VII - Apenas me dê uma noite boa

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De Roseanne Park:

"Parar de pensar era uma benção, não ter angústias e paranoias que a deixassem depressiva era um desejo recorrente."



Rosé cambaleou e acabou sendo puxada novamente para o sofá gasto, as risadas dos homens a sua volta soando nojenta para os seus ouvidos, pegajosas como se derretesse em seu rosto.

- Qual é gatinha? Não está gostando na nossa companhia? - Um dos homens disse, passando as mãos pelas madeixas ruivas.

- Eu só quero ir para casa, por favor... - ditou pedinte, sua mente girando, confusa.

Rosé sempre frequentou aqueles clubes sozinha. Ela sabia que havia perigo à espreita, seja nos homens mais velhos e suas cantadas baratas ou em si mesma e na facilidade que tinha de se meter em encrenca por confiar demais nos outros. Não que confiasse verdadeiramente, não era tão ingênua, esse último item poderia ser mudado para a "capacidade de testar as habilidades do seu anjo da guarda" ao aceitar tudo que a fizesse fugir da realidade, que a deixasse tão ferrada e inconscientemente inapta até os problemas irem embora.

Parar de pensar era uma benção, não ter angústias e paranoias que a deixassem depressiva era um desejo recorrente.

Park Rosé não estava preparada para crescer, para lidar com problemas reais, poderia empurrá-los o tempo que fosse preciso até Jisoo voltar para a sua vida e resolvê-los para si.

Mas então Jisoo tinha virado um estúpido problema também. Ela não quis atendê-la por toda a semana, e os homens no bar prometeram que a fariam parar de chorar e parar de pensar nela, e por aquele segundo quis ser ingênua e acreditou quando eles a deram aquele copo, o comprimido pequeno se esfarelando no álcool.

- Você é tão linda, não quer ir conosco pra casa?

Abriu os olhos, o rosto deles dançavam pelas suas vistas. A música da boate era estridente, a voz da cantora mudava de tons e a cor da boate mudava junto, de vermelho a verde, ela podia sentir essas cores em seu corpo, tocando-a.

- Eu realmente não sei... tá tudo... estranho demais - balbuciou.

Os homens pareciam ter duplicado de número, quando chegaram tantos assim? Com seus olhos de lobo, rondando a presa, loucos para dar o bote. A calça de Rosé parecia mais pesada com as mãos grossas deles nas suas coxas, um novo desconforto subindo pela garganta.

Respirou fundo, sendo guiada por alguns deles até a saída, a música alta começava a soar abafada a medida que percorria os corredores até a entrada principal. Não queria sair dali, a boate era o lugar mais familiar que tinha, aquelas pessoas suadas dançando, chorando, rindo, gritando, escoradas nos balcões de bebida, poderiam ajudá-la se tudo desse errado.

- Você sabe que isso não vai acabar bem, não é? - Um deles sussurrou. Ela concordou com menear, os olhos cheios d'água. Quem visse de fora poderia acreditar que Rosé os seguiu por livre e espontânea vontade, estava andando com os próprios pés e nunca tinha provado a sensação de ser traída por eles, de não ter o mínimo de controle de suas ações.

- Acho melhor sumirem daqui, antes que eu chame a polícia. - A voz conhecida soou, e ela sorriu quando sentiu-se livre de tantos homens ao seu redor.

A rua era íngreme e o rosto de Jiyong reluzia, os cabelos em tons de laranjas e os olhos lotados de uma maquiagem brilhante, ela quis tocar, saber a textura dele, queria agradecer verbalmente, mas sua voz tinha sumido e ela não conseguia achar, por um momento pensou tê-la comido por engano.

O último ano do resto das nossas vidasWhere stories live. Discover now