garoto. Porra, ele era lindo! Toda menina daquele lugar morreria para tê-lo por uma noite, mas nunca se sentiu assim, nunca ficou tão excitada por tão pouco como o que Lisa lhe deu na semana passada.

O último ano do resto das nossas vidasWhere stories live. Discover now