CAPÍTULO DOZE

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CHRISTOPHER VON UCKERMANN

Depois de um banho, eu perdi completamente o sono. Eu sempre costumava tirar um bom cochilo pós sexo, mas naquela vez eu não consegui, talvez por ter durado muito menos que o que costumava durar, ou pela situação em si.

Vesti apenas um moletom fino e fiquei olhando de longe aquela mulher apagada em minha cama, na dúvida se ela se lembraria de algo, se estava bêbada ou sóbria, e ela acordaria histérica quando se desse conta do que havíamos feito ou se simplesmente sairia pela porta fingindo que nada aconteceu.

Fiquei um bom tempo observando-a ali, vulnerável, realmente exausta de uma noite não dormida, então peguei um lençol e a cobri, fechei a cortina do quarto e saí fechando a porta. Talvez eu devesse chama-la, mas ao mesmo tempo só queria que ela descansasse, então deixei-a sozinha e fui para meu escritório limpar a bagunça.

Havia uma boa quantidade de vinho no chão, misturado aos cacos de vidro que eu cuidadosamente juntei sem fazer barulho, depois limpei e peguei o livro. Algumas páginas estavam bem manchadas, e realmente era o meu preferido, e eu queria ficar bravo, mas tudo que consegui fazer foi rir. O pulo que ela deu quando falei perto do ouvido dela fora engraçado, e valia cada página destruída e eu não tinha a menor intenção de joga-lo fora.

Fiquei na sala assistindo TV, tentando não pensar muito no que havia feito. Eu tinha certeza que aquilo não era certo, e já conseguia imaginar ela me odiando por isso, afinal, ela era casada e eu não me importei muito com isso. Senti um certo peso na consciência, mas meu lado diabólico só me fazia dar sorrisos em momentos aleatórios. Tinha sido bom, e apesar de querer me arrepender, eu não conseguia.

Fechei meus olhos por uns minutos, acredito ter até pegado no sono, mas então acordei assustado com um estrondo e em seguida um grito de dor. Saltei do sofá e fui direto para o quarto, onde encontrei-a meio desnorteada no escuro, com a mão na testa, o lençol que a cobria agora em seus pés.

— O que houve?

— Droga, por que essa porta estava aqui?

— Você bateu a cara na porta? Caralho!

Acendi a luz para visualizar melhor a cena e rir da situação, mas ela parecia bem perdida. — Droga, por que você tem uma porta no seu quarto?

— Dulce! — Eu quis mesmo rir, ela era o desastre em forma de pessoa e sempre culpava qualquer coisa que não fosse ela. — Deixa eu ver isso.

Tirei sua mão do local da batida e o volume em sua testa cresceu instantaneamente, o que demonstrava que tinha sido uma batida bem forte. Soltei um suspiro, abaixei-me, peguei o lençol depois enrolei em volta do corpo dela.

— Eu preciso ir embora.

— Eu sei, deixa só eu arrumar algo pra você se vestir, tá bom?

— Eu quero meu vestido.

— Ele está todo sujo.

— Eu não ligo, só tenho que atravessar a rua, e vai por mim, vai ser menos estranho alguém me ver atravessar a rua com um vestido sujo de vinho que com uma roupa sua.

Ela não conseguia me encarar, na verdade ela parecia com um olhar distante. — Tudo bem, eu vou pegar pra você.

Simplesmente saí, sem saber o que dizer. Eu voltei alguns segundos depois com o vestido dela e ela não hesitou em vesti-lo.

— Quer conversar?

— Não. Olha, eu sei que...

Então meu telefone tocou e ela parou de falar. Eu queria ouvi-la falar, mas ela não continuou.

— É melhor você atender.

Eu fui até a sala para ver quem me ligava e era o mesmo número que me ligou para a entrevista da empresa. Se fosse qualquer outro número eu teria ignorado, mas aquela ligação era realmente importante e eu precisei atender.

— Alô?

— Por gentileza, o senhor Christopher Von Uckermann.

Era a mesma voz dócil e gentil do outro lado da linha com quem eu tinha falado da última vez. — Sou eu.

— Ah, aqui é a Anahí, lembra de mim?

— Claro. — Ouvi então a porta da entrada bater, e eu soube que ela simplesmente se foi sem sequer se despedir.

— Estou ligando para dizer que o senhor foi aprovado na entrevista e começa na segunda feira. Esperamos por você aqui às oito e meia da manhã.

Eu não respondi, por que estava mais interessado em correr até a porta para chama-la, mas tarde demais. Ela tinha sido muito rápida e quando dei por mim ela já estava entrando na casa dela.

— Senhor Uckermann.

— Ah, sim, me desculpa. Eu realmente estou feliz com a notícia. Obrigado, de verdade. Obrigado pela oportunidade.

— Não há de quê. Te encontro na segunda de manhã, tenha uma boa tarde.

— Obrigada, pra você também.

Então ela desligou o telefone e eu soltei um suspiro frustrado. Eu tinha recebido uma excelente notícia e deveria estar dando pulos de alegria, mas tudo que eu conseguia pensar é que eu provavelmente tinha arruinado com a mulher que morava na casa da frente.

— Papa!!!

Era a voz de Maya e em seguida um choro. Eu não tive nem tempo para pensar direito na atual situação, porque minha vida era uma constante corrida. Fechei a porta novamente e fui até o quarto dela. Maya estava literalmente caída no chão, de barriga para baixo e com os braços e pernas esticados.

— Puta merda, Maya!

Peguei-a rapidamente, já verificando se ela tinha se machucado. Ela tentou sair do berço e simplesmente caiu para fora porque não sabia fazer isso.

— Tudo bem amor, já passou, já passou. — Comecei a acariciar suas costas enquanto ela chorava escandalosamente. — Machucou amor?

— Sim.

— Se eu der beijo vai ficar melhor?

— Sim.

Então dei alguns beijos no rostinho dela e ela se calou, coçando os olhos. — Pronto, tá melhor? — Ela assentiu, depois deitou a cabeça no meu ombro enquanto resmungava.

Por sorte tinha sido só um susto, mas eu já tinha sido alertado para isso. Eles já estavam na idade de tentar sair do berço e eu precisava começar a pensar numa alternativa para eles não fugirem do quarto e também de trocar o berço por uma cama, já que logo não faria mais sentido ter um. 

Vizinhos | VONDY (EM REVISÃO)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora