CAPÍTULO TRINTA E OITO

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DULCE MARIA

Christopher se levantou do sofá e saiu em direção à cozinha, enquanto eu estava parada, segurando à frente do rosto aquelas fotos, sem conseguir reagir ou colocar meus pensamentos em ordem. A única explicação que tinha era que Nicolas, ou mais provável ainda, Fernando, tinha colocado alguém para me vigiar, o que significava que os dois sabiam bem do meu rolo com Christopher.

— Peguei um pouco de água pra você. — Disse ele, estendendo-me o copo, mas não peguei. — Eu sinto muito.

— Christopher, isso é muito mais grave do que imaginava.

— Eu sei.

— Caramba, eu não sei o que falar.

— Eu também não.

— Isso significa que nesse exato momento pode ter alguém nos vigiando. — A paranoia tomou conta de mim por um instante.

Saltei para fora do sofá e fui até as janelas, ver se avistava algo ou alguém suspeito, mas Christopher com toda calma do mundo foi até mim, e me puxou de volta para o sofá.

— Ou não, já que isso seria invasão de privacidade. Estamos seguros aqui dentro da minha casa.

— Será?

Entreguei as fotos de volta para ele e peguei o copo com água. — Será que eles já sabem o que eu quero fazer?

— A probabilidade é bem grande.

— Eu estou com medo. — Minha voz falhou, senti como se tivessem me dado um murro no estômago. — Talvez... talvez seja melhor eu desistir.

— Não. — Ele se abaixou à minha frente e pegou minha mão ainda livre. — Dulce, você é mais forte e melhor do que eles, tá? A gente sabe que não vai ser fácil, nada fácil, mas eu estou aqui e vamos ajudar você a sair dessa, juntos.

— Mas e você? Christopher, eu não quero afetar você, eu não quero que você seja alvo nessa história.

— Eu não estou preocupado comigo, e sim com você. Ok?

— Está?

— Sim. — Ele se sentou no chão e soltou um suspiro. — Talvez a gente deva parar de se ver com tanta frequência. Entende? Quer dizer, a gente deve manter contato, claro, mas não ir em lugar público ou algo do tipo.

— Eu não quero ficar sem ver você. — A primeira lágrima desceu por meu rosto antes que eu pudesse enxuga-la. Christopher pegou o copo ainda cheio em minha mão, e junto com as revistas colocou na mesa de centro, depois voltou a me olhar. — Desculpa, eu não...

— Não peça desculpas.

— E se eu abrir o jogo? Quer dizer, eu prefiro perder tudo.

— Está falando sério?

— Sim.

— Não é só sexo, né? — Neguei, eu não queria admitir, mas quando vi, já era tarde demais.

— Você e eu sabemos que não.

— Mas que droga hein. — Ele riu, enquanto se levantava. — A gente vai dar um jeito nisso, só precisamos pensar em como.

O silêncio prevaleceu por um tempo, enquanto isso meu cérebro pipocava, com ideias sem lógica alguma. Eu precisava pensar em algo que não prejudicaria Christopher, até por que, essa nunca fora minha intenção e não queria ele metido numa coisa que fosse complicar a vida dele.

— Eu acho que tenho uma ideia.

— Como assim?

— Confia em mim?

Vizinhos | VONDY (EM REVISÃO)Where stories live. Discover now