EPÍLOGO

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CHRISTOPHER (4 Anos depois...)

Ainda da janela podia ver Dulce brincar com as crianças. Do lado de for a, perto do lago, estava ela, Maya, Kevin e Aurora correndo enquanto Dulce tentava pegar pelo menos um deles. Eu podia ouvir a risada, principalmente de Maya, sempre escandalosa.

O tempo tinha passado tão rápido, que às vezes eu me assustava com quão grandes os três estavam. Parecia que eu tinha pego Maya e Kevin no colo pela primeira vez há tão pouco tempo, e ali estavam os dois, perto de completarem sete anos de idade. Apesar de grandes, eles não tinham mudado muito na aparência. Os gêmeos permaneciam com os cabelos loiros e Maya estava cada vez mais parecida com a mãe dela, já Kevin, cada vez mais comigo. Maya ainda era a menina de personalidades fortes, não aceitava em momento algum ser contrariada, e mesmo depois de grande, ela dava trabalho, principalmente na escola. Kevin já era mais quieto, mas com um nível de inteligência que eu estava indo atrás de especialistas. Ele aprendeu a ler antes mesmo de entrar na escola primária e aquilo me deixava um tanto assustado. Ele era gentil, protegia Aurora sempre que Maya tentava culpá-la de algo injustamente e eu sabia que ele seria um bom homem.

Já Aurora, eu não teria palavras suficiente para explicá-la. Ela tinha a aparência de Dulce, mas era uma verdadeira humorista. Tudo para ela era motive de graça, e raramente chorava por algo. Os três tinham personalidades tão diferentes que era comum que momentos como o que estavam tendo acabasse em briga.

Desci as escadas e comecei a caminhar na direção deles. Aurora for a primeira a me ver e começar a correr na minha direção. Seus cabelos negros e grandes demais para sua idade balançavam-se com o vento e ela já vinha rindo.

— Oi meu amor, bom dia. — Eu a peguei no colo e dei um beijo em sua bochecha. — Parece que estão se divertindo, posso brincar com vocês?

— Pode papai. — Ela ficou me olhando. Ela tinha isso de olhar bem no fundo dos olhos das pessoas, e não posso negar que aquele olhar tão negro me intimidava. — Quero ir no barco, papai!

— Aurora, o que a mamãe falou pra você?

— Depois. — Ela fez um biquinho, mas logo começou a rir.

Dulce se aproximou, me roubou um selinho, mas logo se afastou. — Tomou banho agora? O cheiro do seu sabonete tá forte.

— Tomei sim. — Ela fez uma careta e eu semicerrei meus olhos. Dulce não se incomodava com meu sabonete, pelo contrário, ela sempre gostava de roubar meus produtos de higiene, porque, palavras dela, eles eram mais gostosos que os dela. — Já tomaram café da manhã?

— Sim, não quis acordar você. — Ela desviou o olhar.

Ela estava um pouco chateada há alguns dias comigo, porque eu cometi o grande erro de pedi-la em casamento. Disse a ela que não precisava responder de imediato, mas ela não pareceu ter gostado muito da opção.

— Acho que precisamos ir ao mercado, essas ferinhas estão comendo tudo feito dragões.

— A gente pode ir agora se quiser.

— E as crianças querem ir no barco, mas disse que só mais tarde porque o sol agora está muito quente.

— Concordo com você. — Coloquei Aurora novamente no chão. — Ei crianças, vamos no centro da cidade?

Era toda uma confusão para organizar tudo na hora de sair. Aqueles três tinham energia que não tínhamos e era tudo sempre bagunçado. Demorou quase meia hora até arrumar tudo e a gente finalmente sair, e quanto conseguimos, eu vi que Dulce estava estressada.

— O que vamos comprar?

— A gente vê quando chegar lá. — Senti o tom grosseiro em sua voz e aquilo veio sem motivo nenhum. Vi de esguio ela pegar o celular e começar a mexer.

Vizinhos | VONDY (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora