Capítulo 19

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Chegou o grande dia da viagem. 

Eu estava mais nervosa que o normal, Suze que iria logo depois de mim não estava tão animada, ela tentava forçar um sorriso, mas não me convencia. Tentei anima-la, mas provavelmente estava com medo de tudo dar errado. Entretanto, confiava em Benjamin, tudo teria que dar certo. 

Suze entraria vestida de velha, toda coberta para ninguém ver sua pele. Viajaria comigo em uma cabine e ao chegar em Londres poderia ser livre, nem que fosse um pouco.

Quando a carruagem chegou eu ainda não tinha visto Benjamin, me peguei olhando para todos os cantos da sala tentando o encontrar. 

Ele não vinha se despedi mesmo?

Josembergue colocou minhas malas na carruagem, enquanto eu conversava com Suze sobre como iria ser o roteiro. Era a décima vez que fazia isso.

— Veja bem Suze, não se esqueça. Eu irei primeiro, passarei pelo os guardas como uma mulher casada autorizada pelo marido a viajar sozinha. O cocheiro vai pegar você assim que eu já estiver dentro do navio. Você vai entrar vestida de idosa, toda coberta. Ninguém vai ver sua pele. Você viu o véu que deixei no seu quarto ?

— Sim, senhorita, vi! — Falou Suze.

— Bom, use-o para cobrir o rosto, não se esqueça de andar com a cabeça baixa. Ao chegar na cabine, você vai ter a liberdade de tirar a peruca e o véu. Estaremos sozinhas. E ao chegar em Londres, você experimentará um pouco da liberdade.

— Entendi tudo senhorita! Pode deixar que farei tudo certo. — Falou Suze.

Assenti com a cabeça, Nos abraçamos, entrei na carruagem e dei uma ultima olhada para o casarão na tentativa de encontrar Benjamin, Mas não encontrei. 

O Cocheiro começou a partir. Acenei para Suze e sua família e me deixei levar pela paisagem que nos rodeava. Em alguns momentos, os pensamentos bons davam lugar a uma angustia causada por Benjamin, por ele não ter ido se despedir de mim. E foi aí que percebi que mesmo que eu não quisesse, eu sentia algo por ele, não conseguia identificar, mas era algo bom de se sentir.

Eu precisava daquela viagem, precisava de um tempo distante do duque para voltar a sentir a mesma indiferença que eu sentia antes. Londres era o melhor lugar, Suze era a melhor pessoa eu não poderia querer mais, eu não poderia escolher lugar melhor para esquecer qualquer sentimento pelo o duque.

 para ele esquecer qualquer sentimento por mim.

Chegamos um pouco antes das dez da manhã. Várias pessoas entravam e saiam dos navios, na sua grande maioria homens com bons ternos. Eu parecia ser a única mulher a embarcar sozinha, sem a companhia de um marido. Afinal, quem deixaria¿ Percebi alguns olhares enquanto me encaminhava para apresentar minha passagem com minha certidão de casamento e a ordem de passe do meu "marido".

O guarda que pegou meus documentos era alto, magro, sério e me olhava dos pés a cabeça, certamente julgando meu "marido" por deixar eu viajar sozinha. Meu coração gelou quando ele chamou um outro guarda. Ambos me olharam e em seguida olharam meus documentos, olhei para o lado para disfarçar meu nervosismo, minhas mãos estavam geladas e minha pele pálida.

— Senhora, desculpe a demora. Fomos informados que o tenente Moura irá acompanha-la a sua cabine. Peço que espere um pouco. Ele já está a caminho.

Assenti com a cabeça e aliviei toda tenção. Moura era o amigo tenente de Benjamin, aquele que estava por trás de toda essa armação do bem.

Alguns minutos depois ele se aproximou e falou:

— Olá senhora Van Edell. Peço que me acompanhe.

Escutar aquelas palavras me dava vertigem. Nunca pensei que poderia ouvir alguém se referir a mim dessa forma. No entanto, dei um sorriso apertado e acompanhei o Tenente, que era um homem de meia idade e muito bonito, exceto por seu rosto rígido que dava a entender que estava sempre de mau humor.

Caminhamos alguns minutos até chegar ao navio. 

O navio era enorme, a fumaça que liberava de sua grandes chaminé desenhava o céu e deixava-o mais escuro do que o normal. O navio por dentro era bonito, parecia um casarão bem decorado, mas não tinha muito luxo. Estava bem movimentado, tinham homens e mulheres procurando suas cabines.

