Contaminada

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Alfardo por várias vezes pensou em se aproximar novamente de sua filha, deis que ela recebeu alta da enfermaria a jovem vem o evitando. Ele já estava pensando em lhe dar uma detenção somente para poder ter um tempo a sós com ela, mas optou por uma saída menos dramática e simplesmente mandou seu elfo avisar a jovem que ela era esperada na sala do diretor. Imaginou qual seria sua reação quando percebesse que Dumbledore não a havia chamado.

Não demorou muito e sua filha entrou a sala e ao vê-lo a expressão em seu rosto lhe disse tudo o que ele precisava saber, ela sabia, sabia da ligação dos dois.

Valerie respirou fundo para se recompor do choque que foi encontrar seu pai diante de si. Já tinham se falado, é claro, mas naquele momento ela não sabia quem ele era e agora achava no mínimo desconfortável estar em sua presença.

− Boa tarde professor. O diretor está me esperando.

− O diretor não se encontra. Na verdade, nunca marcou nada com você.

Valerie olhou para todos os lados menos para o homem a sua frente, nunca na vida se sentiu tão sem chão como naquele momento. Compreendeu na hora o que estava acontecendo ali. Seu pai tinha armado aquele encontro para se aproximar dela e isso a estava incomodando. Outro Black para se intrometer em sua vida.

− Bom... como foi apenas um mal-entendido...

− Não. Eu chamei você aqui. Mas imaginei que se você soubesse que era eu solicitando esse encontro daria um jeito de não vir.

Valerie não respondeu, mas pensou que era exatamente o que ela teria feito. Alfardo viu nela os trejeitos de Beatrice, a maneira como olhava para o chão quando se sentia desconcertada, era exatamente como a mãe dela fazia e isso fez seu coração apertar com a lembrança, que era tudo o que lhe restava daquele amor.

− Valerie... você sabe quem eu sou?

Ela havia entendido a pergunta, Valerie não era tola. Ele estava lhe perguntando sobre o laço de sangue que os unia como pai e filha. Mas algo dentro dela, uma centelha de impertinência a fez dar uma resposta diferente.

−  Claro que sim. O senhor é o professor Alfardo Black, lesiona leis aqui em Hogwarts.

 Alfardo disfarçou o sorriso que se formava em seu rosto, pois não queria irrita-la. Mas a resposta dela mais uma vez a fez parecer com a mãe.

− Imagino que saiba porque a chamei aqui?

− Não faço a mínima ideia. Não temos nada para conversar.

− Você deve concordar que pelo menos temos um ponto em comum a qual deveríamos conversar. Afinal eu sou seu...

− NÃO!!! Não termine essa frase. Não ouse terminar.

Alfardo suspirou cansado antes de prosseguir com voz compassada como se explicasse algo a uma criança.

− Não podemos mudar os fatos Valerie, você querendo ou não eu sou o seu pai.

Valerie não gostou de ouvir as palavras sendo ditas em voz alto. Só faziam seu coração sentir falta de algo que nunca teve, sempre quis um pai, mas naquele momento se recusava a admitir tal fraqueza.

− O que o senhor quer, senhor Black? Quer que eu admita? Então sim, o senhor é o meu pai, se é que pode dizer isso de uma pessoa que nunca vi antes em toda a minha vida. Nunca lhe passou pela cabeça que nesses 16 anos você poderia ter ido se apresentar a mim? Ou só lhe ocorreu isso quando eu vim até aqui e incomodei a sua preciosa família?

− Minha filha, me deixe lhe explicar...

− PARE AGORA!!! Você perdeu o direito de me chamar de filha quando abandonou a minha mãe grávida. Perdeu esse direito quando me deixou enterra-la sozinha, quando me deixou ser enviada de casa em casa como e me sentindo desamparada e sozinha. Não quero ouvir nada que venha de você. Na realidade não me importo com as suas explicações. Vivi até hoje sem um pai, posso muito bem continuar vivendo o resto de minha vida sem.

The Half-Blood Prince - Severo SnapeWhere stories live. Discover now