Angels Forever

Beauty and the Beast

Beth's Pov.

Acordei um pouco tonta ainda na madrugada sentindo fortes dores em minha barriga, já sabendo que era cólica e eu não poderia fazer nada ao respeito. Que droga, por que isso tem que acontecer comigo bem agora? Até porque eu não tenho nada que faça parar, geralmente a água quente resolve, mas até isso é luxo no apocalipse.

Que droga, eu ando tão cansada. Eu nem sei se vamos ficar nessa casa, nem sei se amanhã vou sobreviver, se vou conseguir vencer essa lerdeza que tenho dentro de mim, ou se vou conseguir ser habilidosa como Daryl, porque sempre parece que sou um peso! Sei lá, parece que sem ele eu não estaria aqui mais, como se eu jogasse tudo para ele e vivesse às suas custas... E isso é muito triste.

Ser uma pessoa assim, como se fosse um peso, é triste. Eu nem sei se eu tenho um talento além de cantar o dia todo! Eu nem sei se eu realmente sou boa em algo! Isso que é uma droga, o fato de precisar de alguém para respirar! Eu sou bem melhor que isso, eu posso me virar, eu não preciso dele, ele vai ser muito mais feliz se eu não estiver por perto para pesar ele, para pesar a vida dele. Eu não sou digna disso, ok? Eu estou cansada demais vivendo em um mundo onde só tem desgraça, onde você precisa se defender desses vivos-mortos, onde você não pode viver um segundo feliz, você tem que lutar pela sobrevivência todos os dias!

Eu estou cansada, sinceramente, exausta! Eu não quero mais ficar aqui. A medida que eu ia pensando, ia amanhecendo. A única coisa que eu fiz foi, mesmo com a chuva forte, decidi sair da casa e seguir meu caminho sozinha. Eu sei, eu não sobreviveria, mas eu não queria mais lutar, eu iria me entregar para a sorte. Andei uns passos até a porta e logo apanhei a faca que estava em meu bolso. Suspirei enquanto estava virada para Daryl, o vendo dormir tranquilamente e decidi deixar um recado, porque ele precisava saber disso. Ele precisava saber que eu não podia ser mais um peso para ele, eu precisava seguir minha vida sozinha.

Eu sempre guardei meu lápis na bolsa caso precisasse, nunca me foi útil, mas era muito naquela hora. Apanhei o papel todo amassado e apenas escrevi "Você gosta de ficar sozinho, se cuida" e andei até o sofá, deixando o papel do lado do rosto dele. Fechei os olhos e uma lágrima desceu e deslizou em meu rosto. O papel ainda estava sobre o sofá e me viro para ir em direção à porta.

Mesmo que estivesse chovendo, incrivelmente alguns raios de sol adentravam a cortina como uma luta de território. O vento fazia com que o tecido voasse lentamente, subindo e descendo de encontro com o vidro quebrado da janela. Suspirei e abri a porta, chorando muito. Senti que era a hora de deixa-lo. Sai e fechei a porta com minha faca na mão, checo se estou sozinha e realmente estou, mas é sempre bom manter a faca por perto. Suspiro quando vejo que vou ter que enfrentar a chuva. Dou de ombros, é melhor, assim tomo banho. Começo a andar em direção ao fim da propriedade, até que algo puxa o meu braço.

Assusto e esse algo me puxa para trás e viro para ver o que está acontecendo. Por um momento fico confusa e não entendo muito, mas vejo Daryl berrando, todo encharcado com gotas de água escorrendo pela sua face.

- Que merda você pensa que tá fazendo? – Ele gritava com uma cara de bunda. Que merda que eu tô fazendo? Eu tô vivendo, quero minha individualidade.

- Me deixa ir – Tentei faze-lo me soltar mas ele ainda segurava meu braço.

- Não me deixa sozinho – Ele pediu – Por favor.

Seus olhos me encaravam e eu podia ver sua alma, ele estava visivelmente abalado por isso, parecia que minha tentativa de ir embora tinha de alguma forma chocado ele, mas não era essa minha intenção, eu tinha a intenção de deixar ele em paz, não queria que ele sofresse com o meu peso e incômodo. Ele era frio e impaciente e tudo me fazia pensar que ele não me queria ali. Continuou me puxando e me levou de volta para a casa de madeira, me fazendo sentar em uma cadeira de balanço que havia na varanda da casa.