Eu, no entanto, estava acompanhando o tenente. 

Depois de alguns minutos, paramos. O duque falou alguma coisa para um guarda que estava fazendo a vistoria e voltou-se em minha direção.

— Senhora, pode se acomodar... sua companhia chega em meia hora e o navio partirá em 60 minutos.

— Obrigada senhor, espero que ocorra tudo bem — Falei olhando nos seus olhos.

— Não se preocupe senhorita, ocorrerá.

Ele sorriu, e se retirou. 

Entrei na cabine e me deparei com um espaço maior do que eu esperava, tinha grandes assentos confortáveis, uma mesa com jarra de água e alguns biscoitos caseiros. Tinha algumas cobertas dobradas sobre um pequeno criado mudo ao lado da porta. Toda a decoração era Purpura isso me soava familiar. Me soava Benjamin!

Respirei fundo e falei, como uma louca falando sozinha em voz alta:

— Você é realmente previsível senhor Van Edell.

— As vezes não senhorita Ossory.

Me virei imediatamente para a porta e lá estava Benjamin, me assustei ao vê-lo, mas ao mesmo tempo gostei de encontra-lo ali.

— O que aconteceu? porque você está aqui?

— Suze pediu para entregar esta carta para senhorita. — Falou Benjamin ao me entregar um papel mal dobrado.

Eu peguei o papel e olhei para Benjamin sem entender o que estava acontecendo. Abrir a carta de Suze e me deparei com algo que mudou totalmente os meus planos.

"Senhorita, creio que esteja se questionando sobre o conteúdo desta carta. Venho aqui escrever o motivo pelo qual não irei viajar para Londres com sua pessoa.

Olhei para Benjamin com os olhos marejados, ele que estava me olhando, abaixou a cabeça e assim ficou.

"Como eu sempre falo, sou uma mera criada, seria muito arriscado viajar, eu não posso colocar a vida da minha família em risco para viver uma aventura que acabará em poucos dias. Eu iria viver toda essa maravilha, conhecer um pouco da minha liberdade e conhecer o mundo para que? Para voltar a ziemia e ter que viver escondida? Voltar a minha rotina e perceber que eu nunca poderei viver no mundo em que conheci? Desculpe-me senhorita, mas não posso. Eu não posso colocar minha família em risco, eu não posso me permitir pensar em um futuro, eu não posso... De qualquer forma, não brigue com o Duque, ele não tem nada haver com isso; eu que pedi que fosse em meu lugar, eu que pedi que não lhe contasse nada até o dia da viagem, eu sabia que se a senhorita soubesse de alguma coisa nunca iria aceitar viajar com ele. Eu não entendo senhorita, o duque é um homem tão bom, digno de seu amor. E é por isso eu vi dessa oportunidade um motivo para que vocês possam se conhecer melhor, visitar todos os lugares que citou para mim todos os dias. Dê uma chance a Benjamin, Johanna, ele é merecedor de todo seu afeto. Compartilhe dessa viagem com ele e se permita sentir tudo que o amor emana. Desculpe-me. Se possível me mande uma carta assim que chegarem. Espero que eu continue sendo sua melhor amiga. Eu amo vocês dois e vocês se amam, é só enxergar o que está bem a sua frente.

Com amor, Suze."

Enxuguei minhas lágrimas que já escorriam por minha face. Dobrei a carta, dessa vez, da forma certa. Sem falar nada sentei-me no sem consegui falar nada. Benjamin se aproximou, colou suas mãos em meu ombro e falou:

— Está tudo bem?

— Então você sumiu porque estava vindo pra cá? — Indaguei!

— Sim, estava acertando algumas coisas. Me desculpe, senhorita. Suze é cabeça dura a ideia foi toda dela. Ela me pediu para não falar nada.

— Tudo bem, eu entendo... Então você vai mesmo me acompanhar nessa viagem? Perguntei, ainda sem consegui olhar em seus olhos.

— Sim, e espero ser uma boa companhia, assim como Suze.

— Então se irei passar algumas muitas horas em sua companhia, comece a me contar o porque de tanta purpura.

Benjamin sorriu, sentou-se ao meu lado e começou a falar.

31 dias para te amar - Livro 1 - [1º versão]Where stories live. Discover now