Capítulo 14

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Eu imaginei que o duque iria desistir rapidamente, mas como ele falou, eu o subestimava.

Já havia se passado uma hora e muitos nobres ainda estavam dançando, inclusive, eu e Benjamin.

Todas as vezes que Benjamin chegava até mim, perguntava se eu realmente achava que ele não aguentava o pique. Ele era idêntico aos nobres daquele baile, todos competitivos, mas algo o tornava diferente naquele momento, ele estava competindo apenas comigo e não com o resto da nobreza. Benjamin estava tentando mostrar mais do que seu apetite para dança, eu sabia o que ele estava fazendo, mas não iria deixar fácil, se ele quisesse mesmo me conquistar ele teria que ser mais habilidoso.

Dançamos por mais meia hora e foi aí que percebi, quase todos os nobres haviam desistido da valsa, restavam apenas 4 casais, eu e Benjamin éramos um deles.

— Olá novamente senhorita Ossory, estou chegando mais rápido não acha? — Falou sorrindo

— Senhor, acredito que está na hora de pararmos.

— Parar? Qual é o seu medo, senhorita? — Falou enquanto colocava seu rosto no meu respeitando fielmente a coreografia.

— Não tenho medos, senhor. Mas não estou disposta a viajar para Inglaterra com sua pessoa.

— Então você acredita que se ficarmos iremos ganhar?

— Eu acredito que ainda tenho forças para ficar aqui mais um tempo.

— Se a senhorita ficar, prometo que a deixo passar o tempo que quiser com o seu irmão na Inglaterra.

Mais uma vez, convertendo a situação ele me fez sorrir. Seria um sonho passar algum tempo com Lore naquela cidade que eu tanto amava... Seria minha primeira vez fora de Ziemia e também em Londres, aquela proposta era irresistível.

— Bom, eu fico, mas você tem que prometer que se ganharmos, você irá doar sua passagem para a Suze. — falei empinando o nariz.

— Mas, Suze não poderá ir na classe A senhorita.

— Você sempre arruma um jeito não é? Qualquer coisa senhor, disfarce, suborno...

— A senhorita é mesmo encantadora. — Falou Benjamin

— Só aceito nessas condições.

— Então, senhorita, pés firmes e vamos ganhar essa competição.—

Benjamin sorriu.

Alguns segundos depois a coreografia acabou e ele passou para a dama que estava ao meu lado. Naquele momento percebi que mais um casal havia desistido. Só restavam mais 2.

Vinte minutos depois, ainda não havia desistências.

Benjamin dessa vez veio com um assunto um pouco diferente.

— A senhorita acredita mesmo no amor? — Falou Benjamin

— Eu acredito na existência de um sentimento maior do que todos os outros. Eu sei que o amor existe, é o que sentimos pela as pessoas queridas. Mas, eu nunca senti o amor entre homem e mulher. Eu acredito que eu não estou preparada para sentir tal proeza. Eu sei que nunca irei amar alguém, como minha mãe ama meu pai, como seu pai amava a sua mãe.

— Meu pai sempre dizia que a fraqueza dos homens é amar. Eu entendi isso depois que ela morreu. A doença que o importunou foi causada pelo álcool. Ele não aguentou a morte da minha mãe e usou das bebidas como refúgio para esquecer toda a dor que ele estava sentindo.

Eu quero poder amar a senhorita, eu quero sentir o que meu pai sentia quando estava perto da minha mãe. Mesmo que às vezes eu negue, você me causa frio na barriga, eu acordo bem mais disposto, porque eu sei que vou encontrá-la. É estranho dizer isso, mas, a primeira vez que a vi, na biblioteca, eu percebi o real significado do meu pai ter a escolhido para mim. Não sei o que estou sentindo, estou em confusão, a senhorita é tão bela, tão forte... eu poderia ter decidido a devolver, tive motivos para isto.

Às vezes penso que é exatamente isso que você quer, mas todas as vezes que olho para seus olhos, esses olhos azuis, eu não consigo sentir raiva ou qualquer sentimento parecido. Eu sei que é confuso, mas eu estou encantado pela beleza dos seus olhos, pelo calor das suas mãos, pelo encanto do seu sorriso, pelas estrelas que marcam sua pele, pela força que você transmite, pela mulher que você se mostra ser. Eu estou encantado pela primeira vez, pela pessoa que sempre me foi prometida, pela mulher mais linda de toda ziemia.

Os únicos movimentos que eu conseguia fazer era da coreografia que já estava automática. Em minha boca não saia se quer uma palavra. O duque me olhava esperando que eu falasse algo. Ele era um homem bom. Não merecia o que eu estava fazendo.

Ao mesmo tempo me veio a sensação de fracasso, um fracasso daqueles terríveis, meu corpo congelava a cada segundo que se passava, eu tinha fracassado, o duque estava sentindo algo por mim, ele nunca iria me devolver, como eu poderia ter fracassado? O que vou fazer agora?

Meus olhos ardiam e eu sabia que em poucos segundos as lágrimas iriam escorrer pelo meu rosto, da mesma forma que as palavras de Benjamin escorreram sobre minha alma.

Eu me odiava, odiava Benjamin, odiava o meu pai, odiava o rei e todos que estavam aplaudindo a gente naquele momento.

Foi aí que percebi que entre aquele momento inerte, estava apenas eu e Benjamin dançando naquele salão, em poucos minutos os dois casais tinham desistido e eu nem sequer tinha notado.

Paramos de dançar, Benjamin sorria para mim, ainda esperando uma resposta, mas feliz. E eu extravasei toda a sensação de medo que estava sentindo. Meus olhos encheram d'gua e eu chorei, todos pararam de aplaudir. Em pânico, eu saí daquele lugar correndo o máximo que pude, corri até chegar ao imenso jardim, me perdendo nas paredes do labirinto que ali continha.

Por um momento, me propus a sentir o gosto da derrota. 

31 dias para te amar - Livro 1 - [1º versão]Where stories live. Discover now